segunda-feira, 7 de março de 2016

10 Alimentos que Você Compra sem Saber que é Enganado pelo Fabricante

Jogos de palavras nas embalagens e comunicação visual ambígua levam o consumidor a levar gato por lebre para casa.
Basta uma simples passada de olho nas miúdas letras da relação de ingredientes para a máscara do alimento impostor cair: cerveja de milho no lugar de malte ou cevada, muçarela de búfala com leite de vaca, requeijão com amido.
Por meio de jogos de palavras, comunicação visual ambígua e posicionamento dos itens nas gôndolas dos supermercados,produtos acabam parecendo o que não são.
Também há os casos em que os alimentos são enxertados com ingredientes mais baratos (quase sempre de baixo valor nutricional), com o objetivo de “engrossar o caldo” da receita e, claro, reduzir custos.
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) foi às compras e escolheu os 10 casos que mais chamaram a atenção. O critério foi apenas a discrepância entre o que são de fato e os que aparentam ser.
Não se trata de denúncia, já que nenhum dos itens escolhidos desrespeita a legislação vigente. Para o Idec, talvez a legislação é que seja permissiva demais.
Critérios nutricionais tampouco balizaram o levantamento – embora o consumo em excesso de praticamente todos os itens não seja aconselhável.
Um dica, para fugir destas armadilhas, é conferir a lista dos ingredientes impressos na embalagem dos alimentos e bebidas, que geralmente está em ordem decrescente de quantidade. Ou seja, o que vem primeiro é o mais presente e o último é o menos utilizado no produto.

1. X-"picanha" congelado

Os hambúrgueres congelados normalmente não passam de um bolo de cortes de carne nada nobres (bovina e de frango), proteína de soja e gordura, muita gordura.
E, quando se pensava que a imaginação dos engenheiros de alimentos tinha limite, eis que vem ao mundo o inacreditável X-picanha congelado! É só deixá-lo por uns dois minutos no micro-ondas e, pronto, surge um “suculento” sanduíche feito com essa carne que exala brasilidade.
Exala literalmente, pois de picanha só há o cheiro. Pelo menos é o que sugere a descrição da embalagem, impressa com comedido tamanho de fonte: “sanduíche de hambúrguer de carne bovina e de carne de frango sabor picanha e queijo processado sabor cheddar congelado”(sic).
Leia novamente a frase e veja que “frango” e “sabor picanha” estão na mesma sentença. Um “tutti-frutti” versão carnívora!

2. Muçarela "de búfala" ou de vaca?

A maioria das marcas admite, em letras menores, na própria embalagem: algumas vêm com até 80% de leite de vaca mesmo, e só 20% de búfala.
As bolotas de queijo brancas e macias conquistaram espaço no cenário gastronômico nacional, acompanhadas de rúcula e tomate seco. Só que nem sempre esse queijo em forma de ovo é feito com leite de búfala.
Preste atenção na geladeira do supermercado: provavelmente você vai encontrar, no meio de legítimas muçarelas de búfala, embalagens de marcas que usam bastante leite de vaca. O teor pode chegar a 80%.
A mesma atenção deve ser mantida em restaurantes e pizzarias. Aliás, na Itália, a receita original da muçarela é exclusivamente com leite de búfala. Foi aqui, em terras latinas, que inventamos a muçarela amarelinha, com leite de vaca.

3. Molho "de mostarda"

Leia o rótulo da embalagem: os ingredientes que aparecem primeiro, segundo o IDEC (Instituto de Defesa do Consumidor), são os que estão presentes em maior quantidade. Portanto, se no potinho estiver escrito “água, vinagre, açúcar, amido e sementes de mostarda”, você já sabe.
Quem se aventurar a degustar o tal X-picanha pode muito bem banhá-lo com mingau de mostarda (a terminologia oficial é “molho de mostarda”). Aqueles potinhos amarelos podem esconder papas arenosas com apenas um pouquinho de sementes de mostarda.

4. Linguiça "tipo calabresa"

Praticamente todas as marcas de calabresa defumada vêm com a inscrição “tipo calabresa” nas suas embalagens. Teoricamente, a interpretação seria: “se é ‘do tipo’ calabresa, é porque não é toscana, portuguesa, ou seja lá o que for. Portanto, a palavra ‘tipo’ está especificando o ‘tipo’ de linguiça”.
No entanto, a lista de ingredientes das calabresas defumadas diz o seguinte: “carne suína, carne mecanicamente separada de aves (…), proteína de soja (…)”. Bingo! A ambiguidade salta aos olhos: ‘tipo’ calabresa é porque não é uma calabresa original, é como se fosse calabresa…
Um regulamento técnico do Ministério da Agricultura prevê essa prática, desde que a denominação seja “tipo calabresa” (e não apenas “calabresa”). Mas e aí, você quer carne de porco, de aves, de soja ou tipo tudo junto e misturado?

