quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Episódio no velório do ex-presidente do PT em Minas merece reflexão sobre limites do vale-tudo na política brasileira


Com atraso faço breve comentário sobre a estupidez do ato ou sabe-se lá como classificar contra o PT e a presidente Dilma Rousseff durante o velório do ex-presidente do partido José Eduardo Dutra. Gesto estúpido pela sua gratuidade e de profundo mau gosto. O embate político, a meu ver, precisa respeitar certos limites – naquela linha do que dizia Otto Lara Resende de que os mineiros somos solidários somente no câncer.
Os responsáveis por jogar panfletos com a frase “petista bom é petista morto”, além de um cartaz insultuoso com a montagem da presidente da República aboletada num vaso sanitário romperam a linha da urbanidade necessária à política. Até mesmo numa guerra ideológica, como parece ser esta que o país atravessa, é preciso pausa para respeitar os mortos em combate ou fora dele.
O episódio serve como argumento para que o petismo reforce a tática da vitimização e, nesse casso, convenhamos, com muita razão. Lamentável sob todos os aspectos. Menos mal, e tudo indica, que tenha sido fato isolado de gente despreparada para o convívio entre contrários, tão essencial à prática democrática. As investigações preliminares apontam que os autores do crime, sim porque é disso que se trata, segundo tipificação no artigo 209 do Código Penal Brasileiro, usaram o veiculo de uma pequena gráfica de Belo Horizonte. Agora é preciso investigar se fizerem de moto próprio ou se foram contratados por terceiros. Em qualquer hipótese, é bom que os culpados respondam pelos seus atos.
O respeito aos mortos é conquista civilizatória que não pode passar por retrocesso. Os protestos com o boneco ‘Pixuleco’ também são de extremo mau gosto e também irritam os petistas quase ao ponto do descontrole, mas ainda assim é algo defensável do ponto de vista das liberdades democráticas. O caso dos cartazes de BH é de outra natureza e execrável sob todos os aspectos. Não alcancei nenhuma manifestação do PSDB mineiro sobre o tema, mas seria muito bem-vinda. Ainda que em nome do necessário cavalheirismo na política. O argumento de que Lula e o PT colhem o que plantaram com a estratégia do ‘nós contra eles’, também verdadeiro, não vale para a solidariedade que o momento requer.

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