sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Desmontando ‘fakes’ sobre os Correios

 

Desmontando ‘fakes’ sobre os Correios


A Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP) esclarece afirmações feitas por representantes do governo, a respeito da situação atual da empresa pública.
 
Monumento. Orgulho Nacional.
 
Os brasileiros que conhecem os trabalhos dos Correios continuam vendo a empresa como um monumento, como algo que os orgulha. Não por acaso, nas pesquisas feitas junto à sociedade, os Correios têm figurado em terceiro lugar entre as instituições mais confiáveis, logo depois da família e do Corpo de Bombeiros e à frente de outras instituições importantes, como as próprias Forças Armadas.
 
Diferentemente da pesquisa secreta que o Ministro da Propaganda (ops! Comunicações) tem mencionado e que diz que 77% da população aceita a privatização, as pesquisas que apontam a confiança nos Correios são feitas sistematicamente, com metodologia científica e publicadas no próprio site dos Correios.
 
Escândalos
 
Quais escândalos? O mensalão? Em 2005? Quando se flagrou um empregado dos Correios embolsando uma propina de R$ 3 mil reais? Toda grande organização, pública ou privada, está sujeita ao surgimento de alguma ocorrência de desvio ético. Isso, infelizmente, é inerente à natureza humana e as organizações devem possuir normas que enfrentem essas situações e corrijam os problemas. Isso vale para os Correios, que demitiu o referido empregado na ocasião, e vale também para a Amazon, que acabou de enfrentar um problema de desvio de mercadorias em um de seus Centros de Distribuição e teve que lidar com essa situação.
 
Fisiologismo Político
 
Esse é um tema que a ADCAP tem combatido em toda sua existência. Se fosse a associação reclamando que o atual governo aparelhou política e militarmente a direção da Empresa, seria possível entender que isso tem base. Mas é um integrante do governo que fala isso. Ora bolas, por que não corrigem isso, curando a doença, em vez de usar como argumento para matar o paciente? Por que o atual governo não cuida bem das escolhas que faz para os órgãos de governo e estatais, eliminando o tal fisiologismo?
 
Dívida acumulada
 
Há alguns meses, o número mencionado pelas autoridades era de quase R$ 3 bilhões. Agora é de R$ 1,7 bilhão, o que se torna quase irrelevante diante de um resultado anual que deve ultrapassar R$ 1 bilhão de reais. Além disso, o que o Ministério da Economia nunca explica é que o governo federal retirou dividendos excessivos dos Correios e isso agravou a situação da Empresa lá atrás, quando foram registrados os prejuízos que agora são compensados. No começo do ano terão que reajustar esse valor para R$ 0,7 bilhão e, mais à frente, procurar outro argumento.
 
O Secretário afirma que “mesmo com esse passivo” a empresa tem um considerável valor de mercado. Aqui cabe dizer que o valor de uma infraestrutura postal nacional bem construída e em pleno e sustentável funcionamento é algo incomensurável para qualquer país. Seria um sonho de consumo a ser perseguido em qualquer lugar. Mas aqui é algo que deixa desconfortável os que querem pregar que o Estado é ruim, que só a iniciativa privada é boa etc. Uma verdadeira pedra no sapato dos ultraliberais.
 
Pesquisa
 
Quanto à pesquisa secreta mencionada pelo Ministro das Comunicações, seria importante que ela fosse devidamente divulgada, para que se pudesse conhecer suas bases, amostra utilizada, nível de confiança, instituição que a fez etc, assim como confrontá-la com outras pesquisas existentes ou que possam ser feitas. Da forma como a informação é utilizada, sem maiores detalhes, parece mais uma peça de propaganda do governo para justificar sua intenção de privatizar a todo custo os Correios.
 
Ainda que muitos brasileiros possam estar sendo induzidos pelas declarações depreciativas do próprio governo sobre os Correios, a ADCAP entende que a imensa maioria dos brasileiros sabe dos serviços prestados pela Empresa e de sua importância e prefere não colocar o atendimento postal em risco. O exemplo de Portugal está aí para mostrar como uma privatização do serviço postal pode afetar negativamente a sociedade.
 
Quanto à declaração do Secretário de que “bem administrada, vai fazer uma entrega melhor e mais eficiente do seu serviço”, é importante frisar que a natureza de uma empresa não a torna, por si só, bem ou mal administrada. Há empresas privadas pessimamente administradas, assim como há empresas públicas bem administradas. Ao governo cabe escolher bons administradores para suas estatais e órgãos públicos, substituindo aqueles que não estão administrando bem. Se esse for o caso dos Correios ou de outra estatal, é só trocar os administradores. O governo tem essa prerrogativa e não deve se furtar de fazê-lo sempre que necessário.
 
Por fim, antes de falar de entrega melhor e mais eficiente de seu serviço, seria importante que o Secretário deixasse de lado o briefing de sua assessoria e visitasse os Correios para saber como andam os níveis de qualidade do serviço postal brasileiro, comparativamente ao que existe no resto do mundo, inclusive nos poucos países onde o serviço é privado. Como isso não deve acontecer porque a motivação desse movimento nunca foi técnica, vamos continuar ouvindo pela imprensa a mesma narrativa, elaborada para iludir os brasileiros.
 
Direção Nacional da ADCAP

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