quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Polícia prende Nestor Cerveró no RJ por corrupção e lavagem de dinheiro - Ex-diretor da Petrobras foi preso ao desembarcar no Aeroporto Internacional. MPF considera que há indícios de transferência de bens para parentes.




Danilo Vieira
Rio de Janeiro, RJ





O ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, foi preso no início da madrugada no Aeroporto Internacional do Rio. Ele é acusado de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro.
O voo vindo de Londres chegou ao Rio de Janeiro pouco depois da meia noite. Nestor Cerveró foi preso por agentes da Polícia Federal antes de chegar ao saguão de desembarque. Assim que saiu do avião, ele foi conduzido por agentes para uma sala da Polícia Federal.
Acusação
O Ministério Público Federal pediu a prisão preventiva de Cerveró por considerar que há fortes indícios de que ele continua a praticar crimes, como a transferência de bens para o nome de parentes.

De acordo com os promotores, logo após ser denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro, em dezembro, o ex-diretor da Petrobras tentou transferir R$ 500 mil para a filha. Ainda segundo o Ministério Público, Cerveró transferiu três apartamentos, comprados com recursos de origem duvidosa, em valores nitidamente subfaturados.
Os promotores afirmam que há evidências de que os imóveis têm valor de mais de R$ 7 milhões, mas que a operação de transferência foi declarada por apenas R$ 560 mil.
Histórico
Nestor Cerveró entrou na Petrobras em 1975. Foi diretor da área internacional de 2003 a 2008, durante o governo Lula. Já no governo Dilma, assumiu a diretoria financeira da Br-Distribuidora, onde permaneceu até ser demitido do cargo, em março do ano passado.

Segundo o Ministério Público Federal, o ex-diretor recebeu propina, em dois contratos para construção de navios-sonda, usados em perfurações em águas profundas. O pagamento, no valor total de US$ 40 milhões foi relatado pelo executivo Júlio Carmago, da Toyo Setal, que fez acordo de colaboração com a Justiça.
O ex-diretor da Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, também citou Cerveró, no acordo de delação premiada. Em depoimento à Justiça Federal do Paraná, em outubro, Paulo Roberto disse que Cerveró recebeu propina na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo o Tribunal de Contas da União, o negócio gerou prejuízos de US$ 792 milhões.
A compra de Pasadena foi aprovada, em 2006, pelo conselho de Administração da Petrobras, na época, presidido por Dilma Rousseff. Segundo a presidente, o resumo executivo que orientou o conselho, e que foi produzido por Cerveró, era falho. Em julho, o TCU responsabilizou Cerveró e outros nove diretores e ex-diretores da Petrobras pelos prejuízos gerados pela compra de Pasadena.
Defesa
Em entrevista à Globonews, o advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, se disse surpreso com a prisão. “Nestor Cerveró viajou para o Rio de Janeiro para prestar depoimento junto ao Ministério Público Federal e para ser citado na ação penal que tramita em Curitiba. Eu não conheço a fundamentação da prisão preventiva, mas desde já, estranho essa prisão, até porque tanto a Polícia Federal quanto o Ministério Público Federal foram por mim informados não só da viagem, mas do endereço onde Nestor Cerveró ficaria na Inglaterra, e a Polícia Federal também estava informada, tanto de sua viagem como que ele não tem motivo algum para se furtar a eventual aplicabilidade de uma condenação penal. Eu vou para Curitiba para conhecer todos os fatos, olhar o processo e ver as providências que tomarei a partir de agora”, disse.

Mais tarde, Edson Ribeiro disse, em nota, que a prisão preventiva não tem fundamento e que não havia restrição judicial à transferência de bens a parentes.
Cerveró permanece no aeroporto do Galeão e deve ser levado pela Polícia Federal para Curitiba num voo comercial na manhã desta quarta-feira (14).
Na terça (13), o Ministério Público Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Cerveró e de parentes.




Nenhum comentário:

Postar um comentário