segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

RUY TROPEÇA NO BURACO DA CONTRADIÇÃO..

Ao acusar adversário de barrar recursos federais para Montes Claros, prefeito indica que o oposto também é válido
Calma leitor. O prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz (PR), ainda não caiu em uma daquelas muitas crateras que assemelham as ruas da cidade ao solo de Marte. O buraco aqui é mais em cima, no sentido metafórico – como se verá mais adiante. É que Ruy Muniz e o deputado estadual Paulo Guedes (PT) reviveram, na semana passada, o clima pesado do segundo turno da sucessão municipal de 2012 na cidade. Em coletiva, Muniz acusou o petista de vetar a inclusão de Montes Claros entre as cidades de Minas Gerais contempladas com recursos da ordem de R$ 3,8 milhões para a construção do Centro de Iniciação ao Esporte (CIE). 
Segundo o prefeito, o deputado teria enviado correspondência ao Ministério dos Esportes em que solicitava a retirada da principal cidade do Norte de Minas da lista de contempladas com os recursos para construir a unidade do  centro esportivo. Ruy se limitou a dizer que pessoa de sua confiança tivera acesso à carta. O petista Paulo Guedes rebateu a acusação, via imprensa, com a alegação de que tudo não passou de “mais um factoide fabricado pelo prefeito Ruy Muniz”, a quem desafiou publicamente a apresentar provas de que ofício com a sua assinatura tivesse sido mesmo enviado Ministério dos Esportes com o para prejudicar Montes Claros. 
E aqui vamos ao labirinto retórico...
... em que o gênio da raça Ruy Muniz se meteu. Ora, ao afirmar que o deputado estadual Paulo Guedes tem bala na agulha suficiente para intervir no governo federal, apenas para disso tirar algum dividendo eleitoral, o prefeito de Montes Claros autoriza ao eleitor inferir que o oposto também é verdadeiro: que o petista e seu desafeto na cena política local também tem influência suficiente para canalizar benefícios de Brasília para o município. 
Donde resta concluir que, doravante, Paulo Guedes pode chamar para si a paternidade das eventuais obras que a cidade vier a conseguir com recursos federais – mesmo que isso não corresponda aos fatos. O Brasil ainda é uma república adepta do federalismo e da consequente autonomia entre cada esfera de poder - donde causa estranheza esse poderes que Ruy atribui ao deputado estadual. 
Ao tentar jogar Paulo Guedes contra a população de Montes Claros, não sem motivo, porque o petista efetivamente tem pisado no calo da atual administração via aliados na Câmara Municipal, Ruy Muniz reconhece situação que de fato existe: além de não conseguir representação no Congresso Nacional, o Norte de Minas segue muito mal representado por essas soluções de gabinete engendrada no Palácio Tiradentes e que levaram Jairo Ataíde (DEM) e Humberto Souto (PPS) a ocupar as duas cadeiras destinadas à região. 
A se levar em conta a autonomia que Ruy confere a Paulo Guedes, o norte-mineiro atravessa curiosa fase política em que cabe a um deputado estadual força de mando que seria mais apropriada aos seus pares congressistas. Ademais, Ruy Muniz é da base aliada do atual governo federal, o que torna contribui para a estranheza do caso. Se tiver como provar a intervenção do deputado petista no Ministério dos Transportes, Ruy sai no lucro. Do contrário, o prefeito estaria como certo Teseu da mitologia, a carecer da Ariadne que vai lhe emprestar o novelo que o resgate de suas contradições.

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