terça-feira, 17 de março de 2015

Três Marias - Funcionários de clínica são presos por maus tratos e tortura - a clínica foi interditada; dono está foragido. Internos afirmaram para o MPMG que sofriam agressões constantes.


Cinco funcionários da Clínica Novo Viver, destinada à reabilitação de dependentes químicos, emTrês Marias (MG) foram presos por tortura e maus tratos depois de uma fiscalização do Ministério Público e da Vigilância Sanitária, com o apoio das Polícias Civil e Militar.  O dono do estabelecimento é considerado foragido. O local foi interditado pela Justiça e os pacientes foram entregues para as famílias.
De acordo com o MPMG, 44 pessoas, entre crianças, adolescentes, adultos e idosos, estavam internadas na clínica, que começou a funcionar em 2013. Durante a visita, o órgão constatou uma série de irregularidades, cometidas por funcionário e pelo proprietário.

Ainda segundo o Ministério Público, em um dos casos, um adolescente havia sido espancado e teria recebido altas doses de medicamentos, que o deixaram dopado. Posteriormente, o menor foi amarrado e deixado no chão de um quarto, onde passou a noite. Após a confirmação das agressões, ele foi encaminhado para um hospital.

Os internos disseram para o MPMG que eram mantidos em cárcere privado, sob vigilância. Eles também contaram que eram torturados e castigados.

“Eles eram colocados para encher baldes com água da piscina, ajoelhados, debaixo de sol escaldante, vestidos com agasalhos e utilizando colheres de sopa”, destaca o promotor José Antônio Freitas Dias Leite, em uma notícia publicada no site do MPMG.

Além destes métodos de tortura, o promotor também ouviu relatos de pessoas que eram obrigadas a escrever 1.500 vezes frases que remetiam aos supostos atos de indisciplina praticados. Além disso, os pacientes eram submetidos a choques elétricos, permaneciam amarrados e acorrentados por horas e dias, sofriam agressões físicas e psicológicas e eram dopados, depois de serem obrigados a ingerir remédios, sem prescrição médica.

Foram apreendidos durante a fiscalização correntes de metal, faixas, cordas e bacos, que de acordo com os internos, eram usados para cometer as agressões.
Além das situações de tortura relatadas, segundo o promotor, também foram encontrados alimentos vencidos, em decomposição e acondicionados de forma precária.

Imagem divulgada na internet
Na internet, a Clínica Novo Viver é apresentada como um projeto de um homem que está em recuperação e "que hoje oferece ajuda a aqueles que sofrem como um dia ele também já sofreu". No site estão disponíveis várias fotos, que mostram a estrutura do local, que conta com ambulatório e piscina. O tratamento, segundo o que é informado, é baseado nos 12 Passos dos Alcoólicos Anônimos e dos Narcóticos Anônimos e conta com o apoio da família.

G1 ligou para o telefone que é disponibilizado no site da Clínica Novo Viver, mas ninguém atendeu as ligações.

Investigações continuam
A Polícia Civil informou que as investigações continuam para apurar se há envolvimento de outras pessoas nos maus tratos e tortura cometidos.

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