Cabral tem café com leite e pão na manteiga na 1ª manhã em presídio O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), preso nesta quinta-feira (17) pela Polícia Federal, passou a noite em uma cela de nove metros quadrados no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio. Acostumado a refeições de luxo, na manhã desta sexta (18) ele terá para o café da manhã um pão na manteiga e café com leite, o mesmo cardápio dos outros detentos. Nesta sexta é dia de visita no complexo de presídios e os parentes dos presos já aguardavam na entrada do local por volta das 6h50 para esperar pela visita que começa por volta das 8h. No almoço e no jantar, o cardápio é composto por: arroz ou macarrão, feijão, farinha, carne branca ou vermelha (carne, peixe, frango), legumes, salada, sobremesa e refresco. Já o lanche é um guaraná e pão com manteiga ou bolo. Cabral foi preso por suspeita de desvios em obras do governo estadual feitas com recursos federais. De acordo com a denúncia, ele recebia "mesadas" entre R$ 200 mil e R$ 500 mil de empreiteiras, segundo procuradores das forças-tarefa da Lava Jato do Rio e no Paraná. Além do ex-governador, outras nove pessoas foram presas na Operação Calicute. O prejuízo é estimado em mais de R$ 220 milhões. As principais obras fraudadas foram o Arco Metropolitano, a reforma do Maracanã e o PAC das Favelas. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Cabral chefiava a organização criminosa e chegou a receber R$ 2,7 milhões em espécie da empreiteira Andrade Gutierrez, por contrato em obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). O esquema também envolvia lavagem de dinheiro por meio de contratos falsos com consultorias e por meio da compra de bens de luxo. O procurador disse ainda que a propina exigida pelo ex-governador era de 5% por obra, mais 1% da chamada "taxa de oxigênio", que ia para a secretaria de Obras do governo, então comandada por Hudson Braga. Segundo o procurador, os pagamentos de mesada a Cabral ocorreram entre 2007 e 2014. O esquema, aponta a investigação, também envolvia lavagem de dinheiro por meio de contratos falsos com consultorias e compra de bens de luxo, que incluíam vestidos de festa, joias e uma lancha avaliada em R$ 5 milhões, e até cachorros-quentes de uma festa de aniversário do filho do político. A mulher do ex-governador, Adriana Ancelmo, foi alvo de condução coercitiva, quando alguém é conduzido para depor. Ela é suspeita de ser beneficiária do esquema criminoso. O G1 ligou por volta das 13h para o escritório e para celulares de advogados que representam Cabral, mas não obteve resposta até as 20h. A defesa de Adriana informou que se pronunciará na sexta-feira (18). Delação premiada A ação coordenada entre as forças-tarefa de Operação Lava Jato no Rio de Janeiro e no Paraná teve como base as delações premiadas do empresário Fernando Cavendish, ex-dono da Delta, e de executivos da empreiteira Andrade Gutierrez e da Carioca Engenharia. As informações passadas pelos colaboradores estão sendo ratificadas por uma série de indícios e provas diretas levantadas pelo MPF, PF e Receita Federal. "Há fortes indícios de cartelização de obras executadas com recursos federais, mediante o pagamento de propina a funcionários e a Sérgio Cabral", disse Lauro Coelho Junior, procurador do MPF no Rio de Janeiro, em entrevista coletiva. Segundo o procurador, os pagamentos de mesada a Cabral ocorreram entre 2007 e 2014. "Em relação à Andrade Gutierrez, foi firmado que havia o pagamento de mesada de R$ 350 mil, isso pago por pelo menos um ano. Em relação à Carioca Engenharia, o pagamento de mesada foi de R$ 200 mil no primeiro mandato, e no segundo mandato de Sérgio Cabral, essa mesada subiu para R$ 500 mil por mês." Coelho Junior afirmou que a Andrade Gutierrez pagou pelo menos R$ 7,7 milhões em propina. E a Carioca Engenharia pagou pelo menos R$ 32,5 milhões. O juiz Sérgio Moro, que também decretou a prisão de Cabral, citou a atual situação de crise financeira do Estado do Rio de Janeiro para justificar a medida. Moro afirmou que seria uma afronta deixar que os investigados continuassem usufruindo dos recursos das supostas propinas. Taxa de oxigênio O procurador Coelho Junior disse ainda que a propina exigida pelo ex-governador era de 5% por obra, mais 1% da chamada "taxa de oxigênio", que ia para a secretaria de Obras do governo, então comandada por Hudson Braga. Procuradas, a Andrade Gutierrez e a Carioca Engenharia não quiseram se manifestar sobre as investigações. O presidente nacional do PMDB, Romero Jucá, disse que o partido não será afetado com a prisão do ex-governador. Ele acrescentou que espera que os fatos sejam investigados com profundidade e, a partir daí, se tenha uma convicção e julgamento na Justiça. A ação foi chamada de Calicute em referência à uma região da Índia onde o descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral, teve uma de suas maiores tormentas. No Rio, foram expedidos 38 mandados de busca e apreensão, 8 de prisão preventiva, 2 de prisão temporária e 14 de condução coercitiva. No Paraná, a Justiça expediu 14 mandados de busca e apreensão, 2 de prisão preventiva e 1 de prisão temporária. http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/11/cabral-tem-cafe-com-leite-e-pao-na-manteiga-na-1-manha-em-presidio.html | |||
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
EX-GOVERNADOR DO RIO DE JANEIRO, SÉRGIO CABRAL ESTÁ PRESO EM BANGU
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