terça-feira, 22 de outubro de 2013

O Preço da Seca - AS CISTERNAS DE CAPTAÇÃO DE VOTO

João Figueiredo (*)
Suspeita-se que o Programa Água para Todos do governo federal, executado em parceria com o os governos dos Estados do Nordeste e de Minas Gerais, vem sendo usado com finalidade eleitoreira por políticos demagogos, da direita, em alguns municípios. O município de Montes Claros apresenta evidências de que é um deles.
O programa foi criado para beneficiar famílias rurais carentes e com dificuldades de abastecimento de água, mas, ao que tudo indica, caiu nas mãos de políticos demagogos e se transformou em um instrumento de barganha eleitoral.
Em Montes Claros a distribuição das cisternas de captação de Água de chuvas do Programa Água para Todos ficou a cargo do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (IDENE) em parceria com o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS). Na prática, porém, vislumbra-se, claramente, a interferência no processo de distribuição das cisternas por políticos, em tese, estranhos a essas instituições.
Um caso que qualquer observador político percebe claramente a existência de indícios de troca de favores na distribuição das cisternas, envolve o ex-vereador Ademar Bicalho, que está com seus direitos políticos cassados pela justiça por crimes de corrupção.  Apesar da cassação, ele vem atuando, nos últimos meses, na capitalização de dividendos políticos junto a incautos moradores da zona rural, como se ele fosse o principal responsável por tais benefícios. Presume-se que tal político já esteja preparando o terreno para atuar como cabo eleitoral, vendendo a sua força de trabalho de captação de votos dos incautos cidadãos rurais para candidatos das eleições de 2014.
Tal senhor vem antecipando contatos com os beneficiários do programa no município de Montes Claros e discursa de modo que pareça ser ele o principal responsável pela distribuição das cisternas. Não há dúvidas de que ele dispõe de um esquema que lhe abastece com informações privilegiadas a respeito dos beneficiários do programa. Essas informações, ao que tudo indica, dá-se através de pessoas que atuam dentro de instituições como o IDENE, a Secretaria Municipal de Agricultura e próprio CMDRS.
Destarte, há muitas famílias na zona rural de Montes Claros se sentindo eternamente gratas ao tal político cassado por julgarem que ele foi o principal responsável pelo benefício que receberam. Presume-se que o objetivo seria adquirir prestígio junto aos beneficiários para utilizá-lo como instrumento de barganha com candidatos para as eleições de 2014.
Houve pelo menos um caso em que ficou clara a participação de integrantes da diretoria do IDENE e da empresa responsável pela instalação das cisternas no município de Montes Claros nessa jornada demagógica: Bicalho assumiu as ações de convidar moradores de aproximadamente trinta comunidades rurais, da região Sul, Sudeste e Sudoeste do município, para uma reunião de retrabalho de cadastramento de famílias ao programa. O conselheiro do CMDRS, que legitimamente seria o responsável por essa ação, sequer foi avisado sobre a data e local da reunião (ele ficou sabendo por acaso na véspera da citada reunião quando quase todos os beneficiários já haviam sido convidados por Bicalho). Esse fato é prova contundente da ingerência do mencionado político cassado nas decisões da diretoria do IDENE em Montes Claros e da empresa que venceu a licitação para instalação das cisternas. Só não se sabe, ainda, se a direção da SEDVAN, chefiada por Gil Pereira, também está envolvida nessas ações eleitoreiras.

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