terça-feira, 21 de março de 2017

Falhas em armas causam acidentes e geram muitas reclamações Em alguns casos, a arma dispara sozinha. Em outros, ela falha. A Taurus informou que todas as armas passam por revisão rigorosa.


Resultado de imagem para pistola modelo PT 100, da fabricante Taurus
A principal fábrica de armas usadas pela Polícia no Brasil virou alvo de reclamações. As armas às vezes disparam com apenas alguns movimentos. E às vezes, elas falham exatamente na hora do tiro.
Um policial civil comprou uma pistola modelo PT 100, da fabricante Taurus, que chegou neste mês. Em tese, a fabricante testou a arma, que deveria estar em perfeito funcionamento. Mas tem falhas grosseiras na confecção. A mais grave delas é o erro de alinhamento da munição com o cano. O policial constata: "eu acho que se eu fosse usar essa arma imediatamente, eu estaria imediatamente morto, porque ela não iria funcionar".
Em 2013, o policial Alexandre Castro, de Goiânia-GO, deixou cair no chão uma pistola da Taurus, que disparou e o atingiu. Ele perdeu o movimento da perna direita, que já foi operada cinco vezes. "Quando a minha arma caiu, não era para disparar, né? Ela não era pra disparar de forma alguma e ela disparou".
Alexandre criou um site chamado Vítimas da Taurus e começou a reunir histórias parecidas com a dele. A página mostra flagrantes de falhas nas armas da fabricante. Num dos vídeos publicados, um homem tenta atirar várias vezes e a arma falha. Em outro vídeo, o homem apenas sacode a arma e ela dispara.
A Polícia Civil do RJ fez um teste pra avaliar a eficiência das pistolas. Foram separados lotes de dois dos modelos mais usados por policiais civis e militares no estado. A perícia aconteceu nos dias 31 de março e 1º de abril e agora saiu o resultado: das 55 pistolas testadas - todas compradas há no máximo dois anos pela Polícia Civil - 36 apresentaram problemas.
Primeiro foram testadas 35 pistolas da Taurus, modelo PT 940. Logo no quinto tiro da primeira arma testada, a pistola parou com o ferrolho aberto e o atirador não pôde continuar. Na segunda arma testada, após o primeiro tiro, houve uma falha de extração da cápsula. Em resumo: dessas 35 pistolas, 20 apresentaram pelo menos uma falha.
A segunda perícia foi feita em pistolas Taurus do modelo PT 840: das 20 pistolas testadas, 16 apresentaram problemas.
Em 2009, a Secretaria de Segurança do RJ investiu R$ 6 milhões na compra de mais de 1300 carabinas da Taurus. Mil delas apresentaram problemas e a troca das armas defeituosas só acabou em 2016.
E por que a Polícia não providencia armas de outras empresas? A resposta é simples: no Brasil existe uma lei que determina que a Polícia só compre armas fabricadas no país, a menos que haja um modelo no exterior que não tenha similar por aqui. O país tem somente duas fabricantes de armas e é justamente a Taurus que produz os modelos mais voltados para o trabalho da Polícia nas ruas.
O problema é que as armas dos criminosos não se restringem às fabricadas aqui no país e aí eles podem levar vantagem num confronto, como analisa o especialista em Segurança Pública, Paulo Storani: "o criminoso vai conseguir uma arma com muito melhor qualidade e com muito mais facilidade. Na verdade, uma facilidade que as polícias poderiam encontrar é comprando equipamento internacional. Isso obrigaria as fábricas nacionais a aumentarem seu padrão, melhorarem sua linha de produção".
Para o Coronel Ubiratan Ângelo, ex-comandante geral da PM, o policial precisa poder confiar na arma que utiliza: "tem que ser uma arma extremamente eficaz, para que ele confie na arma e atire menos. Consequentemente, se a arma traz problemas, ele fica mais exposto à vitimização e mais proposto à letalidade".
Edição do dia 19/05/2016
Pedro Neville
Rio de Janeiro, RJ




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