quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Salvador - Suspeito diz que matou médico após briga na BA: 'tentou relação comigo'


27/10/2016 18:59 
Suspeito diz que matou médico após briga na BA: 'tentou relação comigo'
O ajudante de carpintaria Adriano Luis Correio de Jesus, de 28 anos, confessou à polícia ter matado a facadas o médico Luiz Carlos Correia de Oliveira, de 62 anos, em Salvador, durante uma discussão que teria sido iniciada após a vítima tentar uma relação sexual com ele. Adriano foi preso na quarta-feira (26).O médico ficou desaparecido por 12 dias. Ele foi visto pela última vez ao deixar o condomínio onde morava, em Piatã. O corpo dele foi encontrado no dia 14 e identificado na terça-feira (25). O suspeito foi apresentado pela políca à imprensa nesta quinta-feira (27). Ele disse que o crime aconteceu na casa onde mora, no bairro de Pau da Lima. "Eu disse que não queria, mas eles quis ter relacionamento e a gente acabou discutindo", disse o suspeito.Conforme Adriano, o médico já tinha tentado se relacionar com ele antes, mas ele evitou. "Eu disse que não queria. Depois ele parou e continuamos saindo como amigos. Mas no dia, ele, talvez pelo fato de ter bebido, insistiu e acabamos brigando", detalhou.
Segundo a polícia, o ajudante de carpintaria foi preso quando chegava para trabalhar em um canteiro de obras na Via Regional, na Avenida Gal Costa, na capital baiana. De acordo com a delegada Clelba Teles, diretora adjunta do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investigou o caso, o suspeito afirmou que tinha um relacionamento de amizade com a vítima há três meses, quando se conheceram em um ponto de ônibus."Ele [o suspeito] afirma que conhecia a vitima e mantinha amizade. Os dois saiam juntos para tomar creveja e conversar, iam em pizzarias. E a vítima sempre frequentava a casa do autor, no bairro de Pau da Lima", destacou a delegada.Conforme Clelba Teles, a família do médico não tinha conhecimento da relação dele com o suspeito do crime. De acordo com a polícia, as investigações apontam que o crime ocorreu no mesmo dia em que o médico desapareceu, em 2 de outubro.
"Ele [suspeito] relata que no dia do crime os dois saíram, foram numa pizzaria em São Rafael, e beberam. A dona da pizzaria foi ouvida e disse que realmente os dois estiveram no local e que costumavam frequentar juntos o local, como um casal. No dia do crime, após saírem da pizzaria, ambos foram para a casa do autor. Lá, continuaram bebendo cerveja e quando a bebida acabou o autor disse que saiu de casa para comprar mais. Quando retornou, ele relata que o médico estava despido e ele pediu para que ele se vestisse. O médico se recusou e houve discussão", contou a delegada.Durante a discussão, segundo a polícia, o suspeito pegou uma faca na cozinha e desferiu três golpes contra a vítima na região do pescoço. O médico morreu ainda no local. Segundo relato do suspeito, o crime teria ocorrido por volta das 22h. "Ele [o suspeito] confessa e conta tudo como foi. Diz que pegou a vitima pelo pescoço, eles lutaram. A vitima era uma pessoa mais velha e o autor é mais forte, corpulento", destacou a delegada Clelba.
Ainda conforme a polícia, o suspeito afirmou que, após matar o médico, enrolou o corpo num forro de sofá e colocou dentro do próprio carro da vítima e o levou para um matagal em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador.O veículo, conforme a polícia, foi incialmente deixado em uma rua de Camaçari, também na região metropolitana, e depois queimado no local conhecido como Via Parafuso. A polícia afirmou que o suspeito apresenta marcas de queimaduras nas pernas porque foi atingido pelo fogo quando incendiou o carro. "Quando [ele] viu que o caso teve repercussão, decidiu queimar o veículo porque ficou com medo", afirmou a delegada Clelba.
Investigações
A polícia afirma que chegou até o suspeito após ouvir pessoas do ciclo de relacionamento do médico. "Chegamos a pessoas próximas da vitima que não eram do relacionamento dos familiares dele. Uma das pessoas que prestaram depoimento afirmou que eles saíam sempre juntos", disse a delegada.Conforme Clelba Teles, o suspeito do crime nega que tenha tido relacionamento homoafetivo com a vítima e diz que os dois eram apenas amigos. "Ele alega que a vitima ajudava ele financeiramente com R$ 50, R$ 60. Ele não afirma que tinha relacionamento homoafetiovo, diz apenas que tinha encontros com a vítima, que a vítima pagava cerveja para ele e que o convidava sempre para sair", disse a delegada.Conforme a polícia, o suspeito e o médico se falavam com frequência desde que se conheceram. "[Quando se conheceram] o autor estava num ponto de ônibus e o médico passou com o carro, parou e os dois 'trocaram' celulares. Assim ele disse que conheceu a vítima e passaram a ter encontros. Mas ele afirma que nem sabia que a vítima era médico e nem que morava em Salvador. Ele afirmou que o médico dizia para ele que trabalhava com vendas", revelou a delegada Clelba.
A delegada disse, ainda, que várias perícias foram realizadas na casa onde o crime ocorreu e onde o suspeito morava sozinho. No local, a polícia também disse ter encontrado o chip que era usado pelo suspeito no celular para se comunicar com o médico. Quando foi preso, no entanto, segundo a polícia, o suspeito já estava utilizando outro chip. A delegada destacou que as investigações continuam. "Ainda não foram concluídas, porque precisamos ainda localizar documentos da vítima. A carteira dele não foi achada, assim como a faca usada no crime. Além disso, ainda falta concluir alguns laudos periciais", disse.O perito Mário Câmara, diretor do IML, disse que o corpo do médico deve ser liberado na próxima semana. "A família dele [do médico] quer fazer exame de DNA, mas a gente considera que não é preciso porque o corpo já está identificado. Mas, mesmo assim, vamos fazer para atender ao pedido deles. A perícia continua no sentido de tentar provar se o que o suspeito diz é verdade. Estamos tentando identificar marcas de facas na vítima e se ela foi morta realmente na data em que o suspeito relatou", disse o perito.
Caso
O médico Luís Carlos foi visto vivo pela última vez no início da noite de 2 outubro, domingo de eleições municipais 2016.Conforme a polícia, o corpo do médico foi encontrado em estado avançado de esqueletização, estado mais do que avançado de decomposição, no dia 14 de outubro, em um matagal próximo de onde o carro dele foi achado três dias antes.Um exame de arcada dentária realizado pelo Departamento de Polícia Técnica de Salvador, onde o corpo ainda está nesta quinta-feira, confirmou que se tratava do médico. A vítima estava desaparecida há 12 dias, desde quando saiu sozinha de carro da casa onde morava, no bairro de Piatã, em Salvador.Imagens das câmeras de segurança do condomínio em que a vítima morava mostram o momento em que ela deixou o local de carro, por volta das 19h40. O médico falava ao telefone no momento em que foi filmado.O filho mais novo do médico, que mora em Salvador, foi no dia seguinte até a casa do pai, que morava sozinho, e não o encontrou. Após perceber o desaparecimento, ele e o irmão mais velho procuraram a polícia para denunciar o caso. Na época, a polícia foi até a casa da vítima e chegou a investigar as movimentações bancárias dela, mas nada de anormal foi encontrado.

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