terça-feira, 20 de agosto de 2013

HOMOFOBIA - Depois de 11 anos, suspeitos de matar bailarino homossexual vão a júri em BH


Depois de 11 anos, suspeitos de matar bailarino homossexual vão a júri em BH

Em uma noite de 2002, a vítima foi atraída para o apartamento de um homem que se dizia apoiador da arte; entretanto tudo não passava de emboscada, o jovem, que completaria 30 anos, foi atingido com tiros
Os dois homens acusados da morte do bailarino, ator e coreógrafo Igor Leonardo Lacerda Xavier, assassinado há 11 anos, em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, vão ser julgados na próxima terça-feira, dia 27 de agosto, no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte. O júri é considerado inovador, já que esse será o primeiro julgamento do país em que os réus confessam que a motivação foi a homofobia.
O assassinato aconteceu em uma noite de 2002, quando a vítima foi atingida por tiros depois de ser atraída para o apartamento de Ricardo Athayde Vasconcelos, que se dizia apoiador da arte. Diego Rodrigues, um dos filhos de Vasconcelos, é o outro réu no caso.
Em depoimento na época do crime, Vasconcelos confessou que matou o bailarino e coreógrafo porque tinha horror a homossexuais. “Igor foi morto por homofobia”, afirma o poeta Aroldo Pereira, amigo próximo da vítima.
Márcio Athayde, irmão de Diego, chegou a ser pronunciado por fraude processual, acusado de ter dado fuga aos supostos assassinos de Xavier. No entanto, de acordo com informações do Fórum Lafayette, dar fuga a parente é passível de absolvição, segundo a Constituição. Sendo assim, Athayde não será julgado.
Debate. Vasconcelos e o filho são acusados do crime e estão em liberdade. A assessoria do fórum informou que eles serão julgados pelo crime de homicídio qualificado, e não por homofobia, já que essa qualificadora não existe na legislação brasileira.
Para a ex-desembargadora e presidente da Comissão da Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Maria Berenice Dias, esse julgamento é algo inovador, já que ela nunca presenciou outro durante sua carreira.
De acordo com o pesquisador Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB), é preciso mais celeridade na investigação de crimes contra homossexuais. “Uma delegacia especializada em minorias que incluísse os gays poderia ajudar. O grito é a primeira arma do oprimido”, declarou o pesquisador.

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