sábado, 1 de fevereiro de 2014

CADERNO DE APRESENTAÇÃO DA RESIDÊNCIA EM PSIQUIATRIA SERVIÇO DE SAÚDE DR. CÂNDIDO FERREIRA CAMPINAS SP


Posted by : Residência de Psiquiatria do Cândido Ferreiraquinta-feira, 31 de outubro de 2013





“REDE - ESCOLA”

CADERNO DE APRESENTAÇÃO DA
RESIDÊNCIA EM PSIQUIATRIA
SERVIÇO DE SAÚDE DR. CÂNDIDO FERREIRA  CAMPINAS SP










“Acho que a gente deveria dar mais espaço para
Este tipo de saber.
O saber que tem força de fontes.”
(Manoel de Barros)



























I) PRINCIPAIS INSTÂNCIAS DE GESTÃO DA RESIDÊNCIA

Dra Paula Benetton – Presidente
Comissão de Ensinoresidencia@candido.org.br
Dr. Ricardo Azevedo Pacheco – Coordenador
Cândido Escolacandidescola@candido.org.br
Heloisa Novaes de Miranda Amaral - Psicóloga





II) NOSSOS PARCEIROS

Secretaria Municipal de Saúde - Prefeitura Municipal de Campinas
CETS – Centro de Educação dos Trabalhadores de Saúde / Secretaria Municipal de Saúde
Hospital Municipal Dr. Mario Gatti
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP















III) ABERTURA

            É com satisfação que oferecemos o Caderno de Apresentação da Residência em Psiquiatria do Serviço de Saúde Dr. Candido Ferreira, instituição signatária da Reforma Psiquiatrica Brasileira que, em convênio de Co-gestão com a Prefeitura de Campinas, sustenta o compromisso com a defesa e promoção da cidadania, dos direitos humanos e da justiça social em seus espaços e oportunidades de convivência e aprendizado.
            No decorrer dos anos aprimoramos o modo de cuidar em Saúde Mental, cuidado este referido a uma rede de alta complexidade, que entre outras questões privilegia a singularidade da demanda de cada pessoa na formulação de propostas e intensidades de cuidado diversificado.
            Durante anos o Cândido foi e é campo de estágio para várias instituições de ensino, nas diversas áreas de atuação na saúde, o que ampliou significativamente a capacitação e reflexão em saúde mental potencializando o capital humano constituído pelos usuários, familiares, profissionais, estagiários,  professores e colaboradores.
            Isto contribuiu  positivamente na construção do modo de ver pensar e agir em Saúde Mental e no enfrentamento mais qualificado das adversidades.
            Em 2005 a instituição, através de uma rede de profissionais aceitou o desafio de se fazer  esta Residência em Psiquiatria e estamos felizes por
tê-lo aceito.
                                                                                                          Nobusou Oki
                                                                                              Superintendente do SSCF














IV)       APRESENTAÇÃO GERAL.

No começo dos anos 1990 poder estar perto e mesmo participar de experiências como a de Santos e Campinas em relação ao começo da luta antimanicomial, no Brasil, que já vinha de algumas conquistas como os primeiros CAPS de Bauru e de São Paulo nos 1980, era além de muito instigante, um certo privilégio.
Minha proximidade com a de Campinas foi mais evidente e intensa. Pude estar junto em parte da própria construção de um novo coletivo de trabalhadores, no campo do cuidado em saúde mental e na invenção de uma nova forma substitutiva de produzir estabelecimentos de saúde para isso.
Mas, aqui, recorto o que tenho de memória na construção da experiência de formação de novos quadros no interior do que se vivia na desconstrução do manicômio SSCF e na montagem de uma nova rede de cuidado, com o Hospital-Dia, com as Moradias, com Enfermaria de Agudos, com o Núcleo de Oficinas, e assim por diante.
Sabíamos que estávamos diante de uma situação muito distinta de outros lugares, de um modo geral, e que ali algo muito precioso estava no ponto de nascer: a aposta na formação de novos profissionais para o campo da saúde mental, para além do que vinha sendo fabricado pelas universidades.
Olhamos para nós e nos vimos como escola. Olhamos para a formação profissional de não-psiquiatras, em particular para terapeutas ocupacionais, psicólogos, enfermeiros, cientistas sociais, nutricionistas, assistentes sociais, entre outros, e víamos a oportunidade de oferecer mais formação.
Tínhamos no Departamento de Medicina Preventiva e Social da Unicamp, de onde vínhamos, e na Secretaria Municipal de Saúde, da época, grandes parceiros e pudemos construir o começo da experiência do Curso de Aprimoramento Profissional para não médicos na rede de cuidados que estávamos construindo no Cândido, embrionária mas profundamente nova e instituinte. Todos nós envolvidos com a Reforma Psiquiátrica em Campinas.
Pude do lugar de primeiro coordenador dessa experiência viver a força, as dificuldades e os acertos dessa aposta. Ainda hoje, mesmo tendo tido um afastamento desse Curso, que a Unicamp ainda opera, das experiências que realizamos na nossa rede, nada embrionária, temos marcas muito fortes e positivas dessa aposta.
Não são poucos os profissionais de saúde da saúde mental que passaram nessa nova escola e não é pouco o que fizeram e vêem fazendo na construção de uma Reforma Psiquiátrica mais ampla e pauta da sociedade brasileira, não só de alguns militantes com forte convicção da necessidade de se construir uma Sociedade sem Manicômios.
Entretanto, há muito tempo, sentimos a necessidade de ampliar as oportunidades que nossa rede de cuidado-escola tem possibilidade de oferecer para a própria formação de médicos nesse campo.
E nessa aposta tirar o grande proveito de colocar a formação desse profissional em uma rede escola que tem a forte marca da substitutividade recheada de desinstitucionalização das práticas isoladas das profissões.
Poder apostar nesse caminho foi a base da construção, no meu olhar, dessa experiência de Residência em Psiquiatria que pudesse aproveitar do saber psiquiátrico crítico e da construção de uma prática descentrada do modelo médico hegemônico, na qual o operar em equipe e no partilhamento do saber é intensamente inovador e ousado.
O caminho está sendo feito, os seus traçados serão objeto de história e satisfação.
                                                                       Emerson Elias Merhy
                                                     Supervisor do Colegiado de Gestão do SSCF

