sexta-feira, 11 de agosto de 2017

À espera de Zé Pipoqueiro - Salinas




Arquivo Pessoal


José Gomes dos Santos, o Zé Pipoqueiro e Salinas, é exemplo de um homem honesto, simples e bondoso. Este foi o legado que deixou para os sete filhos.
“Ele tinha o dom de dividir. Foi um homem guerreiro e lutador. Sofreu por perdas, sonhos não realizados, viveu uma época de lutas e sacrifícios”, conta uma das filhas, Clemência Rosilene Martins.  
Mas, em 2009, esta linda relação foi interrompida de forma dolorosa. Zé Pipoqueiro sofria de Alzheimer, um dia ele foi visitar amigos e não voltou mais. À época, foi uma incansável busca por ele e até ajuda religiosa foi procurada. 
“O que aconteceu com ele eu ainda buscamos respostas. É como se alguém saísse para uma viagem e a qualquer momento vai chegar. É passar pela rua onde vivi minha adolescência  e lembrar de bons momentos, ele com uma sacola de pão  vindo com a certeza que dividiria  para os sete filhos, e não é que dava mesmo”, relembra emocionada.
José Carlos Gomes Martins é um dos filhos que carrega o primeiro nome do pai e também a imensa saudade.
“A memória que temos é quando éramos criança, que ele chegava e reuníamos todos nós. O que ficou marcado para minha vida pra sempre é uma saudade que ele deixou em nossas vidas” diz o filho.
De 2009 para cá foram nove Dia dos Pais sem o Zé Pipoqueiro. Nove datas de incertezas e tristezas.
“É muito triste chegar ao dia dos pais e não poder conviver com ele, não ter a presença dele perto da gente. O sentimento é o pior possível, não é um dia feliz para gente”, lamenta José. 
Seu Zé era contador de histórias e estórias. 
“Pai era um contador de histórias, tínhamos que ter paciência, pois, muitas delas eram repetitivas. Mas sentimos falta de ouvirmos novamente. A saudade dói. À noite eu pedia para Deus que não deixasse meu pai morrer de fome e de frio. O tempo não muda, o amor pelo meu pai é um amor vivo”, declara Clemência.
Em meio a tanta dor, os seis filhos precisaram reunir forças para ajudar um ao outro.
“Foi uma perda muito triste que tentamos superar. Hoje, a gente tenta acostumar, porque às vezes bate a lembrança e precisamos segurar ao máximo para conseguir passar força para os demais que dependem de nós, por exemplo, a minha mãe”, afirma o filho José Maria Gomes Martins. 
Zé Pipoqueiro não era apenas honesto, humilde e contador de causos. 
“Ele era um pai muito carinhoso e atencioso. Tentava fazer papel de pai e mãe ao mesmo tempo. Quando nossa primeira mãe morreu e ele teve que assumir esse papel, sempre fez o máximo para nos tratar bem”, conta José Maria.
Mesmo depois de tanto tempo, a esperança ainda está viva nos filhos. 
“Tenho esperança de um dia lhe encontrar e dizer: perdoe pai por não ter cuidado, o quanto o senhor merecia”, desabafa a filha.
E para aqueles que ainda podem conviver com o pai ou o filho, José Carlos deixa uma dica preciosa.
“Quando é tirada pelas mãos de Deus, Ele conforta o nosso coração. Já o desaparecimento é uma coisa que a gente fica sem braço, sem perna sem saber o que acontece, se ta vivo, se ta precisando de apoio. É por isso que eu desejo ao jovem que tem o pai que ame bastante e aproveite esse dia e o momento. Abraça, beija, troca uma boa ideia”, aconselha.
http://webterra.com.br/noticia/12028/a-espera-de-ze-pipoqueiro

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