quinta-feira, 3 de novembro de 2016

CRM vai investigar médico que diz ter atendido 34 vezes paciente já morta - Clínico atende em centro de saúde do DF e nega ter cometido fraude. Atendimentos teriam acontecido desde abril; mulher morreu em 2011.


Do G1 DF



O Conselho Regional de Medicina vai abrir sindicância para investigar a conduta do médico da rede pública de saúde do Distrito Federal que registrou neste ano 34 atendimentos a uma paciente que morreu em 2011, após um acidente de trânsito. À TV Globo, o clínico Antônio Freitas de Oliveira negou ter cometido fraude e disse desconhecer Tânia Cristina Nóbrega Oliveira. A família da mulher, que era enfermeira e tinha 40 anos quando morreu, se diz revoltada.
“Eu não sei o nome de Tânia Cristina, mas eu não marquei nada relacionado com pacientes, muito menos falecidos, né?”, disse o profissional, que trabalha no Centro de Saúde 02 do Núcleo Bandeirante. “Eu desconheço do falecimento, desconheço que eu tenha marcado esse número absurdo aí.
Um relatório mostra que o médico marcou no sistema ter atendido a mulher 34 vezes entre abril e segunda-feira. A mãe de Tânia afirma que a enfermeira trabalhava diretamente com o profissional e cobra providências. Amigas dela também criticam a postura do médico.
Oliveira não foi trabalhar nesta terça (1º). Os 15 pacientes que estavam marcados para consulta na clínica médica tiveram de ser reagendados. De acordo com a Secretaria de Saúde, dos oito médicos do Centro de Saúde 02 do Núcleo Bandeirante, o profissional era o que mais registrava atendimentos. Ele está sendo investigado há um mês pela gerência do posto, que está reunindo provas para encaminhar para a Corregedoria. A pasta ainda não sabe dizer quando o caso começou e se o nome de Tânia chegou a ser usado em outros anos.
Ainda segundo a secretaria, o médico tinha uma cota de 20 pacientes por dia: 15 agendados e cinco de encaixe. Ele pode incluir pacientes no sistema e é o único que tem poder para confirmar se a consulta foi feita. Com a lista cheia, o profissional ficaria impedido de atender qualquer outra pessoa.
O subsecretário de Atenção Integral à Saúde, Daniel Seabra, disse “concordar” que houve demora na percepção da possível fraude. “Realmente é algo que precisa ser averiguado, até pela Corregedoria, para ver se houve a falta de alguma ação prevista por parte do  gestor da unidade que pudesse ter impedido que isso acontecesse.”
A Secretaria de Saúde informou que esse foi um caso pontual e que o sistema de atendimentos é confiável. A família exige uma resposta. “Ele tem que ser exonerado, tem que sair do cargo, não pode continuar atendendo”, declarou a mãe de Tânia.
O pai da enfermeira se diz revoltado. “Primeiro porque mexe com uma ferida que nunca cicatriza e segundo porque a gente sabe como é que está a situação da saúde aqui. As pessoas precisando, necessitando de atendimento médico, e um médico forja um atendimento e deixa de atender outros pacientes, outras pessoas  que estão carentes, necessitando dessa consulta.”
Essa não é a primeira vez que o profissional é investigado. Em 2011 ele respondeu a um processo na Corregedoria da Secretaria de Saúde por mau atendimento e recebeu uma advertência. Atualmente há outro processo contra ele no órgão, que corre em sigilo.
http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2016/11/crm-vai-investigar-medico-que-diz-ter-atendido-34-vezes-paciente-ja-morta.html


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