V)           ESTRUTURA INSTITUCIONAL

O Serviço de Saúde “Dr. Cândido Ferreira” (SSCF) é uma entidade beneficente sem fins lucrativos, dedicada a atividade de assistência e formação em Saúde Mental e psiquiatria. Dedica-se integralmente ao atendimento dos pacientes do Sistema Único de Saúde de Campinas e região . O entendimento de sua estrutura político-institucional é necessário para diferenciá-lo das instituições hospitalares e de ensino clássicas e para assinalar a presença da articulação política democrática em sua base de funcionamento.
O SSCF conta com a seguinte estrutura organizacional :
     
      A) Sócios e assembléia de sócios:
     
            A finalidade da associação é a prestação gratuita de assistência e  desenvolvimento de atividades de ensino e pesquisa, assim como apoiar o desenvolvimento do SUS, para usuários assistidos nos campos da saúde mental em particular e da saúde em geral. É o órgão soberano da Associação.

B) Conselhos: Deliberativo, Diretor, Fiscal e Gestor

O Conselho Deliberativo é eleito numa Assembléia de sócios e elege, uma vez empossado, o Presidente, Vice e Secretário do Conselho Diretor. O Presidente do Conselho Diretor coordena o processo de indicação dos demais membros. O Conselho Diretor tem mandato de três anos.
O Conselho Fiscal é composto de três membros titulares + três suplentes escolhidos entre seus membros efetivos do Conselho Diretor. O Conselho Gestor é composto por dois representantes da PMC e dois representantes do SSCF. São membros do Conselho Diretor:

l     Presidente, vice-presidente e secretário membros da Associação Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira,
l     Superintendente do SSCF,
l     Dois membros indicados pelos funcionários da  instituição :eleição direta,
l     Três membros representantes do SUS, (dois indicados pelo Secretário Municipal de Saúde e um pela Secretaria Estadual de Saúde),
l     Um membro representante dos  usuários, 
l     Um representante de familiares de usuários, 
l     Dois membros indicados pelas  instituições de saúde e ensino conveniadas com o SSCF.

C) Superintendência e Assessorias

Instâncias mais diretamente relacionadas ao cotidiano da gestão institucional. Colegiado de Gestão e Secretaria Executiva são órgãos da Superintendência compostos pelo Superintendente, pelos Gerentes das Unidades de Serviço , Assessorias e pelas assistências técnicas. As reuniões, tanto do colegiado quanto da Secretaria Executiva, ocorrem   periodicamente para discussão dos projetos do SSCF.

D) Unidades Assistenciais

O SSCF atualmente responsabiliza-se  pelos serviços de Saúde Mental da Prefeitura Municipal de Campinas:
o   Núcleo de Retaguarda: NAC (Núcleo de Atendimento a Crise); *NADeQ (Núcleo de Atenção a Dependência Química); Núcleo Clínico; SRT (serviço residencial terapêutico)/ moradias extra hospitalares vinculadas as unidades citadas.
o    NOT (Núcleo de Oficinas de Trabalho) com diversas oficinas a ele ligado;
o   Centros de Convivência ;
o   CAPS III Antônio da Costa Santos;
o   CAPS III Esperança;
o    CAPS III Estação;
o   CAPS III David Capistrano
o   CAPS III Integração
o   CAPS ad Independência
o   CAPS ad Antonio Orlando
o   CAPS i CEVI
o   CAPS i Espaço Criativo
As unidades sublinhadas são campos d prática ou de trânsito dos residentes.
VI) ESTRUTURA OPERACIONAL E DE GESTÃO DA RESIDÊNCIA EM PSIQUIATRIA DO SSCF

