Os participantes ingeriram uma xícara da bebida com e sem cafeína. Depois, os pesquisadores mediram a pressão do fluxo sanguíneo de um dedo dos participantes ao longo de 75 minutos. O exame foi feito por meio de um laser e de uma sonda não invasiva. De acordo com os resultados, os voluntários que haviam ingerido cafeína tiveram uma melhora na circulação.
A cafeína melhora o fluxo sanguíneo, evitando as doenças cardiovasculares
Para dar mais validade ao trabalho, os cientistas utilizaram no experimento participantes que não tinham o hábito de beber café. Após dois dias da primeira parte da pesquisa, o experimento foi repetido e apresentou o mesmo resultado. Tsutsui acredita que a composição do café auxiliou no “desempenho” da circulação. “Depois de beber o café, os ingredientes farmacológicos, incluindo a cafeína, são absorvidos pelo trato gastrointestinal e entram na circulação, possivelmente produzindo esse efeito”, destaca.
O cardiologista ressalta que os resultados atingidos precisam ser confirmados por estudos clínicos em larga escala, com um número maior de participantes. “Acredito que descobrir como os efeitos positivos do café trabalham no corpo humano pode levar a uma nova estratégia de tratamento para a doença cardiovascular no futuro”, complementa.
Análise específica
Para Fausto Stauffer, coordenador de cardiologia do Hospital Santa Helena, em Brasília, os resultados atingidos são interessantes e tratam de uma bebida que tem sido alvo de estudos frequentemente na área médica, mas a pesquisa liderada por Masato Tsutsui, segundo ele, demanda novas análises. “É um experimento interessante, mas devemos lembrar que ele demonstrou o efeito da cafeína em um parâmetro bastante específico, que é o fluxo sanguíneo do dedo dos voluntários. O trabalho pode apenas sugerir que, talvez, esse seja um mecanismo de proteção cardiovascular, mas não há como, a partir desse pequeno estudo, inferirmos que isso é uma verdade absoluta.”
Stauffer diz que outros estudos também recentes sugerem que o consumo moderado do café não aumenta o risco de doenças cardiovasculares e que, ao contrário, pode até mesmo diminuir as chances do surgimento de doenças que comprometam os vasos sanguíneos e o coração. “Trabalhos desse tipo contribuem para aumentar o conhecimento na área cardiológica, pois indicam caminhos para que novos estudos maiores e mais elaborados sejam feitos”, avalia.
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