segunda-feira, 4 de junho de 2018

“Fake news podem envenenar processo eleitoral”


04/06/2018 14:27 
“Fake news podem envenenar processo eleitoral”
Foto: Reprodução
O cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Jorge Almeida, avalia que é impossível prever o impacto real das fake news na eleição brasileira deste ano, mas, segundo ele, as notícias falsas devem “envenenar” o processo eleitoral. Já que grupos políticos tanto de esquerda quanto de direita têm usado informações mentirosas para “manipular a opinião pública”. À Tribuna, Jorge Almeida ressaltou que há estudos que comprovam a criação de fake news, até mesmo por empresas, na eleição americana que elegeu Donaldo Trump e no plebiscito no qual definiu a saída do Reino Unido da União Europeia. Segundo o cientista político, no Brasil, o maior fabricador de notícias falsas é o Movimento Brasil Livre (MBL), que apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). De acordo com o especialista, grupos extremistas de direita são os que mais usam das fake news no Brasil para “reforçar determinadas posições e queimar os adversários”. Também, segundo ele, tentam “criar situações políticas que favoreçam candidaturas ou o golpe militar”. Jorge Almeida salientou que, na eleição presidencial de 2014, pessoas ligadas aos então candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) já usaram as fake news. A tendência, no entanto, é que, no pleito deste ano, a propagação de informações mentirosas seja ainda maior. O cientista político observou, ainda, que são por meio do aplicativo WhatsApp e da rede social Facebook que se distribuem a maior quantidade de fake news. Para ele, os autores deste tipo de notícia precisam ser penalizados. “Eu acho que deveria ter um processo de controle da fake news. Agora, tem que haver um cuidado para que o controle não recaia em uma censura de opinião. Não se pode transformar uma opinião que é equivocada e manipulada no delito. Uma pessoa que divulga uma opinião errada não pode ser punida. Mas a informação, para manipular, de forma sistemática e profissional, deve ser punida. A rede social não pode estar a serviço da manipulação”, analisou.O cientista político e professor da Ufba, Joviniano Neto, também advertiu para o “risco de censura” no combate às informações mentirosas. Segundo ele, mesmo “expressões políticas exacerbadas” não podem ser confundidas com notícias falsas. 
Professor destaca importância da imprensa
O cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia, Joviniano Neto, entende que a imprensa tem “papel importante” para “treinar as pessoas a checarem as informações” e saber se são confiáveis ou não.No entendimento dele, se por um lado deve haver uma difusão maior da fakenews, por outro lado, o eleitorado está cada vez mais “alertado” sobre a possibilidade de receber este tipo de dados. “As pessoas estão mais desconfiadas. Estão mais vacinadas. Na medida em que há a consciência de que existe fake news, de que não pode acreditar em tudo, vai se reforçar a descrença e diminuir o papel da fake news”, salientou.Joviniano Neto observa que o eleitor tende a aceitar, como verdade, as fake news do próprio nicho. Logo, segundo o professor da Ufba, se um apoiador do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) divulgar uma notícia falsa, o eleitor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tende a desconfiar.  Na avaliação de Joviniano Neto, se há também uma propagação maior das fake news, também ocorre uma concorrência maior de mensagens, o que vai levar o eleitor a confrontar as informações. Para ele, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não conseguirá controlar as notícias falsas, já que há em grande quantidade e há uma rapidez na divulgação. (TRBN)

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