            O projeto de  Residência Médica em Psiquiatria do SSCF, cumpre as indicações e resoluções curriculares e de trabalho para médicos residentes da Associação Brasileira de Psiquiatria, Conselhos Nacional e Estadual de Medicina e Comissões Nacional e Estadual de Residência Médica e também acompanha as discussões ministeriais inter-setoriais que vêm problematizando, elaborando e construindo diretrizes para a educação e formação para área da Saúde e o SUS.
            A residência do SSCF iniciou-se em 2005, com programa de dois anos de formação  e desde 2008 realiza programa de três anos obrigatórios.
            Além de todas unidades do SSCF e seus respectivos profissionais  temos  da  Prefeitura Municipal de Campinas a disponibilidade de infra estrutura física  com local e orientação técnica adequada e especializada, para a formação de médicos psiquiatras de acordo com as exigências da CERM/CNRM conforme Resolução CNRM nº 02 de 17 de março de 2006 e lei nº 6.932 de 7 de julho de 1981.
            Para contemplar a particularidade de modelo assistencial e de gestão do SSCF, a construção e o bom andamento do programa neste contexto substitutivo, o aprimoramento teórico-prático necessário para a boa formação de psiquiatras à luz destes modelos em saúde mental  e garantir o compromisso com a assistência à comunidade, a estrutura de gestão da Residência em Psiquiatria do SSCF  inclui mas diferencia-se do organograma mais clássico. São três as instâncias de gestão/construção deste programa de Residência: COREME, Comissão de Ensino e Fórum Ampliado.
            A COREME tem funcionamento representativo, reúne-se mensalmente e  é composta por: Presidente e vice-presidente do COREME, representante dos Docentes, Preceptor, Representante dos Tutores, 3 Representantes dos Residentes (R1,R2,R3), Coordenação do Projeto de Residência
            A Comissão de Ensino é composta por todos os Docentes e Tutores responsáveis pela formação do médico residente. Reúne-se mensalmente para discussão  e construção  continuada  dos projetos do programa de residência  e educação continuada e formação dos agentes formadores.
            O Fórum Ampliado é uma instância aberta de discussão, aprimoramento e deliberação dos projetos da Residência em Psiquiatria para todos os interessados (gestores, equipes, residentes, docentes, tutores, preceptores, parceiros externos) no projeto de ensino da Residência Psiquiatria do SSCF e  realiza reuniões periódicas as quais  são  definidas pela COREME do SSCF.
            A gestão tríplice do projeto de Residência em que se articulam COREME, Comissão de Ensino e Fórum Ampliado faz ainda interlocução e presta contas às instâncias de gerenciamento do SSCF, às Gerências das Unidades Assistenciais e  dialoga mais diretamente com o Colegiado Gestor e   Secretaria Executiva.
            Esta interlocução tem se mostrado fundamental desde o início da Residência, para sua construção, sustentação e avaliação periódicas. As gerências das unidades, as equipes das unidades e demais representantes da instituição, além de incluírem em suas rotinas a condição do ensino são co-responsáveis pelas estratégias e caminhos adotados pelo projeto.
            No cotidiano do cuidado, co-responsabilizam-se também pelo acolhimento dos médicos residentes, discussões e transmissão de seu “saber-fazer”, somando e servindo de contraponto aos docentes, tutores e preceptores médicos mais diretamente implicados no acompanhamento e supervisão dos residentes.
            Neste sentido, a estrutura organizacional da Residência viabiliza os fluxos de informação e formação necessários a um processo que tem como uma das suas marcas a abertura à construção e reavaliação.

                                                                                 


           


VII)         SOBRE O PROJETO

      A) Introdução

      Este caderno de apresentação do projeto de formação de psiquiatras do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira é um dos frutos da elaboração, discussão e trabalho coletivo do conjunto de atores institucionais implicados neste percurso.
Os encontros entre estes atores, individuais e coletivos: equipes, gerências, tutorias, docentes, parceiros de outras instituições, residentes é a estratégia política para a gestão, elaboração e realização deste projeto nas unidades assistenciais onde os residentes transitam (campos de prática) e para a formação teórica desses profissionais  (eixos de saber).
 A tripla coordenação do projeto (Coodenação da residência, Coordenação do Candido Escola, Direção Técnica do SSCF/Presidência da COREME) procurou  destacar destes encontros aqueles elementos que consideramos atravessarem e se repetirem em meio às diferenças e heterogeneidades, buscando não a sua unificação, mas traçar princípios, fundamentos, centros de força, diretrizes e interseções. Essa leitura institucional e dos processos de ensino-aprendizado é a que orienta a formulação do objetivo de formação e da sua metodologia.
Podemos assumir hoje que o objetivo de formação da Residência de Psiquiatria do SSCF é formar psiquiatras no SUS e para o SUS, o que não exclui que os destinos e a capacitação profissional de nossos alunos passem por outros destinos. Se o Campo da Saúde Mental Pública é marcado pela movimentação e tensionamento de atores, fazeres e saberes, ou seja, está em perene renovação e construção, a efetivação do objetivo desta Residência implica num movimento que é o mesmo, mas aplicado e respeitando e especificidade do trabalho de formação.  
O Caderno se dirige especialmente aos interessados em candidatar-se a uma vaga em nossa residência,  propondo claramente no caso  e para estes leitores “candidatos” o primeiro contato com uma apresentação do projeto e também um primeiro trabalho de leitura crítica e elaboração, tipo de trabalho que sob diversas formas é exigido ao longo de todo o estágio em questão. Isto para que possa situar-se melhor e bem dizer do seu desejo por ingressar como médico residente nesta Rede de Ensino.
Também se dirige aos residentes “em percurso”, nossos colegas de trabalho, muitas vezes confrontados com uma realidade institucional e demandas estranhas, novas e por vezes angustiantes. Confrontados também com os encontros e desencontros que a abertura de uma atividade clínica comporta. Com as primeiras constatações de furos nos saberes, técnicas e modelos institucionais e políticos de Saúde e com a inquietante tarefa de deslocar esta busca por respostas para o campo imprevisível da interlocução com o discurso dos usuários, implicando-os na criação de soluções singulares para os impasses de suas vidas.
Para além do médico em formação, este texto reporta-se também aos nossos parceiros. Pessoas, coletivos, instituições, instâncias governamentais, outras instituições de ensino cuja presença representa uma alteridade e uma diferença em relação àqueles que estão inseridos neste projeto de formação.  Para eles, este texto de antemão agradece as inúmeras contribuições, dá visibilidade, apresenta e também presta contas de um investimento realizado pelo e privilegiadamente para o SUS.

