Réus detalham em júri o assassinato de bailarino em Montes Claros
O artista Igor Leonardo Xavier foi morto a tiros dentro do apartamento dos acusados Ricardo Athayde Vasconcellos e do filho dele, Diego Rodrigues Athayde. Julgamento está no intervalo e será retomada com debates entre defesa e acusação
Publicação: 27/08/2013 12:14 Atualização: 27/08/2013 12:27
Terminou às 11h20 desta terça-feira a primeira etapa do julgamento do zootecnista Ricardo Athayde Vasconcellos e do filho dele, Diego Rodrigues Athayde acusados de matar a tiros o bailarino Igor Leonardo Xavier, em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. Os réus foram ouvidos em menos de duas horas com perguntas do juiz Glauco Eduardo Soares Fernandes, do promotor Gustavo Fantini, do assistente de acusação e dos jurados. Às 12h45 a sessão recomeça com os debates entre defesa e acusação. Para movimentos LGBT, o crime tem motivação no preconceito, por isso o júri pode servir de exemplo para outros crimes homofóbicos e o veredicto deve marcar a história da violência contra homossexuais no país.
Nesta manhã, todas as testemunhas foram dispensadas e a audiência foi direto para o interrogatório de pai e filho. Ricardo contou que no dia 28 de fevereiro de 2002, dia do crime, sentou com dois conhecidos em um bar da cidade. Além deles, outras pessoas se revezavam à mesas em um clima descontraído entre 21h e 0h. Nesse período, a discussão principal entre todos era sobre filosofia e em determinado momento, Igor pediu permissão para sentar com o grupo e participar da conversa. Ricardo afirma que não conhecia Igor e nunca o tinha visto.
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Corpo
Os réus voltaram para a casa, pegaram o corpo de Igor para ocultar o cadáver. Ricardo arrastou o corpo até a carroceria da caminhonete, enquanto Diego limpava os rastros de sangue deixados no chão. O corpo do artista foi abandonado durante a viagem à capital em uma estrada vicinal, às margens da BR-365, mesmo local onde foram deixadas as duas armas.
No caminho, o veículo apresentou problemas e Ricardo resolveu voltar a Montes Claros, onde se encontrou novamente com o irmão. Como o zootecnista estava muito atormentado, o irmão assumiu a direção da caminhonete e transportou os dois acusados para BH.
Diego relatou exatamente a mesma versão do pai, durante o depoimento no júri. Ele disse que ao “fazer sala” para Igor foi atacado pelo bailarino. Segundo ele, Igor sentou no sofá e começou a pegar em seu pescoço, mas Diego teria se desvencilhado educadamente até o pai perceber a situação e o caso terminar em tragédia.
Ricardo respondeu perguntas do promotor, jurados, e assistente de acusação. Diego se recusou a responder ao assistente e falou apenas quando questionado pelo promotor e pelos jurados. O interrogatório foi muito rápido, com respostas curtas e objetivas. A expectativa à tarde é pelo enfrentamento entre defesa e acusação, logo depois a decisão do Conselho de Sentença.
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