5. "Leite" com chocolate

O “leites” com chocolate vendidos prontos (naquelas caixinhas longa vida) na verdade não são leites. São “bebidas lácteas”. Não se trata de preciosismo linguístico, não. Em vez de leite em si, eles são uma mistura de soro de leite com leite em variadas formas (reconstituído e em pó, por exemplo).
“Eles são nutricionalmente piores e não substituem o leite. Têm teor de cálcio menor, por exemplo”, alerta Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Idec. Além disso, podem ter adição de água e até gordura vegetal.

6. "Mel", mas não de abelha

Nos supermercados, mel de verdade, alimentos à base de glicose (muito processados e cheios de açúcar) e melado de cana são vizinhos de prateleira.
Lá está o consumidor na frente da prateleira em que várias marcas de mel estão expostas. Até que algumas um pouco mais baratas despertam a sua atenção. Na correria, ele não hesita e, zupt, escolhe um dos potes de preço menor.
No dia seguinte, feliz da vida por poder derramar o divino néctar de abelha sobre a sua torrada matinal, olha o rótulo da embalagem: “alimento à base de glicose” ou “melado de cana”, e então descobre que levou gato por lebre.
De acordo com a nutricionista do Idec Ana Paula Bortoletto, o melado é o “menos pior”, nesse caso. “O melado de cana tem alguns minerais e não é tão ruim quanto o alimento à base de glicose, que é ultraprocessado e contém muito açúcar. Mas também não é tão bom quanto o mel”, diz.

7. "Azeite" quase sem azeitona

As imagens impressas nas embalagens revelam imensos campos de oliveiras e até uma rapariga portuguesa, que supostamente colhe azeitonas. E os nomes dos produtos são bastante sugestivos, levando a crer que se está diante de, oras, azeites.
Mas é bom ler melhor o rótulo: “óleo composto de soja e oliva”. Pois é, o bom e velho azeite nem sempre é azeite: o ingrediente principal pode ser óleo de soja (entre 85 e 90%).
Para não azeitar sua salada com óleo de fritar batatas, fique atento. Atenção que também deve ser mantida em restaurantes. Não é incomum que alguns estabelecimentos reaproveitem frascos de azeite. Nada contra o uso sustentável da embalagem, muito pelo contrário. O que é inadmissível é entupir o vidro velho com óleo que não seja de azeitona.

8. "Cerveja" de milho

Segundo a lei alemã de pureza, cervejas devem ser feitas apenas com água, cevada e lúpulo. Segundo instrução do Ministério da Agricultura, outros ingredientes podem ser usados, desde que não passem de 45%. A maioria das cervejas brasileiras, que trazem na embalagem o uso de “cereais não maltados”, são feitas com até 50% de milho.
Repare na lista de ingredientes das principais marcas daqui: lê-se claramente a expressão “cereais não maltados”. O que os fabricantes não revelam é o nome específico desse cereal misterioso.
Cientistas das universidades de São Paulo (USP) e Estadual de Campinas (Unicamp) foram atrás dessa informação: um teste realizado no ano passado concluiu que quase todas as cervejas daqui têm teores de milho de quase 50%.
Usar outros cereais (que não a cevada) em cervejas é permitido por lei. A instrução normativa 54/01, do Ministério da Agricultura, prevê a adição de “adjuntos cervejeiros”, desde que seu uso não passe de 45% em relação ao malte ou extrato de malte.
O malte, vale dizer, é a cevada germinada artificialmente e, em seguida, seca. Especialistas na bebida costumam afirmar que as melhores cervejas são as feitas exclusivamente com malte de cevada. Mas gosto é gosto. O mínimo que poderíamos esperar, no entanto, é que os nomes e teores dos cereais fossem devidamente informados.

9. "Iogurte" aguado

Nem tudo o que está na gôndola de iogurte é iogurte: preste atenção e verá que tem muita “bebida láctea fermentada” no meio. Os iogurtes são mais consistentes; os “falsos iogurtes” são mais líquidos, pois, a exemplo do “leite” com chocolate de caixinha, têm soro de leite em sua composição.
Ministério da Agricultura exige que conste do rótulo a frase “bebida láctea não é iogurte”. Mas você já viu essa frase?

10. "Requeijão" à base de amido

O mundo dos derivados de leite é um prato cheio para pegadinhas. Quase sempre tem algum caroço no angu. Analise, por exemplo, os rótulos de requeijão. Verá que os de algumas marcas são feitos não apenas com derivados de leite, mas também com derivados de vegetais, como amido e gordura vegetal.
O problema é que os potes são muito parecidos e ficam todos reunidos na mesma seção do supermercado. Para identificar os picaretas, procure as letras miúdas na parte da frente do rótulo que indicam a presença de amido e afins.
Então, na próxima vez que for ao supermercado, leia bem os rótulos para estar ciente do que realmente está comprando! Não se deixe enganar!

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