quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A GUERRA DAS BANANAS - Câmara dos deputados vai realizar audiência pública para debater importação da fruta


A polêmica sobre a importação de bananas do Equador foi parar na Câmara dos Deputados. A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Casa aprovou, na semana passada, a realização de audiência pública para discutir a liberação da importação de banana do Equador. O deputado mineiro Bernardo Santana (PR) é um dos signatários do pedido de audiência. O governo brasileiro avalia liberar a importação da fruta, o que motivou forte reação de lobby patrocinado por produtores da fruta no Centro-Sul do Brasil. Os produtores brasileiros pedem salvaguardas para proteger seu produto. A alegação é que há riscos fitossanitários com a possível entrada da banana equatoriana no país. 

O assunto interessa diretamente ao agronegócio do Norte de Minas, que mantém polo de bananicultura irrigada na região dos projetos Jaíba e Gorutuba. Foi o que motivou o deputado Humberto Souto (PPS) a entrar na causa. De acordo com o deputado, a Comissão de Agricultura é contrária à liberação da importação de banana do Equador, pelo risco de entrada da sigatoka negra, uma das principais doenças dos bananais.
O debate no Congresso Nacional ainda não tem data confirmada. Pelo menos quatro ministros do governo Dilma Rousseff estão sendo convidados a explicar a medida: Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Antônio Andrade (Agricultura), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário) e Marco Aurélio Garcia (Assessor Especial da Presidência para Assuntos Internacionais). Antônio Patriota (Relações Exteriores), demitido ontem também seria convocado. A comissão quer ouvir ainda os representantes dos produtores, entre eles o norte-mineiro Dirceu Colares de Araújo Moreira, presidente da Confederação Nacional dos Bananicultores.
Custo Brasil...
Em pronunciamento no plenário da Câmara, Humberto Souto criticou a postura do governo Dilma Rousseff. Segundo o parlamentar, a diplomacia brasileira sabe dos riscos de trazer a banana de fora, mas teria interesse na inclusão do Equador no Mercosul. “O governo brasileiro não pode pautar suas ações colocando em risco fitossanitário toda uma produção nacional de banana”, diz Bernardo Santana na justificativa do seu requerimento.

Souto diz que a ameaça da concorrência da banana equatoriana tem causado na região. “O polo de fruticultura implantado com muita luta e investimentos corajosos nos projetos irrigados de Jaíba e Gorutuba não sobreviveria à concorrência desleal que representaria a entrada no mercado brasileiro de banana e outras frutas do Equador. A explicação é simples: os fruticultores equatorianos recebem subsídios governamentais que não existem aqui, nem são obrigados a investir em controle sanitário tão rigoroso quanto ao do Brasil”, lamenta o parlamentar norte-mineiro.
Para Souto a fruticultura irrigada é uma das principais e raras atividades viáveis do agronegócio em regiões brasileiras como o Norte de Minas, marcadas pela seca. “Se a meta do governo brasileiro é reduzir preços, o caminho indicado seria reduzir a carga tributária, melhorar as estradas e os portos, enfim, diminuir o Custo Brasil”, conclui com a observação de que o Brasil, não precisa das frutas do Equador, mas de incentivos redutores dos custos de produção que aquele e outros países praticam.

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