quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Janaúba MG. Saúde em crise - Câmara vai instaurar CLI para apurar denúncias de irregularidades que levaram o hospital regional de Janaúba a uma das piores crises e sua história

Foto: Oliveira Júnior

Funcionários e usuários do hospital fizeram uma manifestação durante reunião da Câmara 

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A Câmara Municipal de Janaúba vai definir, ainda esta semana, se irá instaurar uma Comissão Legislativa de Inquérito (CLI) para apurar as dificuldades enfrentadas pelo Hospital Regional do município, mantido pela Fundação Hospitalar de Janaúba. A decisão foi tomada na noite desta segunda-feira (22) quando vereadores, direção e funcionários do hospital, além da população, se reuniram para discutir os principais problemas encontrados na unidade de saúde.


Durante a reunião, o diretor do hospital, Bruno Ataíde Santos, apresentou um relatório com as condições financeira e administrativa do hospital. Com uma dívida em torno de R$ 5 milhões, de acordo com o diretor, a Fundação Hospitalar perdeu o crédito junto aos fornecedores de equipamentos e insumos, por causa da inadimplência. 



- Referência para mais de 16 municípios da região, a situação do hospital de Janaúba é grave. A escassez de recursos prejudica serviços básicos e compromete a compra de produtos simples, como luvas e medicamentos. A unidade ainda não encerrou suas atividades graças à boa vontade dos funcionários que têm feito “vaquinha” para comprar alguns equipamentos de proteção individual (EPI), fraldas geriátricas e medicamentos – pontua o diretor.



Bruno Ataíde, que está há um mês na direção do hospital, também relatou à Câmara que existem indícios de irregularidades, praticada por pessoas que usaram a unidade hospitalar para obterem vantagens indevidas e enriquecimento ilícito.



- Existe caso de uma médica que atendia somente 5 horas semanais no hospital, de acordo com registro do Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (Cnes), que faz o controle da carga horária médica, no entanto, no último ano, sua empresa recebeu R$ 763 mil do hospital regional, valor incompatível com a carga horária registrada no cadastro – relatou o diretor ao acrescentar que essa e outras irregularidades detectadas no hospital já foram apresentadas ao Ministério Público.



De acordo com a técnica em enfermagem Joelma de Fátima, que participou da reunião, a falta de remédios também é um grave problema, assim como a dificuldade na realização de exames.



- São itens básicos, mas que refletem a falta de recursos disponíveis para o hospital. Temos a falta, por exemplo, de antibióticos que são indispensáveis. Soma-se a isso o atraso de salários, o que levou até mesmo a uma paralisação por parte dos funcionários no último ano – disse.



Os relatos de funcionários à Câmara de Janaúba na reunião de segunda-feira indicam a deficiência em aparelhos como tomógrafos, raio-x, além da falta de medicamentos também nas farmácias de distribuição.



SITUAÇÃO CRÍTICA
Após ouvir as queixas dos funcionários e da população, a maioria dos vereadores decidiu que irá realizar uma reunião extraordinária para analisar a proposta de uma CPI para investigar a crise na saúde. A reunião deverá ser realizada ainda esta semana. 



Para que a Comissão Legislativa de Inquérito seja instaurada, é necessário um terço dos votos dos membros da Câmara. Se aceita, a CLI deverá apurar ainda o pedido de afastamento do secretário de Saúde de Janaúba, Gilson Urbano de Araújo, que também é presidente da fundação.



De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Janaúba, Armando Peninha Batista, se instaurada a CLI o legislativo vai constituir uma comissão para investigar profundamente a atual situação do hospital.



- Esta é uma situação que preocupa a todos e o legislativo irá agir se a comissão for aprovada. O Hospital Regional vem enfrentando uma greve crise há anos e não podemos ser omissos nesse momento – explicou.



O OUTRO LADO
O presidente da Fundação Hospitalar e secretário municipal de Saúde de Janaúba, Gilson Urbano de Araújo, informou que uma das finalidades da nova diretoria do hospital, que tomou posse há um mês, é justamente reorganizar essa unidade hospitalar. Ele defende a abertura de uma investigação (CPI) ampla por parte da Câmara de Vereadores quanto às irregularidades ocorridas no hospital abrangendo todas as direções desde a instituição e funcionamento dessa unidade hospitalar.



- O prefeito tem total liberdade em solicitar o meu afastamento independentemente de CPI ou não - comentou o secretário. 



Já o prefeito Yuji Yamada ainda não se manifestou acerca da intenção da Câmara em pedir o afastamento do secretário de Saúde e presidente da Fundação Hospitalar, principalmente porque o pedido ainda não foi protocolado junto ao Executivo municipal. 


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