quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Fórmula de Dilma para 2015: “ajuste” + anti-corrupção

(Foto: Estadão Conteúdo)(Foto: Estadão Conteúdo)























Por  | Rogério Jordão – 11 horas atrás

Para manter alguma popularidade em 2015 o governo Dilma vai ter que fazer do limão uma limonada. Obtido o apoio do “mercado” com a nomeação de Joaquim Levy para a Fazenda, todo o resto é problema: corte de gastos, fragmentação partidária, o escândalo da Petrobras, protestos que começam a pipocar e os anunciados aumentos nos impostos e na conta de luz (o que alguns chamam de “saco de maldades”).
No meio disso tudo, porém, o governo pareceu indicar, ao menos em seus discursos inaugurais, que traz na cartola um fio condutor político para 2015. Ao enfatizar a luta contra a corrupção em seguidos pronunciamentos (quando se diplomou no TSE Dilma associou isto ao combate ao “patrimonialismo”), ao mesmo tempo em põe em marcha o “ajuste” das contas públicas (que  Levy também associou ao fim do “patrimonialismo” na semana passada, usando porém a palavra em sentido diverso, como corte de subsídios a setores industriais), o governo parece juntar os dois temas em benefício próprio.
Como se o “fazer o dever de casa”, o “rigor” e a “racionalidade” que estão embutidas no vocabulário do “ajuste” tivessem, como contraparte positiva, a anti-corrupção. Ou melhor: como se ambos os “esforços” fizessem parte da mesma coisa, a saber, do combate mais genérico ao chamado “patrimonialismo” – termo comumente usado em sociologia para designar a apropriação do Estado por interesses privados.

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Desse modo, na narrativa governamental, a impopularidade do ajuste – até aqui concretizado no anúncio de corte de benefícios previdenciários e gastos governamentais – poderá vir associada a medidas “apelativas” contra a corrupção, como se fizessem parte de um mesmo bolo, digamos assim. Em breve o governo deve enviar um pacote de medidas anti-corrupção ao Congresso. Enviar projetos ao Congresso não geram gastos – o tipo de iniciativa que pode, quem sabe, ao lado do “ajuste”, dar um “sentido”, do ponto de vista da opinião pública, a um governo que ainda procura sua identidade.
As pesquisas de opinião pública mais recentes sobre o caso Petrobras indicam que Dilma tem margem de manobra para trilhar este caminho. Segundo o Datafolha, embora 68% digam que a presidente “tem responsabilidade no caso” Petrobras e que seu governo teve mais corrupção do que os de FHC e Lula, outros 46% acreditam foi no governo Dilma que a corrupção foi mais investigada e os corruptos punidos (40%).
No frigir dos ovos, é a arte da comunicação política para sobreviver a 2015.
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