segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Mistura do público com o privado mergulha Montes Claros no caos


O parecer do Ministério Público Eleitoral (MPE) pela cassação do por enquanto prefeito é, até agora, a reação mais forte da sociedade contra a série de crimes cometidos na trajetória empresarial e política dele. A decisão remete às artimanhas que ele praticou durante o processo eleitoral que culminou na sua eleição, ano passado.
Na ocasião, o então candidato abusou na prática de irregularidades, que configuram crimes eleitorais. Entre eles, se utilizar da máquina pública e de servidores da Prefeitura para obter vantagem eleitoral sobre seu oponente, Paulo Guedes (PT).
Embora as provas de abuso de poder político fossem robustas e irrefutáveis, o juiz Gilmar Clemente de Souza, por razões que muito provavelmente jamais ficaremos sabendo, decidiu “extinguir o processo”. O MPE, que pede a cassação de Muniz e do seu vice, José Vicente, e a inelegibilidade de ambos até 2020, recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que ainda não se pronunciou sobre o caso. “Luiz Roberto”, nome fictício dele para dar o golpe no Banco do Brasil, utilizou papel timbrado das secretarias de Agricultura e Educação, além de e-mails da Prefeitura, na convocação de servidores para atos de sua campanha, que teve o apoio do ex-prefeito Luiz Tadeu Leite (PMDB), personagem que tem a corrupção como marca maior e está encrencado com a polícia e a Justiça.
Depois de eleito, o por enquanto prefeito continuou fazendo jus à sua personalidade criminosa e tratou logo de misturar o público com o privado. Exemplos: a construção de um hospital, que ele pretende que seja incorporado à rede pública de saúde para auferir lucro com a doença dos outros, e o desvio de R$ 1,4 milhão da Secretaria de Educação para a Associação de Promoção e Ação Social (Apas), presidida por sua esposa, Tânia Muniz, pré-candidata a deputada em 2014. No caso do hospital, para viabilizá-lo a mente criminosa do atual prefeito agiu desestruturando o atendimento nos hospitais Santa Casa e Aroldo Tourinho.
Na sequência de crimes, Ruy Muniz quis empurrar goela abaixo o endividamento do município em mais R$ 170 milhões, que se somam aos mais de R$ 300 milhões que a Prefeitura já deve, perfazendo cerca de R$ 500 milhões em dívidas. Como a opinião pública e a presidência da Câmara Municipal reagiram contra esse desatino, o prefeito e seus asseclas resolveram arrombar a Casa, se valendo de uma liminar judicial que não foi cumprida seguindo os ditames da lei, uma vez que não havia as presenças da Polícia Militar nem de um oficial de Justiça no ato da abertura da Casa.
Ele já tentara aprovar o empréstimo à força numa sexta-feira, 28 de junho de 2013, sem sucesso. No dia 29, um sábado, resolveu forçar a entrada no Legislativo, numa demonstração de total desprezo pela independência entre os poderes. “Luiz Roberto” chegou a burlar uma ata para tentar legitimar a sessão, da qual participaram 13 vereadores que se venderam em troca de favores. Como a legalidade do ato foi questionada, tentou novamente aprovar o empréstimo numa segunda-feira 1º de julho, dessa vez de forma mais ilegal ainda, visto que o prefeito se utilizou da mesma liminar do sábado, cujos efeitos já haviam cessado. Como tudo que envolve Ruy Muniz, essa questão também foi parar na Justiça.
Enquanto isso Montes Claros vive o caos em setores como saúde, educação, infraestrutura, assistência social e limpeza pública, sem que nenhuma obra - ele prometeu uma grande obra por mês e depois ampliou a promessa para 40 até o final de 2013 - tenha sido feita.

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