ANÁLISE: Luís Fernando Tófoli é psiquiatra, professor da Unicamp – O Estado de S.Paulo
Ao contrário do que muitos acreditam, os consumidores de crack não são zumbis. Eles querem se tratar, têm desejos, apresentam uma trajetória de vida e problemas pessoais específicos. É o que mostram as respostas dadas na pesquisa nacional. Flexibilizar o estereótipo do consumidor foi importante, porque ajuda a compreender como o tratamento deve considerar a complexidade de cada um dos indivíduos submetidos a tratamento. Soluções em pacote, generalizantes, acabam dando pouco resultado.
Também é importante saber que 80% querem tratamento porque ajuda a desmontar o discurso dos que defendem a internação à força. O endurecimento das ações políticas, como mostra esse resultado, não faz nenhum sentido.
A concentração do consumo do crack no Nordeste levanta ainda outra questão. Será que existe, de fato, uma epidemia de crack? Ou, na verdade, ocorre uma epidemia de privação social? O crack é uma droga fortemente ligada à pobreza. O consumo pode revelar um agravamento do quadro social.
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