B) “Que psiquiatra?” & “Que psiquiatra para a Saúde Mental?”

É interessante notar que o movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileiro foi balizado pela crítica sobre o pacto denunciado por Foucault, Basaglia dentre outros, entre os dispositivos e saber médicos e um tipo de racionalidade hegemônica produtora de controle e exclusão, a mesma racionalidade produtora das figuras da doença mental.
Retomar a questão da formação do psiquiatra neste contexto significa rever e reelaborar uma série de ideais e talvez forjar outros. Revisitar a  história da psiquiatria e a clínica clássica, revisar as críticas a que elas foram submetidas; reler nossa história de Reforma Psiquiátrica, nossa prática e sua orientação; ampliar os horizontes para retomada de perspectivas clínicas para então recolocar a importância do saber e da figura médicas em outras bases.
Assim, este projeto de Residência em Psiquiatria pretende pensar o psiquiatra inserido em outras instituições que não apenas as hospitalares “clássicas”, adotando princípios diagnósticos não reducionistas, cidadãos em sua prática, capazes de inserção e interlocução real com as equipes e formuladores de intervenções clínicas e projetos terapêuticos.
Pretende também revalorizar e bem situar o saber psiquiátrico mais contemporâneo e seus recursos terapêuticos, notadamente psicofarmacológicos (dentre outros)  nesse contexto, formando profissionais capazes de revisão crítica e de uma prática clínica, em suas diferentes modalidades, orientada pelo resgate da subjetividade dos usuários e dos profissionais.
Em uma palavra, formar sujeitos abertos à criação e à inventividade, competências essenciais diante dos impasses e impossibilidades clínicas, institucionais e políticas que a prática da escuta clínica e em Saúde Mental sempre nos propõem. Está claro também que ao dizer o que se espera de um médico residente em formação, dizemos, ao mesmo tempo o que se espera, como formação, de todo um conjunto de trabalhadores da Saúde Mental.
Como sabemos do valor ilusório das respostas norteadas exclusivamente pela constituição de nossos ideais, duas perguntas que insistiram, insistem e gostaríamos que permanecessem sempre abertas em nosso horizonte (uma vez que sempre respondidas parcialmente):
Primeira: “Que psiquiatra queremos formar?”
Segunda: “Que psiquiatra para o campo da Saúde Mental Pública?”.
Esse par de questões não se superpõem ou se dissolvem. A primeira refere-se à formação de médicos psiquiatras cujo núcleo e diretrizes localizam-se no que a ciência médica produz acerca da identificação, diagnóstico e tratamento dos transtornos mentais e as intervenções que gravitam em torno destes eixos. São eixos que consideramos caros ao nosso projeto. Sabemos, entretanto, que este conjunto de competências e habilidades não levam necessariamente ou garantem à boa inserção dos psiquiatras nos projetos de Saúde Mental Pública.
Por isso a segunda questão circunscreve a primeira. Além produzir coerência com a trajetória histórica desta instituição, tomar a noção de direito à expressão da diferença, crucial à noção de cidadania que orienta a Reforma, tem implicações diretas sobre a clínica que se pretende exercer, sobre a formação ética e inserção política dos profissionais neste campo.
Tem implicações também no estilo de gestão e na discussão metodológica deste projeto de formação, que difere, tanto da estrutura das residências médicas tradicionais quanto dos processos de formação superior. A gestão busca transitar e fazer uma leitura dos espaços coletivos e responsabiliza-se pelo ancoramento ético do projeto às diretrizes maiores do SSCF, bem como pelo encaminhamento dos fluxos decisórios junto à Gestão Executiva e das Unidades de Cuidado da instituição.
A metodologia de ensino-aprendizado, se é possível pinçar da total heterogeneidade dos campos de prática e eixos teóricos da Residência, um traço característico, é marcada pela formulação e discussão permanente de dispositivos que promovam a implicação de alunos, docentes e tutores, a partir de suas experiências práticas, na aquisição, formulação e reformulação permanentes de seu saber-fazer em Saúde Mental.  Os mesmos princípios metodológicos pensados para residentes aplicam-se à educação permanente do corpo de tutores e docentes.
