sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

SERRALHEIRO MORRE APÓS SALTAR DE BUNGEE JUMP EM MAIRINQUE- SP


Empresário dono de bungee jump já responde por morte em queda

O empresário Max Frederik Wienand, dono da empresa que organizou o salto de bungee jump que causou a morte de um homem de 35 anos, em Mairinque (SP), já responde a outros dois processos por acidentes durante a prática do esporte radical – um que matou uma jovem de 19 anos e outro que feriu um vendedor, de 24.
Em depoimento de quase três horas nesta quarta-feira (21), o alemão confirmou que houve uma falha técnica durante o salto que tirou a vida do serralheiro Fábio Ezequiel de Morais, no domingo (18). Após saltar, a vítima bateu no solo e depois caiu sobre o colchão inflável. Ele foi levado ao pronto-socorro, mas não resistiu.
Questionado pelo G1 sobre os outros acidentes pelos quais responde na Justiça, Max se limitou a dizer que está colaborando com as investigações.
Segundo a delegada responsável pelo caso, Fernanda Ueda, o empresário e o instrutor Deir Nascimento, os primeiros a serem ouvidos na investigação, alegam que a corda de "backup", acionada depois que a principal se rompe, era maior do que deveria.
"Conseguimos notar que existe uma clara falha técnica do equipamento. Eles imputam a medição [da corda] a uma empresa que seria responsável pelo fornecimento do backup. Isso a gente vai analisar", afirma.
Os responsáveis confirmaram ainda que não tinham autorização para realizar os saltos na ponte férrea, como informou na terça-feira (20) a Rumo ALL, que administra o trecho da ferrovia onde aconteceu o acidente. "Eles faziam os saltos de pura deliberação", ressalta a delegada.
Outros dois instrutores foram intimados a depor sobre o caso. Segundo a delegada, três responsáveis pela empresa estavam com a vítima no momento do salto; dois instrutores em cima da ponte e um operador no solo, próximo ao colchão inflável onde o serralheiro deveria ter caído. Além de Fábio, outras cinco pessoas iriam saltar da ponte. Cada um pagou R$ 250 pelo serviço.
Outros acidentes
Um levantamento feito pelo G1 mostra que Max Frederik Wienand é o único proprietário da M.F. Wienand Locação de Equipamentos, que organizou o salto de bungee jump em Mairinque (SP). A empresa aberta em 2012 consta como ativa no cadastro da Receita Federal e tem nome fantasia de Maxtreme. O alemão, entretanto, também é sócio da empresa Maxtreme Atrações Interativas Ltda.-EPP, junto com Ana Paula Wienand.
O cadastro desta empresa foi aberto em 1997 e também está ativo. Sobre a Maxtreme Ltda. recaem dois processos de acidentes. Um deles causou a morte da jovem Tamires Leite da Silva, 19 anos, durante um festival country em Juiz de Fora (MG).
Conforme noticiado pelo G1 na época, a vítima caiu de uma altura de aproximadamente 30 metros. Além da Maxtreme, a família da jovem processou a empresa organizadora do evento e pediu uma indenização de R$ 760 mil. Durante o depoimento o empresário relatou o caso à delegada em Mairinque, sem dar detalhes sobre o processo.
Já o vendedor Emanuel Luan Buschin Paiva, 24 anos, sofreu um acidente em 2013, em um festival de rock de Ribeirão Preto (SP). Depois de pagar R$ 120 pelo salto de uma altura de aproximadamente 40 metros de um guindaste, ele entrou em uma gaiola e recebeu a ajuda de um instrutor para colocar os equipamentos de segurança. Ao saltar, foi parar embaixo da gaiola, onde ficou pendurado por cerca de seis segundos, chocando-se contra a estrutura de ferro.
"A corda de segurança, de um metro mais ou menos, serve para segurar a pessoa se a queda acontece antes do guindaste estar na altura certa, só que depois deve ser desativada, o que não aconteceu no meu caso. Saltei e voltei por baixo da plataforma", explica. Paiva machucou a testa e teve escoriações em um dos braços, mas depois de ser puxado para a gaiola ouviu do instrutor que poderia realizar o salto mesmo assim.
"Só chegando lá embaixo comecei a ver o desespero da minha noiva e de pessoas que estavam lá. Na hora da adrenalina não percebi que estava sangrando", afirma o vendedor. O processo movido pela vítima, também contra a empresa organizadora do festival, requer uma indenização de R$ 80 mil por danos morais. A advogada de Emanuel, Luciana Martins de Andrade Veiga, explica que o processo está em fase de citação, aguardando apresentação de defesa da empresa.
Terceiro salto com a empresa
A família do serralheiro Fábio Ezequiel Morais, de Valinhos (SP), conta que era a terceira vez que ele iria saltar pela empresa M.F. Wienand Locação de Equipamentos. A primeira experiência ocorreu há cerca de um mês, no mesmo local onde ele morreu, e a segunda, um salto de um guindaste, aconteceu há 10 dias em Mairiporã (SP).
O irmão do serralheiro conta que no segundo salto notou algo de errado, já que foi técnico de segurança de trabalho e instrutor de rapel. "Tentei alertar ele, perguntei se sabia algo sobre a empresa" afirma David Fabiano Moraes.
Prática proibida
A área é bastante conhecida por praticantes de esportes radicais por conta da altura da ponte, de aproximadamente 53 metros. O problema é que o espaço é estreito e eles precisam dividir a área ainda com os vagões de trens. Em nota, a Rumo ALL afirma que não foi comunicada sobre a prática de bungee jump no local e esclarece que qualquer atividade necessita de autorização prévia, o que não ocorreu para o salto onde aconteceu o acidente.
A empresa afirma que equipes de segurança realizam rondas ao longo de toda a malha ferroviária de responsabilidade da ALL. Por outro lado, a MF Locação de Equipamentos disse que a ponte férrea é utilizada há pelo menos 20 anos para a prática de esportes por várias empresas e que a ALL nunca exigiu autorização. A empresa afirma que o salto realizado no domingo seria o último do ano.


http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/noticia/2016/12/empresario-dono-de-bungee-jump-ja-responde-por-morte-em-queda.html

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