sábado, 3 de setembro de 2016

Verba para recuperação de viciados financiava o tráfico - Prefeitura de São Paulo

02/09/2016 23:41 
Uma investigação do Ministério Público constatou que recursos da prefeitura de São Paulo para recuperar dependentes de crack tiveram uso deturpado. Hotéis que abrigam viciados na região central foram pagos sem licitação e acabaram se transformando em pontos de tráfico. Os desvios aconteceram no âmbito do programa De Braços Abertos. A intenção era reduzir danos até conseguir livrar os viciados das drogas. Para isso, a prefeitura contratou a ONG Brasil Gigante sem licitação, e os hotéis da região, onde os usuários de crack estavam alojados, se tornaram centros de distribuição de todo tipo de droga, além de tribunais do crime e laboratórios para preparação da droga. Segundo o Corpo de Bombeiros, os hotéis não tinham condições para receber pessoas e sequer tinham alvará. A própria prefeitura identificou a falha e trocou a ONG responsável. Assumiu, então, a Adesaf, mas tudo continuou igual. O Departamento de Narcóticos da Polícia Civil de São Paulo descobriu que no prédio do Cine Marrocos – que é da prefeitura, mas foi invadido pelo MST – funcionava um ponto de droga comandado pelo PCC. No total, saíram dos cofres municipais mais de R$ 26 milhões para o De Braços Abertos. A investigação apurou que parte dos recursos foi depositada em contas particulares, como a de um gerente do Hotel Lucas, onde um laboratório de crack funcionava. "O que era para dar uma proteção para essas pessoas, acabou virando essa bagunça toda, com o comando do crime organizado" explicou o delegado Alberto Matheus Jr. Em julho passado, o secretário de Segurança Urbana e Coordenador do Programa De Braços Abertos enviou um documento ao Ministério Público reconhecendo o problema e informando o descredenciamento de parte dos hotéis. Em nota, a prefeitura de São Paulo diz que a contratação da ONG Adesaf foi feita de maneira legal, e que o programa atinge os objetivos previstos. Sobre o Cine Marrocos, a prefeitura afirma que não houve desocupação devido à atuação do crime organizado.

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