domingo, 29 de novembro de 2020

‘Ele escutou o barulho do tiro e sentiu a dor’, diz a médica, mulher do Borat de ‘Amor e Sexo’

 

A médica Mariana Melgaço e o ator Bruno Miranda, o Borat de 'Amor e Sexo' / Foto: Reprodução

O ator Bruno Miranda, o Borat do programa “Amor e Sexo”, está lúcido e perguntou se já poderia sair do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde segue internado após ser baleado por um policial militar em meio a uma briga de trânsito nesta quarta (25). Depois de ser operado, por volta das 19h, ele conversou com sua esposa, a médica Mariana Melgaço, por cerca de cinco minutos e relatou que só não sabia quem havia atirado nele.

“Estive com ele no CTI, nós conversamos, perguntei se ele viu quem atirou, mas ele disse que não. Falou que só escutou o baruho do disparo e sentiu a dor. Fui eu que contei que havia sido um policial, e ele disse: ‘Não sabia, eu estava do outro lado da calçada. Só escutei um disparo de revólver e senti a dor'”, contou Mariana a Época.

Segundo ela, Bruno questionou se poderia sair do hospital. Ele ainda não sabia que havia operado o intestino nem conversado com os médicos até então. O ator também teve um pedaço do rim atingido pelo projétil.

Foto: Reprodução

“O Bruno não gosta muito de hospital, tem um certo pânico. Tentei acalmá-lo, falei que a gente precisava dele bem, que ia precisar ficar um tempo internado para se recuperar. Ele estava achando que já ia poder vir para casa, queria ir embora”, disse sua esposa.

De acordo com o boletim de evolução médica desta quinta (26), o ator passou por uma colectomia, procedimento para retirada de parte do intestino, seguida de um restabelecimento do pedaço do órgão, uma espécie de emenda. Bruno está em dieta zero por conta da cirurgia e continua no CTI sem previsão de sair.

O ator Bruno Soares Miranda, encenando o Borat do programa "Amor & Sexo” Foto: Reprodução
O ator Bruno Soares Miranda, encenando o Borat do programa “Amor & Sexo” Foto: Reprodução

Mariana afirmou que o ator está reagindo bem e os sinais vitais estão estáveis. Ela explicou que, pelo fato de o intestino ser uma área delicada por ter muitas bactérias, é necessário ficar em observação e evoluir a dieta aos poucos para ver como seu organismo vai se comportar.

“Até os médicos do centro cirúrgico falaram que ele teve muita sorte, porque não pegou numa região muito crítica. Poderia ter sido pior e fatal realmente. Graças a Deus pegou um pedaço do intestino e outro pedaço pequeno do rim”, disse a médica.

Bruno foi baleado nesta quarta na Rua Maurício de Cota Faria, no Recreio, Zona Oeste do Rio, durante uma briga de trânsito. Ele estava indo à academia quando foi atingido o abdômen por um policial militar. O soldado dirigia um Honda Civic e bateu no carro de Vânia Leite, que capotou. Um casal que passava pelo local discutiu com o policial, que sacou a arma e fez o disparo.

O ator Bruno Miranda caminhava pelo local quando foi baleado Foto: Reprodução
O ator Bruno Miranda caminhava pelo local quando foi baleado Foto: Reprodução

Segundo testemunhas, o soldado da Polícia Militar Fábio dos Santos Costa, lotado no 18º BPM  em Jacarepaguá, estava em alta velocidade e não prestou socorro a vítima. Bruno tentou ajudar Vânia, mas acabou ferido logo em seguida. Ele detalhou à esposa o que lembrava.

“O Bruno me contou que um cara da academia e um funcionário de um supermercado logo o socorreram, pediram para ligar para mim. Ele só não sabia de onde tinha vindo o tiro e que o rapaz era policial militar”, relatou Mariana.

A médica chegou ao local antes do Corpo de Bombeiros. De acordo com ela, havia várias pessoas auxiliando o ator, ainda em choque.

“Ele estava muito assustado, perguntei o que tinha acontecido, e ele disse: ‘Tomei um tiro, tomei um tiro. Não posso morrer’. TInha muita gente ajudando. Um rapaz com um paninho tentando estancar o sangue, uma senhora com uma sombrinha”, contou.

O ator Bruno Miranda com a apresentadora Fernanda Lima Foto: Reprodução
O ator Bruno Miranda com a apresentadora Fernanda Lima Foto: Reprodução

Mariana ainda presenciou a revolta de pedestres com uma viatura que estava no local, mas não prestou socorro de imediato. Ela também lamentou o fato de um policial armado estar envolvido na história.

“Tem policiais sem a menor condição psicológica de porta uma arma, e ficam sacando e atirando a deus-dará. E a gente vê isso constantemente. Em vez de estarem protegendo os cidadãos, estão matando. É muito revoltante”, disse. “O Bruno não tinha nada a ver com isso. Ele é uma pessoa que trabalha com o corpo, com a imagem, vai ficar com uma cicatriz imensa. Claro que é o menor dos problemas, mas é um prejuízo que essas pessoas causam na vida das outras”.

Época

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