Como operacionalizar estes pontos na prática? Podemos dizer que ao longo destes anos estamos esboçando um método que foi nomeado por Emerson Merhy em sua contribuição a este Caderno. Um método próprio a uma “Rede-Escola”. Uma rede de cuidado à qual se integra uma função de ensino e transmissão redefinindo-a. Uma “Red’ escola”?
 Localizemos então a geografia desta Rede. O amplo e maior universo institucional do Cândido Ferreira hoje em dia caracteriza-se geograficamente por sua dispersão que pode ser apreendida pelo recorte da geografia dos campos de prática. No distrito de Sousas encontram-se os Núcleos de Atenção à Crise, Núcleo de Atenção à Dependência Química e Núcleo Clínico (os três formam o “Núcleo de Retaguarda”) bem como o espaço oficial em que se realizam atividades teóricas e de discussão. 
No espaço da cidade se localizam os CAPS III (R2 e R3), os CAPS-ad (R1), os Centros de Saúde (R2 e R3), os hospitais Mario Gatti (R2 e R3), o Hospital das Clínicas da UNICAMP (R1 e R2 ), as unidades dos CAPSi CEVI e “Espaço Criativo” (R2 e R3). Isto para não dizer dos parceiros e atividades dispersos e eventuais que seria difícil elencar.
A Residência de Psiquiatria do SSCF se define a partir dessa rede articulada de serviços e atores coletivos e individuais. A palavra “articulada” qualificando “rede” é de importância estratégica pois sabemos que a simples geografia não implica num funcionamento, numa interlocução, numa troca de experiências e numa vinculação, cruciais em se tratando de cuidado e formação. Isto quer dizer  que o médico residente inserido neste projeto estará implicado então com a necessidade de “fazer rede”, ou seja, não garantir-se ou basear suas intervenções clínicas e institucionais apenas no saber técnico, mas na interlocução com os diferentes, com o externo, seja dentro das equipes, seja na interface dos serviços.
A formação e as instituições médicas (vide toda a discussão acerca da reformulação do ensino médico) aparte sua contribuição inegável para eficácia diagnóstica e terapêutica bem como os avanços científicos que elas comportam, nem sempre produzem a necessidade de se “fazer rede”. É sabido também que o saber médico pode oferecer o risco de transformar-se num saber protocolar ou numa técnica cara, distanciando-se da real necessidade do campo da Saúde Pública, numa ilusão de autonomia.
Assim, de imediato a idéia de “fazer-rede” contrapõe-se à idéia de autonomia entendida aqui como auto-suficiência e isolacionismo. Também contrapõe-se à idéia de que exista um saber totalizante, que responda a tudo no campo da psiquiatria ou da Saúde Mental A autonomia que se pretende fazer nesta rede é autonomia que não exclui a dimensão do Outro, mas faz-se com e a partir deste externo.
Daí a importância, também para os eixos teóricos que percorrem total ou parcialmente os três anos de formação, introduzirem em sua realização, aqueles conteúdos que fazem fronteira com o núcleo essencial da formação do psiquiatra, bem como a dimensão da experiência que os residentes atravessam a cada ano como orientadora para os encontros e elemento-chave para formulação conceitual. A despeito do caráter de aprendizado prático que uma residência médica tem, este projeto não abre mão da elaboração e sustentação teóricas da prática em Saúde Mental.
As respostas que este projeto de formação elaborou até agora e poderá dar às inquietações dos residentes são as mesmas que se pode dar às equipes e instituições. Respostas parciais, esburacadas. A partir deste desamparo, desta incompletude e movidos mesmo por ela fazemos nossa aposta na formação. Criar! Inventar!
                                                    
                                                                                        Ricardo Azevedo Pacheco
                                                                                        Coordenador da Residência 



