domingo, 24 de junho de 2018

Em opção a fechar portas, Amams sugere a prefeitos encontros para mobilizar população contra atrasos nos repasses dos governos federal e estadual

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AINDA QUE JUSTA, GREVE DE PREFEITO É PIADA



Propor ‘greve’ de prefeitos como propunha algumas entidades municipalistas em Minas Gerais é mais uma bobagem digna de entrar para o folclore da política nesses dias lamentáveis em que vivemos. Prefeito não foi eleito para fazer movimento paredista. Disputaram voluntariamente seus cargos para resolver os problemas de seus municípios, que, nunca é demais lembrar, já estavam mais do que dados durante as eleições de 2016, com Dilma Rousseff já fora do poder e a crise comendo solto. 

Melhor parar com essa bobagem de fechar prefeituras em greve branca de protesto contra os governos federal e estadual. A medida, despropositada, só serviria para incentivar - e no limite justificar - paralisações dos servidores públicos em várias municípios do Estado, eles também vítimas da crise fiscal e de incompetência de alto a baixo que invadiu as administrações país afora. 

E quem paga a conta? O povo, por óbvio, obrigado a sustentar três cadeias de poder caras e de baixíssimo retorno no que realmente importa: saúde, educação, segurança, estradas transitáveis e por aí vai. 

Talvez por perceber a inutilidade da estratégia, a Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams) resolveu mudar o discurso e começa, na próxima segunda-feira (25), uma série de encontros regionais com pauta focada no enfrentamento da crise financeira provocada pelos atrasos e falta de repasses dos governos federal e estadual. 

É tudo que esse magote de gestores despreparados consegue fazer, cobrar do governo estadual (quebrado até os ossos) e do governo federal - em que o ilegítimo presidente só tem cabeça para se livrar dos problemas com a Justiça. Vide o fracasso monumental da atuação de Michel Temer e sua patota no enfrentamento da freada brusca dos caminhoneiros. 

A Amams anuncia reuniões de trabalho itinerantes nas cidades de Januária, Janaúba, Pirapora, São Francisco e Taiobeiras, em tentativa de envolver a população nas agruras da crise. Os prefeitos agora reclamam que a paralisação dos caminhoneiros derrubou os recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), no que complicou a já situação de penúria vivida pelos municípios.
Queixas
Os prefeitos pretendem atrair o povo para tomar conhecimento da realidade das suas cidades. É o caso da prefeita de Bocaiuva, Marisa Souza, primeira mulher a ocupar uma vice-presidência da entidade. A prefeita vai dizer que o Estado deve e não paga R$ 13 milhões, a maior parte deles somente na área de saúde. No transporte escolar, não houve repasse ainda das parcelas de 2018, embora o ano já caminhe pela metade. 

Pouco provável que o ‘povo’ perca seu tempo para ouvir as lamúrias da prefeitada. O assunto do momento é a itinerância da seleção brasileira pelos gramados da Rússia. Tampouco serve para abrir os cofres do Estado, que não tem dinheiro nem pagar os servidores, ou sensibilizar Temer e o quadro de incompetentes dos quais optou por se cercar. 

Quem não chora não mama, e o choro é mesmo livre. É bom não esperar por mudanças no quadro horrível que aí está. Elas não virão por tão cedo, agora que o país perdeu a chance de resolver. A crise, que parecia vencida, ameaça recrudescer. Dias difíceis. Lideranças, inclusive prefeitos, muito aquém do momento. Preferem fazer teatro ao ameaçar com a ‘greve’ impensável para as responsabilidades que assumiram por conta e risco.
Vale repetir que prefeitos não foram eleitos para comandar movimentos paredistas, desses que se colocam atrás do muro e propõe ao eleitor que vá para a frente de briga fazer o papel a qual eles se recusam.   

luisclaudioguedes

http://www.luisclaudioguedes.com.br/index.php/245-destaques/5158-greve-de-prefeito-e-piada-ainda-que-fosse-justa

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