quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

FEBRE AMARELA | Autoridades investigam adoecimento suspeito de macacos, em Montes Claros


 - Pelo menos dois macacos, um vivo e outro morto, foram encontrados na região Sul de Montes Claros, entre a manhã e a tarde dessa segunda-feira (23). Inevitavelmente, a situação foi relacionada por moradores ao surto de febre amarela em humanos vivido em Minas, inclusive já com registro de um caso suspeito no Norte de Minas. Há relatos de que um terceiro animal tenha sido encontrado extremamente debilitado na região da avenida Mestra Fininha, entre a trevo da praça Jatobás e o Parque Municipal.
O primeiro encontro teria seria feito no bairro Jardim Liberdade, nas proximidades do Zoológico Municipal, mas as autoridades não confirmam o bairro. Um macaco, ainda vivo, porém debilitado, foi recolhido por agentes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e, de acordo com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Montes Claros, o animal será avaliado e passará por exames para que sua condição seja esclarecida.
Horas depois, outro animal foi encontrado na LMG-653, a poucos metros do trevo da BR-365, também na região do Parque Municipal. Depois de tentar contato com o CCZ e com as autoridades competentes, porém sem sucesso, um homem, que não quis ser identificado, acionou a Gazeta para registrar o fato. Segundo ele, o macaco teria sido visto morto sobre o asfalto, antes de ser atropelado por uma motocicleta. O homem garante que não são frequentes aparições desse tipo de animal naquela região da rodovia.
A Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Montes Claros, garantiu que o macaco morto também seria recolhido para análise. Outros moradores ouvidos também se queixaram da dificuldade de acesso, principalmente por telefone, aos órgãos responsáveis por controlar questões dessa natureza. Sobre a denúncia, a prefeitura diz que “não há movimento diferenciado e anormalidade”. “Haverá plantão do CCZ, se necessário”, disse um assessor por telefone. Ainda segundo a Ascom, a Secretaria de Saúde está atenta e já solicitou mais 100 mil doses de vacina contra a febre amarela. “As providências já estão sendo tomadas para que a população fique resguardada”.

ESPECIALISTAS | Para responder as suposições de contaminação por febre amarela nos animais em questão, a Gazeta falou com especialistas. De acordo com o professor Délcio Cesar Cordeiro Rocha, entre outras, há duas situações relacionadas em que o macaco se afasta do bando, causando possivelmente sua morte. Uma delas se deve ao fato de perda de território, tanto para o homem, quanto para outro bando da própria espécie. Por consequência vem a segunda: a falta de água e alimentos, o que levaria o animal a procurar, e muitas vezes ingerir, alimentos impróprios, levando a doenças graves e até a morte.
“A fêmea lidera os bandos. Se um macho for expulso, por exemplo, pode não sobreviver”, explicou. Rocha alerta para que a situação, por mais suspeita que possa parecer, não seja motivo para alarde. “Não se pode descartar nenhuma hipótese nesse contexto. Agora, se aparecerem outros na mesma condição é sinal de que algo errado existe e precisa ser investigado com urgência”, finalizou.
Relatos de que pessoas estariam envenenando macacos também chamam a atenção nesse momento. Para o médico veterinário Eugênio Teixeira, que atende voluntariamente animais apreendidos pelo Ibama e IEF, deve-se ter cuidado com o que chamou de “criminalização do macaco”. “As pessoas precisam ter cuidado, isso é perigoso para a fauna. Esses animais não têm culpa, são vítimas como os humanos. Apenas exames laboratoriais poderão mostrar o que aconteceu”, afirmou. O veterinário pediu ainda responsabilidade e cautela. “É preciso esperar para tomar qualquer atitude, esperar os laudos e todas as análises necessárias”, finalizou.
Também sobre a questão dos supostos envenenamentos o professor Délcio Cesar lembra que pessoas flagradas em ato de maus tratos podem ser presas e condenadas a cumprir de um a quatro anos de reclusão. “Se encontrar algum macaco morto ou ainda vivo, mas com alguma suspeita de doença, o morador deve notificar as autoridades. Isso também é uma questão de saúde pública”, afirmou Délcio.

IBAMA | O analista ambiental do Ibama, Daniel Dias, que faz parte de uma equipe que investiga casos de morte de macacos, criada há um ano aproximadamente, em um ano foram analisados 100 animais na região, dos quais apenas um deu positivo para febre amarela. Ele ressalta que mesmo sendo apenas um é necessário cuidado. No caso positivo, segundo Dias, o procedimento padrão foi tomado. “A população foi orientada, os animais avaliados e os moradores da região vacinados e conscientizados”, esclareceu o analista do Ibama. (Foto: Júnior Mendonça)
Jornal Gazeta

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