segunda-feira, 19 de março de 2018

Inauguração do Cemei Heley de Abreu é marcada por comoção


Alunos, pais e profissionais retornaram à Creche Gente Inocente em Janaúba, no Norte de Minas, que foi palco do incêndio criminoso no dia 5 de outubro de 2017 e deixou 50 pessoas feridas e 13 pessoas mortas, entre elas dez crianças, uma professora, uma auxiliar de professora e o autor do crime. O novo prédio foi visitado pela primeira vez no último sábado (17) e leva o nome da professora que deu a vida para salvar as crianças. A construção durou cinco meses e teve a ajuda de um grupo de voluntários. A previsão é de que as aulas retornem para o local no segundo semestre deste ano.
30% do antigo cemei foi demolido e a nova creche tem 238 m² construídos com o espaço repleto de cores. O novo prédio segue o cumprimento das normas de segurança, proteção contra incêndios e é preparado para atender 45 crianças; no dia do incêndio criminoso, 75 crianças estavam no local. 
Segundo a promotoria, foram gastos cerca R$102 mil em construção, brinquedos e móveis pedagógicos. O grupo voluntário responsável pela obra foi formado por seis profissionais, entre empresários, engenheiros e arquitetos. 
“A reforma da Creche Gente Inocente, tem como principal objetivo a transformação completa do espaço existente, desassociando-o, até onde seja possível do tristíssimo e tráfico episódio, na tentativa de amenizar a dor emocional de todas as crianças, funcionários e população de Janaúba. A proposta de transformação da creche surgiu com um grupo chamado Amor Solidário, formado no dia da tragédia por um engenheiro. Após formado, as autoridades locais foram contatadas para autorização da elaboração do projeto. Com a liberação, realizou-se um levantamento no local que ainda se encontrada com marcar do ocorrido. Ao finalizar essa etapa, dois encontros do Grupo Amor Solidário foram suficientes para construção de ideia inicial da creche, que passou a se chamar Cemei Heley de Abreu. Ao finalizar uma semana de trabalho persistente em desenvolver a ideia foi  apresentado um estudo preliminar que continha: planta humanizada, memorial justificado e o vídeo ao prefeito, ao promotor público e a Secretaria de Educação de Janaúba que autorizou em ofício prosseguir com o trabalho”, explica a arquiteta, Izabella Rebelo.
A rua onde funciona o Cemei foi parcialmente asfaltada, segundo a prefeitura, ainda não foi concluído devido ao tempo chuvoso.
Cemei Helley de Abreu
O novo cemei leva o nome da professora Heley de Abreu Silva Batista, que morreu tentando salvar crianças no incêndio criminoso. Porém, ainda não é definitivo, pois depende de votação na câmara de vereadores.
“Para nós essa inauguração é um motivo de gratidão e alegria, por mais que passamos muita dor e vemos mães muito abaladas, que na verdade queriam eram os filhos de volta, mas ao mesmo tempo vemos o empenho de tanta gente, empresas e órgãos públicos. É um prédio totalmente adaptado, dentro das normas de segurança, queremos dar o melhor possível tanto na área social como educacional, que tenhamos tempos melhores”, afirma a secretária de educação de Janaúba, Luzia Angélica Fátima Aguiar Santos.
Marcas
A inauguração foi marcada por uma grande comoção, mas mesmo com uma nova estrutura a cidade está marcada por uma tragédia que cores não capazes de apagar.
“A creche está linda, mas não tenho coragem de levar o meu filho porque o sentimento de dor continua ainda na consigo, mas quem for estudar lá será privilegiado. Agora, ele está no local provisório, mas quando voltarem eu vou colocar ele em outra escolinha. Só de lembrar dessa tragédia imensa eu fico abalada, meu filho ficou internado durante três dias em Montes Claros, mas graças a Deus está bem”, diz Flávia Nunes Rocha, mãe de um aluno de 2 anos.
Segundo Flávia Rocha, além das lembranças, a saúde e o comportamento do filho mudaram após a tragédia e a criança precisa tomar medicamentos receitados por psiquiatra.
“Após o ocorrido, nos disseram para procurar o CAPS, que é a casa de acolhimento. Meu filho sempre foi uma criança tranquila, mas depois tornou-se agressivo, fica irritado com tudo e ainda começou a sair muitos furúnculos, até na cabeça. Hoje ele toma um remédio passado pelo psiquiatra, mas não o levo ao CAPS, porque estava tendo muito gasto e não via retorno. Graças a Deus ele está bem melhor. É preciso ter muita paciência, o trauma que ele passou foi muito perplexa, mas se Deus quiser vai melhorar”, afirma.
Embora o novo cemei esteja pronto, a previsão é que apenas no segundo semestre os alunos retornem para o local. Além das crianças, os profissionais também estão recebendo um atendimento específico para que consigam retornar as atividades.
“O CEMEI foi inaugurado, mas não vamos voltar os alunos agora de imediato não, os alunos que estão hoje no local provisório eles serão trabalhados, vamos fazer aos finais de semanas encontros com os alunos, famílias e profissionais, um trabalho tanto terapêutico quanto pedagógico, o cronograma nosso é até o último sábado de junho, mas é um cronograma flexível não tem como dizer se voltamos em agosto ou se vamos antecipar essa data. O cronograma é feito para as crianças familiarizarem com o local, aos sábados. Ainda temos cinco alunos atendidos a domicílio porque não podem tomar sol e uma professora hospitalizada ainda. Os profissionais estão ainda sendo preparados, alguns foram na inauguração e até conseguiram adentrar no local, uns pediram para mudar de local porque ainda não dão conta, outros ainda estão com laudo médico e estão afastados das atividades, então cada caso é um caso diferente”, afirma Luzia Santos, secretária de educação do Município.
A professora Marley Simone Lima Antunes, de 43 anos, que havia recebido alta no dia 2 de março, retornou para o hospital por indisposição e vômito, mas já está em casa.

http://webterra.com.br/noticia/15374/inauguracao-do-cemei-heley-de-abreu-e-marcada-por-comocao

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