Grupo do PSB já trabalha para expulsar Ruy Muniz do partido - A decisão de expulsar Muniz do PSB seria unânime na bancada da Câmara Federal, mas ainda precisa ser tratada com o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda

Expulsão de Ruy Muniz no PSB teria unanimidade em Minas

PUBLICADO EM 20/04/16 - 03h00

Constrangidos por conta da prisão do prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz (PSB), na última segunda-feira, deputados da bancada federal do PSB articulam um jeito de expulsar o político do partido. De acordo com um interlocutor ligado à legenda, o grupo deve, até a próxima semana, enviar um ofício à presidência da sigla para que Muniz seja excluído sumariamente – sem mesmo passar pelo Conselho de Ética da legenda.

A decisão de expulsar Muniz do PSB seria unânime na bancada da Câmara Federal, mas ainda precisa ser tratada com o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, presidente do partido no Estado. Procurada pela coluna, a assessoria de imprensa de Ruy Muniz informou que só ele poderia falar sobre o assunto e, como ele seguia detido por determinação judicial, seria impossível que um contato fosse feito para que ele se manifestasse.

O prefeito de Montes Claros foi preso pela Polícia Federal durante a operação Máscara da Sanidade II – Sabotadores da Saúde. As investigações da corporação apontaram que, direta e indiretamente, o político e a secretária de Saúde de Montes Claros, Ana Paula Nascimento, procuraram inviabilizar a existência e o funcionamento do Hospital Universitário Clemente Faria, da Santa Casa de Misericórdia, da Fundação Aroldo Tourinho e da Fundação Dilson Godinho.

A intenção do prefeito e da secretária, segundo a PF, seria beneficiar o Hospital das Clínicas Mário Ribeiro da Silveira, uma instituição particular comandada pelo prefeito e por seus familiares. Ao todo, a operação cumpriu simultaneamente oito mandados judiciais, sendo quatro de busca e apreensão, nas residências dos suspeitos, dois de busca pessoal, para apreensão de celulares e smartphones dos dois, além dos mandados de prisão preventiva.

Em nota publicada na segunda-feira, a Prefeitura de Montes Claros destacou que “tem plena convicção de que a decisão será revertida com a maior brevidade possível, por entender que a Justiça Federal foi induzida a erro ao receber informações que não se harmonizam com a verdade”. O texto diz, ainda, que “não há razão jurídica para prisão preventiva deles por não haver risco à ordem pública, nem perigo de fuga dos acusados, nem qualquer indício de obstrução da Justiça”.

Ruy Muniz havia sido elogiado no domingo (17) pela mulher, a deputada Raquel Muniz (PSD-MG), durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Raquel enalteceu a atuação do marido. “Meu voto é para dizer que o Brasil tem jeito, o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com sua gestão”. Ontem, apesar da prisão de Muniz, ela disse que reiterava o que disse na votação.

Teve até tietagem

Deputados federais que participaram da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), no último domingo, não deixaram de guardar e registrar lembranças do dia na Câmara Federal. Ao menos dois parlamentares mineiros – que votaram pelo impedimento da petista – levaram bandeiras do Brasil e solicitaram que nomes conhecidos da oposição “autografassem” o pano. Outro deputado de Minas pediu que o polêmico Jair Bolsonaro (PSC-RJ) gravasse, por vídeo, uma mensagem a seu filho. Também houve quem saísse desanimado do plenário. Patrus Ananias (PT-MG), que deixou o Ministério do Desenvolvimento Agrário e retomou sua cadeira na Casa somente para a votação, ao final da sessão, admitiu que tudo o que desejava, naquela hora, era “ir para casa tentar relaxar e tomar uma cervejinha”.

Twitter e Instagram

Um levantamento feito pela empresa Sprinklr monitorou as menções ao impeachment em redes sociais, como o Instagram e o Twitter, durante o último domingo. Os números mostram que Dilma foi a personalidade mais citada, com 69% das menções, seguida por Temer (14%), Lula (10%), Jair Bolsonaro (4%) e Sérgio Moro (2%). No Instagram, foram coletados 15,6 mil itens, sendo que 60% das referências eram favoráveis ao impeachment. Já no Twitter, foram 2,2 milhões de itens, a maior parte (85%) contrária ao impedimento. Mais de 146 milhões de pessoas foram impactadas pelas postagens no dia 17, a maior parte originária do Twitter, e, segundo dados da própria rede social, os picos aconteceram durante os votos de Tiririca, Bruno Araújo (deputado que fechou a votação) e Jair Bolsonaro.

Visita

FOTO: DIVULGAÇÃO

Visita. O empresário Vittorio Medioli recebeu na sede da Sempre Editora, na última segunda-feira, o presidente da Federação Rural Mineira (RuralMinas), Luiz Afonso Vaz de Oliveira, o deputado federal Dirceu Ribeiro (PHS) e o secretário de Estado de Agricultura, João Cruz Reis Filho.

Fator Santana

Entre vários outros agentes políticos, quem ajudou na negociação entre o governo federal e o PR, para que o partido votasse contrário ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), foi o ex-secretário de Estado de Defesa Social Bernardo Santana (PR). Próximo do governador Fernando Pimentel (PT), Santana é um dos dirigentes da legenda em Minas e fez parte da interlocução entre as partes. Curiosamente, Santana pode ser colocado como candidato a vice-prefeito de Belo Horizonte na chapa do único deputado do PR mineiro que não votou com o governo: Marcelo Álvaro Antônio.

Em evidência

Boa parte dos discursos pré-voto no último domingo, durante a apreciação do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), acabou se tornando motivo de piada na internet. No entanto, nem todos se deram mal. O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que votou contra o impeachment, por exemplo, ganhou cerca de 50 mil curtidas no Facebook – multiplicando o número total de seguidores na página. O polêmico Jean Wyllys (PSOL-RJ) também surfou na polêmica e acabou passando da marca de 1,1 milhão de seguidores. Jair Bolsonaro (PSC-RJ) também subiu, ganhando novas 100 mil curtidas.

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