quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Prefeito tenta matar quilombola - O prefeito Felisberto Rodrigues Neto (PSB), da cidade de Varzelândia,

Prefeito do PSB tenta matar quilombola
“Véio” e outros quilombolas do Quilombo Brejo dos crioulos são vítimas de tentativa de homicídio
prefeito Felisberto Rodrigues Neto (PSB)

O prefeito Felisberto Rodrigues Neto (PSB), da cidade de Varzelândia, a 153 quilômetros de Montes Claros, é suspeito de tentar matar o líder da Comunidade Quilombola Brejo dos Crioulos, José Carlos de Oliveira Neto, conhecido como Véio, na última quinta-feira (9).
Vítima relatou por telefone que prefeito, o filho dele, e dois jagunços, em carros da Prefeitura de Vazerlândia, foram até a fazenda ocupada pelos quilombolas e os expulsaram a tiros. Comissão de Direitos Humanos da OAB de Minas Gerais manifestou preocupação em relação ao conflito na região.
Acompanhado de dois jagunços - um chamado de ZÉ e outro conhecido por JOÃO - e de seu filho, Danilo, o prefeito Felisberto Rodrigues Neto, foi até a fazenda ocupada pelos quilombolas e os expulsaram a tiros e sem mandado judicial, segundo ligação de José Carlos de Oliveira Neto, conhecido como Véio. O prefeito e os jagunços usaram uma caminhonete e em dois carros da prefeitura de Varzelândia, bem como de guarnição da Polícia Militar (PM). “Parece que a PM ficou afastada da fazenda, para não aparecerem, pois não tinham mandado judicial”, relatou José. De acordo com o quilombola, ele só não morreu em razão de ter corrido para não ser atingido pelos tiros de carabina disparados por um dos jagunços sob as ordens do prefeito Felisberto.
Em meados de 2013, a fazenda do prefeito de Varzelândia, em Minas Gerais, Felisberto Rodrigues Neto foi retomada pelos quilombolas de Brejo dos Crioulos, uma vez que se encontra inserida no território quilombola cuja área total deste território negro, demarcada pelo INCRA/MG, é de 17.302,00,00 hectares. Todo o território quilombola foi objeto do decreto de desapropriação expedido em 29/10/2011, pela Presidência da República, após intensa manifestação dos quilombolas em Brasília.
A referida fazenda está sub judice cujo processo ainda não teve ordem de despejo contra os ocupantes, conforme movimentação abaixo.
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Minas Gerais se manifestou com profunda preocupação sobre o conflito no quilombo Brejo dos Crioulos. Teme pelas diversas notícias de ameaças e tentativas de homicídios que ocorrem constantemente contra os quilombolas. E recomenda proteção para o José Carlos de Oliveira Neto.
Em entrevista à Rádio Itatiaia, o presidente da Comissão de Diretos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), Willian Santos, disse que o crime aconteceu depois que o grupo conseguiu, junto à Presidência da República, o Decreto de Delimitação da Área Quilombola, tornando-se proprietário de uma região que inclui a fazenda do político.
Uma reunião aconteceu na sede OAB na região Centro-Sul da capital, na manhã dessa terça-feira (14), com a presença do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e da Comissão Pastoral da Terra (CPT-MG) para tratar o assunto.

BRIGAS INTENSAS
Em 2011, os quilombolas conseguiram o direto pela terra, mas, de lá para cá, as brigas na região ficaram ainda mais intensas. No ano passado, a fazenda do prefeito foi retomada pelos quilombolas, já que está inserida no território de 17.302 hectares pertencentes a eles e demarcada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Áreas de outros dois municípios também são do grupo. "No ano passado, por determinação judicial, foi designada força tarefa na região para desarmar e prender jagunços. A ordem foi cumprida e várias armas de diversos calibres e munições foram apreendidas, mas não diminuiu a tensão no local”, informa Santos.
O MPMG já recebeu a denúncia e analisa o fato. 'Véio' está protegido pelo Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos, que é nacional. “As coisas estão tão perigosas por lá que até a promotora local pediu reforço, porque teme pela própria vida”, disse o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil.
Comunidade Quilombola Brejo dos Crioulos preocupada com a violência patrocinada pelo prefeito Felisberto Rodrigues Neto

Com informação da CPT

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