VIII)       OBJETIVOS E PRINCÍPIOS GERAIS


      A aproximação e a troca entre Saúde Pública e Saúde Mental não é nova. Reconhecidamente há uma interpenetração histórica, metodológica, conceitual e política entre os movimentos de Reforma Psiquiátrica Brasileira e o movimento de institucionalização, construção e aprimoramento do SUS. Ocorre que tal inter-relação não funciona necessariamente como orientadora para os processos de formação de profissionais na área da saúde.
      Esta constatação não é nova e é objeto de discussões que envolvem a interface saúde-educação há algum tempo. Podemos dizer que este projeto de Residência tem a sua existência estreitamente ligada à história do SUS e da Saúde Mental Pública do município de Campinas.   
O processo e as discussões sobre mudanças na graduação médica já conta algumas décadas no Brasil. Ela chegou mais tardiamente aos projetos de Residência Médica. Ambas discussões são cruciais para a transformação da saúde e a implementação, construção e aprimoramento do SUS. Graduação e Residência convergem tendo em vista que projetos de formação não podem ficar distanciados das necessidades de saúde da população nem tampouco das diretrizes das Políticas Públicas de saúde.
Estas necessidades e  diretrizes, e não outras de ordem privada, corporativa ou institucional é que devem orientar os projetos de formação. Assim, incluir mas ultrapassar o aspecto biomédico que define as doenças, inserir o residente em cenários diversos e mais próximos das comunidades e não apenas em cenários hospitalares, ampliar seu contato com a rede de serviços, revisar o papel da clínica, construindo novas formas de produzir saúde, qualificar e re-significar a relação com os usuários, são princípios necessários para consonância entre as políticas do SUS e as políticas públicas de Saúde Mental.
No encontro da Comissão de Ensino de maio de 2008, em que realizamos a discussão dos projetos teóricos e assistenciais desta Residência em psiquiatria, retiramos do texto do projeto do CAPS Toninho a frase que coletivamente acordamos representar o objetivo geral da proposta de formação de psiquiatras do Serviço de Saúde Cândido Ferreira:

“Assim, embasado certamente pelos signos médicos e pela escuta afinada do sofrimento alheio, o residente deverá se colocar como um inventivo disparador de questionamentos e de propostas terapêuticas que possam abranger a integralidade do sujeito que o procura.”  
(projeto de estágio para residentes tutoria/gerência/equipe CAPS Toninho 2008)

 Esta frase reflete aquilo que este projeto tem formulado desde seu nascimento a partir de uma instituição visceralmente implicada com as diretrizes do SUS. Retirar de um projeto formulado num CAPS o objetivo geral para formação do nosso residente não exclui a importância de nenhum outro tipo de dispositivo institucional para o cuidado em Saúde Mental. Sabemos pela prática que a posição central e estratégica de um CAPS não pode se confundir com uma atribuição totalizante. Tampouco isto exclui a discussão necessária sobre cuidados intensivos e internação, bem como outras, fundamentais como emergências e também inter-setorialidade e fluxo com a rede básica.
Também sabemos que nos dispositivos substitutivos não encontramos áreas de atuação próprias ao psiquiatra e fundamentais para sua formação.
Por outro lado, propor parte da formação de médicos residentes em CAPS (CAPSIII, CAPSad, CAPSi) significa uma mudança e um deslocamento em relação aos locais e propostas mais habituais para formação de psiquiatras, mais habituados aos dispositivos ambulatoriais clássicos, às instituições hospitalares ou aos centros universitários.
No nosso contexto, o estágio nos CAPS III acontece no que definimos como  o segundo ciclo de formação, organizado nos dois últimos anos deste projeto de residência. Um ciclo em que progressivamente o médico residente amplia sua responsabilização, inserção e autonomia no serviço.
Os CAPS III são unidades assistenciais que reconhecidamente ocupam um lugar central de tratamento, articulação e organização de fluxos para a rede de serviços em Saude Mental. Por isto mesmo estão submetidos a uma vasta, complexa e quase sempre tensa demanda exige buscar soluções criativas.
 Ao postular a qualificação de criativas, éticas e efetivas como qualificação para toda aquisição de habilidades e competências para o médico psiquiatra em formação, estamos dizendo que nossos eixos teóricos bem como os estágios de nossos campos de prática devem buscar, a partir de seus núcleos disciplinares ou assistenciais, instrumentalizar os residentes na direção deste objetivo.
Entendemos também que esta qualificação deve ser aplicada às propostas terapêuticas em geral a serem formuladas por psiquiatras independentemente do contexto em que estejam inseridos ou mesmo de sua inserção ou não numa rede pública de cuidados à saúde, pois ela diz respeito, em última instância, à construção por parte de cada residente, de um estilo próprio de escolha e manejo das teorias e técnicas, produzindo um psiquiatra ele também mais subjetivado e menos tecnificado.
Há que se saber questionar para poder então formular ou criar. Neste sentido, ao longo dos dois ciclos que vigoram nestes três anos de formação, espera-se ao mesmo tempo a retomada e re-significação dos signos médicos que marcaram a formação acadêmica dos residentes e sua rearticulação nos novos contextos e com outros discursos.
      Por fim,destacamos também a discussão de casos e construção de projetos terapêuticos individuais (PTIs) como lugar privilegiado de transmissão de saberes e princípios para a prática. PTI ou projeto terapêutico é uma sigla nova para nossos residentes  mas já até um pouco gasta no meio da Saúde Pública. Trata-se, neste campo eminentemente voltado aos coletivos, através do PTI, de buscar a interpretação e leitura da singularidade de um caso ou uma situação e criar respostas, soluções possíveis, encaminhamentos, “aggiornamentos”, também singulares e móveis.
Dispositivo estreitamente atrelado à clínica, o PTI propõe sua ampliação pela busca do singular, pela interlocução entre colegas médicos e não-médicos, pela necessidade constante de sua reavaliação e mudança de rumo. Assim, a presença dos residentes nas construções de PTIs foi enfatizada em todos os projetos campos de prática e eixos de saber, situando-o e incluindo-o de forma progressiva na responsabilização pelos usuários. A construção de PTIs em equipe, com a presença de tutores ou sob supervisão é o campo privilegiado de construção de habilidades e competências e sua aplicação criativa, ética e efetiva.











