quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Mortes em Mar Grande: vizinho confirma briga com filho de sargento


29/12/2016 00:10 
Mortes em Mar Grande: vizinho confirma briga com filho de sargento
O pescador Uanderson Senna dos Santos, 30 anos, que, segundo a polícia, era o alvo do sargento aposentado Itamar da Conceição Leal e do filho dele, Ian Cardin Leal, 26, ambos mortos na localidade de Mar Grande, no município de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, foi ouvido pela polícia nesta quarta-feira (28) e confirmou a briga ocorrida há uma semana. De acordo com Uanderson, a mulher de Ian, identificada como Lia, pedia socorro e ele decidiu intervir. “Da casa deles, dava para ouvir os gritos dela. Ele deu um banho de gasolina na mulher. Quando invadi a casa, entrei em luta corporal com ele e o isqueiro caiu no chão”, contou ao CORREIO o pescador, que mora em frente à residência do sargento da reserva remunerada da Polícia Militar e é sobrinho das irmãs Jussara Clementina Senna Sacramento, 50, e Jocilene Santana Senna, 46, mortas no ataque. Na ocasião, com Ian dominado por Uanderson e outros vizinhos que chegaram logo depois, Lia abandonou a casa. “O casal vivia brigando, tudo pelo ciúme excessivo dele. Certa vez, ele viajou e a manteve trancafiada em casa”, relatou.
Agressão e mortes
Nesta terça (27), por volta das 17h30, Ian e o pai, armados com uma pistola .40, foram à casa da frente à procura de Uanderson. Ao chegar na porta do imóvel, Ian perguntou pelo desafeto ao primo de Uanderson, identificado como Anderson. O rapaz informou que não sabia e foi agredido por Ian, segundo a polícia.
O delegado Geovane Paranhos contou que os parentes que estavam reunidos na casa saíram e Jussara tentou impedir a surra do filho Anderson, mas acabou baleada quatro vezes pelo sargento aposentado. A vítima foi atingida no tórax e na nuca. Apesar de ter sido socorrida, Jussara morreu pouco depois de dar entrada no Hospital Geral de Itaparica (HGI).
A irmã, Jocilene, também saiu em defesa de Jussara e morreu no local com disparos na cabeça. O sargento atirou ao menos oito vezes.
A mãe de Jussara e Jocilene, Edna Maria de Santana Senna, 77, foi baleada quando tentava socorrer as filhas. Flávia Luiza Senna Sacramento, 27, filha de Jussara, também ficou ferida - levou um tiro em cada perna. Edna e Flávia estão internadas no HGI e não foram divulgadas informações sobre o estado de saúde das duas.  
Ainda conforme o delegado Paranhos, após o ataque, pai e filho retornaram para casa. “Foi quando Ian persuadiu o pai, fazendo-o entregar a arma. Ele alegou que mataria o restante da família. Mas com a pistola, Ian atira, mata o pai na hora e depois se mata”, contou o delegado. A ação ocorreu na garagem da casa onde os dois moravam. Lia, mulher de Ian, ainda não foi localizada. Instantes depois, revoltados, os vizinhos, que presenciaram a ação, invadiram a casa do sargento, atearam fogo nos móveis e depredaram o carro dele. A Polícia Militar foi acionada e fazia prontidão na porta do imóvel para evitar novos ataques, nesta quarta.
Perfil violento
Vizinhos de Ian contaram ao CORREIO que o rapaz já tinha se envolvido em outras confusões no local e era usuário de drogas. “Usava de tudo. Maconha, cocaína, heroína, crack, tudo que estivesse ao alcance dele. E foi por causa das drogas q ele se tornou e esquizofrênico", comentou um vizinho, sem se identificar. O ciúme excessivo da companheira também foi mencionado pelos moradores.
Ainda conforme relatos de vizinhos, quando tinha 16 anos, ele e a família foram expulsos de um condomínio residencial em Salvador. “Eles moravam na região de Cajazeiras. À época, ele usou coquetel molotov para botar fogo em um apartamento. Por isso que saíram de lá e vieram para cá”, informou uma vizinha.
Os moradores da Rua do Santíssimo também contaram que o rapaz já havia ameaçado cometer um atentado em Mar Grande. “Repetia diversas que um dia ia jogar uma bomba na Igreja Católica ou chegaria atirando para todos os lados durante uma missa. Mas ninguém nunca levou fé”, contou outro morador.
Já o pai de Ian, o sargento aposentado Itamar, apontado como autor dos disparos contra as mulheres, era tido como uma pessoa reservada. “Vivia de cara fechada. Era de poucas amizades”, disse outra vizinha.
Para o delegado Geovane Paranhos, apesar de os tiros contra as quatro mulheres – além das duas que morreram, outras duas ficaram feridas – terem sido dados por Itamar, a ação foi comandada por Ian. “Ele conseguiu convencer o pai de alguma forma. O pai trabalhou na 5ª CIPM (Vera Cruz) antes de se aposentar e por isso tinha uma pistola ponto 40 dentro de casa”, concluiu.

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