domingo, 6 de dezembro de 2015

Cunha "faz chantagem a céu aberto", diz advogado de Dilma


O Presisidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), "deixou o direito de lado para agir com fígado e fazer chantagem a céu aberto" ao acolher na quarta-feira (2) o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff, diz Flávio Crocce Caetano, advogado de campanha da presidente no ano passado e líder dos esforços de defesa. Em entrevista à BBC Brasil nesta quinta-feira (3), ele afirmou que a estratégia inicial é apostar todas as fichas no STF (Supremo Tribunal Federal), que avaliará ações que questionam o ato do peemedebista, e considera que a aprovação da nova meta fiscal no Congresso invalida qualquer uso das chamadas "pedaladas fiscais" como um dos argumentos para afastar a presidente. "O Supremo está muito sensível a abusos perpetrados pelo presidente da Câmara. Ele já fez isso antes, não é a primeira vez, e já foi repelido pelo STF em suas ações arbitrárias. Agora, a expectativa é que seja novamente repelido, de forma ainda mais contundente.” Para o advogado, a aprovação da nova meta fiscal – o governo conseguiu no Congresso permissão para fechar o ano em deficit – ajuda na defesa. "Põe por terra qualquer alegação, que já não tinha razão de ser inicialmente. Não se sabe o resultado final da execução orçamentária deste ano. Não se pode antecipar isso e fazer uma série de ilações sobre algo que ainda não foi definido." Caetano diz ainda que a deflagração do processo pelo presidente da Câmara ocorreu com "desvio", motivado por chantagens. "Cunha não poderia fazê-lo como o fez, deixando de lado o direito para agir com o fígado e com chantagem a céu aberto. Isso configura desvio de finalidade, por motivações pessoais e finalidades políticas. O direito não aceita isto. O direito repulsa essa conduta", afirma. Segundo o advogado, o peemedebista produziu evidências contra ele mesmo. "São seis meses de matérias jornalísticas, entrevistas, declarações, afirmações em suas redes sociais nas quais Cunha deixou claro que suas convicções pessoais pautariam seu comportamento em relação ao pedido de impeachment. Ele só abriu agora (o processo) por ter se sentido constrangido."

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