IX)            METODOLOGIA: EIXOS DE SABER & CAMPOS DE PRÁTICA                                               NOS 2 CICLOS DE FORMAÇÃO

Entendemos a organização do projeto da Residência, nos seus 3 anos, como comportando dois ciclos de formação em que se entrecruzam campos de prática e eixos teóricos. O primeiro ciclo é compreendido pelo primeiro ano de residência (R1) e o segundo ciclo pelos segundo e terceiro anos (R2 e R3). A divisão entre estes dois ciclos bem como o progresso do percurso do residente de um para outro comporta alguns pontos importantes a serem explicitados aqui.
A idéia geral é a de que ao final destes ciclos, marcados em seu início pela atividade assistencial (cuidado/ensino) mas também pela presença de elementos teóricos (ensino/re-significação de saberes acumulados, desconstrução/construção de saberes e de práticas), o médico residente tenha:
A) Revisto pontos de sua bagagem acadêmica
B) Instituído elementos mínimos de apoio técnico-teórico para dar sustentação às suas intervenções
C) Criado uma rede de relações institucionais e com o corpo docente do projeto que lhe permitam escolhas de referências e de supervisores 
D) Criado condições para uma atuação progressivamente mais autônoma e inventiva no campo assistencial e dentro do universo das equipes
O primeiro ciclo pode ser entendido como um momento de acolhimento e habituação nesta Rede Escola, momento importante para a aproximação do médico egresso da graduação com as peculiaridades deste projeto e para a abertura de um exercício clínico, de inserção e diálogo com equipes e de trabalho e construção de projetos terapêuticos.
O primeiro ciclo é momento também de aquisição de elementos básicos para a formulação do diagnóstico médico e para a formulação de intervenções nucleares à formação médica no campo da Saúde Mental.
A experiência com o campo de prática de urgência/emergência psiquiátricas ocupa o R1 e o R2 e acontece no PS do HC da UNICAMP. Localiza-se portanto, entre o primeiro e segundo ciclos, atravessando-os. O OS, tal como outros serviços parceiros: Hospital Municipal Mario Gatti, Centros de Saúde, permitem ao residente novos postos de observação sobre a rede de Saúde do município e contato com processos de trabalho e agenciamento de cuidado diversos.
O segundo e terceiro anos da Residência são agrupados em um ciclo único tendo em vista as linhas de continuidade nos campos de prática e alguns eixos teóricos  neste período.
Esta continuidade é somatória e necessária para a experiência de vínculo e cuidado mais horizontalizado com usuários, para o ganho progressivo de autonomia e responsabilização, para a experiência concreta e real de inserção em equipes de trabalho, nas Políticas de Saúde e finalmente para o desenvolvimento de atividades e projetos particularizados no período final da formação.
Como articuladores e facilitadores deste trânsito e da aposta neste percurso destacamos a figura central dos tutores. Os tutores são aqueles psiquiatras assistentes implicados no acompanhamento e supervisão da atividade dos residentes nos seus campos de prática, tanto os campos no quais os tutores fazem parte das equipes ou em outros, em que eles não têm uma relação de inserção direta na equipe responsável pela assistência naquela instituição (neste caso são chamados “tutores externos”).
A figura do tutor tem sido objeto de discussão e elaboração por parte do coletivo de “docentes”. Ele é o articulador do estágio do residente junto às equipes e gerências: ele protagoniza um aprendizado em serviço implicando o coletivo institucional neste ensino,  responsabiliza-se pela chegada e aproximação   do médico residente com os usuários ou com as equipes, concentra em sua figura e atividade um primeiro e importante vínculo do sujeito em formação  a ser expandido e diversificado ao longo do percurso, convoca as equipes a elaborarem a inclusão em seu contexto mais assistencial de um projeto de educação, participa e/ou indica colegas para participação em atividades de cunho mais estritamente teórico, propicia em sua atividade individual e/ou coletiva junto ao residente momentos e circunstâncias favoráveis à construção de saber.  









X)           EIXOS TEÓRICOS E CAMPOS DE PRÁTICA

De forma breve, nomeamos aqui os campos de prática e eixos teóricos que hoje compõem a grade de atividades dos residentes. Situamos em cada um as oportunidades e ofertas de formação e retiramos dos projetos escritos e discutidos trechos mais significativos e definidores de cada atividade

Primeiro Ciclo (R1):

Campos de Prática:

Núcelo de Retaguarda): Prática com a atenção a usuários em regime de atenção intensiva, intercorrências e urgências psiquiátricas. Primeiro contato com universo e história institucionais, com a prática em equipe e construção de PTIs.

