sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Casal de S. A. de Jesus, sobreviventes da tragédia em Mar Grande conta o momento de pânico que passou. Assista ao vídeo!


25/08/2017 16:35 
Casal de S. A. de Jesus, sobreviventes da tragédia em Mar Grande conta o momento de pânico que passou. Assista ao vídeo!
Casal santantoniense sobreviventes da tragédia em Mar Grande / Foto: Voz da Bahia
Na manhã desta última quinta-feira (24), 18 pessoas morreram após um naufrágio na travessia Mar Grande – Salvador na Baía de Todos os Santos (saiba mais, clique aqui), cerca de 120 pessoas estavam a bordo da lancha Cavalo Marinho I, inclusive residentes de Santo Antônio de Jesus. Na manhã desta sexta-feira (25), o Voz da Bahia entrevistou um casal santantoniense no programa ‘Meio-Dia e Meia com Marcus Augusto’ que sobreviveram ao naufrágio e contaram detalhes os momentos de pânico e tristeza, mas também muito amor e temor a Deus. Evangivaldo Cruz Santos e Laís Cruz Santos são casados, e precisaram usar a embarcação para ir a Salvador como faz de costume a cada 15 dias, contudo, tudo parecia ser apenas um dia normal, para Laís foi à primeira vez de lancha, "das poucas vezes que eu ia para Salvador, era de Ferry Boat, portanto, era minha primeira vez na lancha. Eu lembro que quando nós compramos a passagem, eu tinha visto as ondas batendo muito forte, e alertei meu marido para fazermos a travessia de lancha. Ele falou, 'toda semana eu estou aqui e vou de lancha, nunca aconteceu nada e não é hoje que vai acontecer', então nós fomos, mas eu ainda estava insegura, pois ela não tinha estabilidade alguma. Eu afirmei a meu marido, 'vamos para o andar de baixo, eu acho embaixo mais seguro', mas ele disse que embaixo era muito fechado, 'confie em mim que vou lhe segurar', ele disse. A lancha seguiu viajem e em questão de 15 minutos começou a chover, as ondas estavam batendo forte e a lancha começou a balançar, eu ainda achava que era mais seguro embaixo, no entanto, continuamos sentados na lateral esquerda do andar de cima do barco. Eu me recordo, que quando as pessoas começaram a ficar sem ter onde se segurar, elas foram arremessadas para o lado que estava inclinado, e creio que isso ajudou para que a embarcação virasse. Meu marido segurou em uma madeira que tinha no teto, e pediu para que eu me segurasse firme nele e ouvia ele falar, 'meu Deus, não permita que a gente morra'. Foi muito rápido, num instante eu estava de baixo d'agua. Eu não sei nadar", afirmou Laís.
Assista a matéria completa abaixo:
Desastre: Segundo Laís, após a lancha virar, seu marido conseguiu sair para respirar, mas não a achou, foi quando ele avistou o contraste da cor de suas roupas e conseguiu agarra-la. Já Evangivaldo declarou que em momento algum deixou de crer que Deus estava naquele lugar, "eu não deixei de ter fé. Quando eu consegui sair da lancha eu peguei logo um colete salva-vidas, mas não achei minha mulher, foi um desespero eu falava, 'meu Deus, cadê minha esposa, eu não posso perder minha esposa'. Neste momento, eu voltei para a água e consegui acha-la no meio dos destroços, ela estava assustada. Eu coloquei o colete nela e peguei um colete para mim, neste momento, uma senhora estava boiando pedindo socorro, então eu cedi meu colete a ela e a coloquei junto com minha esposa. Essa senhora foi até o final conosco. Foi um momento muito difícil, nos vimos gente morrendo, crianças e mulheres, mas a todo o momento nós estávamos clamando a Deus para que ele nos livrasse daquela situação. Eu não sei de onde eu tirei o autocontrole para poder segurar a situação. Eu não tinha relógio, mas em média, o resgate demorou cerca de 1h30, mas creio que a maioria dessas pessoas que morreram, era as que estavam no compartimento de baixo da lancha. Eu me recordo apena do condutor, um salva-vidas e um policial militar, eles ajudaram e deram todo o suporte, entretanto, porque havia apenas uma pessoa para ajudar mais de 120 pessoas?”, afirmou.
Luta pela vida: Em um desastre como este, cada segundo parece uma eternidade para as vítimas, além disto, ver as pessoas que já estavam mortas foi desesperador, "eu lembro que tinha um bebé boiando perto da gente, e a mãe estava gritando dizendo que não queria mais viver. Se eu não estivesse perto do meu marido eu iria ficar desesperada. O resgate demorou muito. Meu marido ficou firme. Nós começamos a glorificar e louvar a Deus, pois não merecíamos. Deus teve misericórdia. Eu lembro que quando o resgate chegou, Vando pegou o primeiro bote e nos colocou dentro dele. O bote da gente começou a ir para terra firme, mas ainda teríamos que passar pelo quebra-mar. Batemo-nos no quebra-mar e viramos, e meu marido nos colocou novamente dentro do barco", declarou.
Terra firme: Segundo Vando, seu amor por Deus e sua esposa o fez ter forças e muita calma para agir de forma correta, contudo, ao chegar à terra firme o sentimento de alivio foi grande, "eu clamava e pedia a Deus para me dar forças para salvar minha esposa. Deus honrou. Quando eu fui para a terra, um jovem me deu sua camisa, pois estava com muito frio. Hoje eu agradeço por todos que nos ajudaram e nós sentimos pelas percas, as pessoas que choram pela perca de seus maridos, mães e filhos. Eu peço que Deus conforte o coração deles. Hoje fica o alerta, pois tem que haver mais fiscalizações. Isto é inadmissível, se houver culpados, devem ser punidos", concluiu.
Confira o programa completo: CLIQUE AQUI!
Reportagem e Foto: Voz da Bahia

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