quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Jovens desaparecem no litoral norte da BA; mãe vai atrás e é ameaçada

24/02/2016 17:14 
Quatro jovens, um rapaz e três garotas, desapareceram há quase um mês em Arembepe, no Litoral Norte da Bahia, segundo informações de familiares. A família de dois dos jovens relatou que testemunhas viram um grupo de jovens sendo levado em dois carros, no dia 26 de janeiro. Depois disso, ninguém mais teve notícias deles. Vânia, a mãe de Herick, um dos desaparecidos, relatou que resolveu ir atrás do filho quando soube do desaparecimento, e chegou a ser ameaçada."Eu soube da situação à tarde e, pelo que disseram, eles desapareceram na madrugada. Eu entrei em um matagal próximo do lugar onde eles foram vistos pela última vez. No mato fechado, havia cinco homens, todos armados. Um deles, com o chapéu do meu filho na cabeça, apontou uma arma para mim e disse que eu fosse embora para casa, porque eles [os jovens desaparecidos] tinham conseguido fugir e eles estavam querendo pegá-los novamente", revelou.
Já a família de Tainá Santos, de 18 anos, uma das jovens que também desapareceu com o grupo de amigos, contou que ela morava no bairro de Sussuarana, em Salvador, com a família, mas tinha ido para Arembepe para encontrar com os amigos. A mãe, Jozemeire Santos, disse que elas se falaram pela última vez no dia 25 de janeiro. "Ela ligou para mim, aí eu perguntei aonde ela estava, ela disse que estava em Arembepe. E eu disse: ‘Tainá, venha para casa. Seu lugar é aqui, com sua família", disse Jozemeire.A jovem não ouviu o conselho da mãe, então a família foi até Arembepe à procura de Tainá. "Perguntamos [sobre Tainá] ao pessoal de lá [Arembepe] e eles disseram que aparceram dois carros lá, pegaram quatro pessoas, colocaram dentro do carro e em seguida levaram todos", disse Jozemeire.A tia da jovem, Joelma Santos, também falou sobre o caso. "A gente está sofrendo demais. Quase um mês, e a gente sem notícia dela. Não pode isso. Como pode um negócio desse, uma pessoa sumir no ar? Quatro pessoas sumirem no ar e ninguém ter notícia?", questiona.Ainda segundo Joelma, um mês antes de sumir, Tainá chegou a fazer uma promessa para a tia: "Eu vou deixar de andar com más companhias, eu vou estudar esse ano e vou arrumar um trabalho no final do ano", relatou Joelma.Sem qualquer notícia da jovem, a mãe dela fez um apelo: "Por favor, quem tiver com minha filha, me devolva que eu preciso da minha filha. Eu estou desesperada, eu não durmo direto, eu não como direito, eu preciso da minha filha, por favor".
Denúncia
Ao registrar o caso na delegacia, a família levou uma foto de Tainá, que foi tirada por ela, antes de desaparecer. A jovem enviou a foto para a tia através de um aplicativo de celular. Além da foto, ela enviou uma mensagem para a tia dizendo que estava em um bar com os amigos. Agora, quando a família tenta falar com Tainá pelo celular, nunca consegue, pois o aparelho está desligado.O sumiço de Tainá e dos outros três amigos dela foi registrado na delegacia de Vila de Abrantes. Jozemeire Santos, a mãe de Tainá, prestou depoimento, mas a família saiu revoltada da delegacia."A gente vai até a delegacia, uma caso grave desse, do desaparecimento de quatro jovens e recebe um papelzinho desse. Será que estão investigando? Eu gostaria de saber", disse Joelma.Através de nota, a assessoria da Polícia Civil informou que esse papel com o número da ocorrência é só uma referência sobre o caso, que o boletim de ocorrência está na delegacia, e a mãe pode pegar o documento quando quiser. Mas a assessoria não informou o motivo do boletim não ter sido entregue no dia em que os familiares compareceram à delegacia.Vânia, a mãe que foi atrás do filho no matagal, também fala sobre a denúncia. "Nós fomos à delegacia, fomos no DHPP [Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa], que disse que não poderia registrar nosso caso porque tinha que ser [o registro] lá na delegacia de Vilas de Abrantes, que é responsável pelo caso. Estivemos na delegacia de Vila de Abrantes e a delegada nos informou que o que ela sabia era o que a gente sabia também. Não tinha uma resposta para dar à gente", contou.Sobre as investigações, a Polícia Civil explicou por meio de nota que já esteve em Arembepe, ouviu os moradores e também os familiares. Mas até agora, não houve avanço porque ninguém soube dar detalhes de como, onde, e em que circunstâncias os quatro jovens sumiram.

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