CAPS ad (Alcoolismo/ Drogadição) :  Prática com a atenção a usuários com problemática referida ao uso de substâncias psicoativas em regime externo, não-intensivo e semi-intensivo, de acordo com os PTIs. Primeira experiência em serviço substitutivo.

PS HC: Rodízio entre os 8 R1 e R2

Eixos Teóricos:
 (obs- as disciplinas teóricas para R1, R2 e R3 iniciam-se após as 17:00hs)

Psiquiatria Clínica (R1) Princípios básicos de diagnóstico psiquiátrico e tratamento psicofarmacológico.

Psicopatologia I(R1): Diretrizes gerais para construção de instrumental semiológico e diagnóstico psiquiátricos, a partir do contraponto entre diagnóstico clínico e estrutural. Grandes síndromes psicopatológicas.

Construção do Campo da Saúde Mental (R1, R2,R3): Situa o campo institucional do SSCF e as políticas públicas bem como o campo e o discurso da atenção psicossocial.

Alcoolismo e toxicomanias, Políticas públicas para álcool e drogas (R1): Elementos semiológicos, diagnósticos e de manejo das situações que envolvem dependência de substâncias psicoativas a partir da perspectiva médica e da Saúde Mental. Políticas públicas.


Segundo Ciclo

Campos de Prática:

CAPS III  (R2 e R3): Inserção efetiva e progressivamente mais autônoma em serviço e equipe substitutivas, cuidado não-intensivo, semi-intensivo e intensivo (leito-noite) de usuários com problemática grave em Saúde Mental, atividades e intervenções individuais e grupais para usuários e familiares de escopo médico e atividades mais ampliadas, inserção em equipe interdisciplinar e no contexto de rede da Saúde Mental Pública, formulação de leituras e respostas clínicas em termos de projetos terapêuticos individuais.

Centros de Saúde  (R2 e R3): Inserção em serviço e equipe de Saúde Mental da rede de atenção básica. Atendimento ambulatorial, visitas domiciliares, atividades grupais, articulação com o PSF.

CAPSi: Inserção em serviço intermediário para atenção em Saúde Mental infanto-juvenil de acordo com as diretrizes nacionais de Saúde Mental

Estágio de Neurologia e aspectos clínicos (R2): Estágio de 3 meses a Enfermaria/Ambulatório de Neurologia do Hospital Mario Gatti R2

Grupo de Trabalho Psiquiatria Geriátrica:  (R3).

Interconsulta:  (R3) Inserção e atendimento de demandas de interconsulta no Hospital Municipal Dr. Mario Gatti







Eixos Teóricos:

Intervenções Grupais (R1, R2, R3):
Discussão dos elementos teóricos e técnicos no desenvolvimento do trabalho com grupos nos serviços de saúde mental, decorrentes do movimento da Reforma Psiquiátrica e das diretrizes do SUS, a partir das experiências das equipes das unidades assistenciais do SSCF.

Psicopatologia II (R2) Dá seguimento e avança as bases da psicopatologia I. O enfoque aqui são as patologias contemporâneas sob diversos recortes tendo como eixo novamente o contraponto entre o diagnóstico estrutural e a questão subjetiva (R2)

Psiquiatria Infantil I (R2): Introduzir ao residente os conceitos básicos da psiquiatria da infância e adolescência, aspectos do desenvolvimento cognitivo normal da criança nas diferentes faixas etárias, do nascimento até o final da adolescência, estágios de desenvolvimento neurológico normal da criança e do adolescente,os princípios básicos da semiologia neurológica infantil, avaliação com crianças e adolescentes, modelos de entrevista com crianças, avaliação das funções psíquicas em crianças, princípios gerais do tratamento psicofarmacológico,  papel da medicação, princípios gerais da psicoterapia, principais transtornos psiquiátricos.

Psiquiatria Infantil II (R3): Alterna, mensalmente, temas teóricos relevantes para a prática com crianças e familiares na contemporaneidade com discussões clínicas, filmes cuja temática seja afim e encontros para discussão da problemática da infância a partir da perspectiva psicanalíca

Módulo de Psiquiatria Forense (R3):  Principais aspectos da inter-relação psiquiatria e direito.

Atividades transversais R1, R2 e R3:
Reuniões clínicas: Organizadas anualmente por cada ano da residência, R1, R2,R3. Apresentações abertas ao público da insituição ou mais ampliado. Temática, organização do evento, comentadores, são de responsabilidade do grupo de residentes com os tutores/equipes por eles escolhidos.


           
XI)       Avaliação.

O processo de avaliação se dá bi-anualmente e de forma cruzada. Residentes avaliam o projeto, docentes e tutores avaliam residentes, coordenação e gestão do SSCF avaliam tutores, coordenação e gestão do SSCF avaliam docentes.
Para cada linha de avaliação foram elaborados coletivamente metodologia e instrumentos próprios de acordo com o Regimento Interno da Residência do serviço, aprovado em Fórum ampliado no ano de 2010.

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