domingo, 20 de setembro de 2015

Após arrastão, clima é de insegurança no Humaitá e em Botafogo, na Zona Sul do Rio


Padaria construída há mais de 20 anos foi saqueada durante o arrastão deste sábado
A fila para comprar pão na Padaria Santo Antônio, no Humaitá, na Zona Sul do Rio, era pequena na manhã deste domingo. Os olhares dos clientes, que esperavam no local, voltavam-se para a porta a todo instante. O burburinho dava voz ao medo que instaurou-se entre os moradores e comerciantes após o arrastão da tarde deste sábado. Um grupo de jovens fez assaltos entre Humaitá e Botafogo, saqueou a padaria citada, na esquina das ruas Humaitá com Cesário Alvim, e deixou um vendedor de frutas ferido durante a ação.
— Foram mais de 30 jovens. Eles entraram aqui, renderam a caixa, roubaram dinheiro, biscoito e refrigerante. Meu prejuízo foi de uns R$ 3.500 mil — lembra o dono da Padaria Santo Antônio, Antônio Ribeiro, de 72 anos.
Dono da padaria não conseguiu dormir e está preocupada com o clima de medo
Dono da padaria não conseguiu dormir e está preocupada com o clima de medo Foto: Fabio Guimaraes / Extra
Durante a noite, Antônio não conseguiu dormir. Português, ele veio para o Brasil buscando oportunidade de emprego aos 18 anos. Morador de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, Antônio montou o comércio no Humaitá há cerca de 20 anos. Para ele, será difícil superar o trauma.
— Sempre chego na padaria por volta das 5h30m. A rua é tranquila, todo mundo se conhece. Domingo sempre tenho bom movimento, e hoje está tudo mais ou menos. Não consegui dormir à noite, o arrastão passa, mas o trauma fica na gente — ressalta Antônio.
O vendedor Francisco Francimar Vieira, de 51 anos, foi baleado na coxa e levado para o Hospital municipal Miguel Couto. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, ele já passou por uma cirurgia e está estável, mas sem previsão de alta.
Moradores relatam que a ruacostuma ser muito tranquila
Moradores relatam que a ruacostuma ser muito tranquila Foto: Fabio Guimaraes / Extra
A moradora Ana Cecília, de 53 anos, mora no bairro desde criança. Na tarde de sábado, precisou, pela primeira vez, pedir para a filha não voltar para casa.
— Minha filha trabalha em Jacarepaguá (na Zona Oeste). Tive que ligar e pedir para ela não voltar, pois tinha acontecido um arrastão. A gente nunca espera que uma coisa dessa aconteça tão perto da gente — comenta, ainda assustada.
Ainda de acordo com Ana, no sábado passado os moradores fizeram uma festa da primavera na rua, e ela quase foi adiada.
— Imagina se a gente adia?! A tragédia podia ser maior. Acordei neste domingo com uma sensação péssima, de impotência. Nós ficamos presos, e eles soltos. É um absurdo.
Segundo a Polícia Militar, um grupo de 30 jovens, suspeitos de terem participado da ação, foi levado para a 10ª DP (Botafogo).



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