indígenas de uma aldeia Xacriabá em oficina de língua portuguesa com professores do IFNMG - Campus Januária.
Historicamente marginalizados e em muitos casos sem sequer ter seus territórios e direitos reconhecidos, as comunidades indígenas e quilombolas brasileiras estão especialmente vulneráveis nesse período de pandemia de saúde pública causada pelo coronavírus, uma vez que geralmente não recebem visitas regulares de equipes de saúde, não possuem saneamento básico adequado e estão em localidades distantes de qualquer equipamento hospitalar. Assim, em caso de contaminação, o resultado poderia ser trágico.
Quem faz o alerta é o Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) do IFNMG, que desenvolve trabalhos de intercâmbio cultural e projetos de ensino, pesquisa e extensão com diferentes comunidades indígenas e quilombolas da metade norte de Minas Gerais.
Segundo a presidente do NEABI do Campus Arinos, professora Maria Flávia Pereira Barbosa, o reconhecimento dos territórios de comunidades quilombolas e a demarcação das terras indígenas, que são ações de responsabilidade do Estado mas extremamente tímidos no Brasil, são fundamentais para a proteção desses povos vulneráveis. “Para além da posse da terra, o reconhecimento dessas comunidades no território nacional deveria garantir o acesso às políticas públicas de auxílio e assistência, os quais garantam, além da territorialidade, a preservação da cultura e das tradições desses povos”, ressalta Maria Flávia. Especificamente sobre os quilombolas, a professora destaca que além dessas vulnerabilidades (social, econômica e territorial), o acesso à saúde é precarizado também pela falta de políticas públicas que considerem as maiores ocorrências de determinadas doenças na população negra brasileira.
Com relação aos povos indígenas, a professora Susana Alves Escobar, membro do NEABI do Campus Januária, reforça que as aldeias já vivem um estado de risco de extermínio em massa, que é agravado nesses momentos de crise de saúde pública pelo fato de não haver plano de contingência para surtos e epidemias por parte do governo federal. O IFNMG faz seu papel dentro do possível: o Campus já promoveu turmas de educação indígena, fez no ano passado projeto de extensão para fortalecer a iniciativa de jovens que estavam se preparando para o Enem e está realizando pesquisa com base nos dados do Censo Escolar das escolas indígenas. A própria Susana fez os projetos de mestrado e doutuorado sobre educação indígena, tendo os Xacriabás como campo empírico.
Para chamar atenção dos governantes e da sociedade civil sobre a importância de prestar auxílio também a estas comunidades já tão fragilizadas, o Núcleo divulgou a seguinte nota:
O NEABI/IFNMG vem a público manifestar preocupação e alertar a sociedade civil e governantes sobre a necessidade de proteção dos povos originários indígenas e quilombolas diante da crise emergencial de saúde. Conhecendo a situação de extrema vulnerabilidade social desses povos, apelamos para que sejam respeitados os territórios, bem como para que sejam adotadas medidas hábeis e necessárias para o enfrentamento da contaminação pelo novo coronavírus.
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