segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Montes Claros - por enquanto o prefeito vive às turras com sua base de apoio na Câmara, formada por vereadores subservientes e fisiológicos


Instabilidade dos situacionistas representa risco para Muniz

A falta de obras e o tratamento à base de murro na mesa e desdém têm minado o apoio do por enquanto prefeito na Câmara Municipal. Embora ainda conte com maioria na Casa (15 a 8), vem perdendo sucessivas votações, entre elas a que negou autorização para que o município contraísse empréstimo de R$ 170 milhões junto ao Governo Federal, que derrotou o projeto de reforma administrativa e que derrubou vetos que o prefeito tinha feito nas questões de repasse de recursos para a Santa Casa. Ele também não aprovou da forma que queria o projeto de reajuste dos servidores municipais e em 2014 não poderá reajustar os valores do IPTU.
Por mais que se esforcem, e vários nem se esforçam tanto, é missão dolorosa para os integrantes da base adesista defender Muniz nas reuniões do Legislativo. Mesmo evitando críticas diretas, um a um, eles se revezam na tribuna para reclamar da ineficiência administrativa, em todas as áreas. Como boa parte de sua bancada é fisiológica, a postura arredia está longe de significar atitude de nobreza. O que pesa é a falta de benesses, uma vez que o chefe do executivo nem mesmo atende os requerimentos do seu grupo e, principalmente, as indicações para cargos na Prefeitura.
A estratégia do por enquanto prefeito é esperar. Tenciona usar a munição guardada agora em 2014. Afinal, ele próprio admite ter mais de R$ 115 milhões em caixa. O ano eleitoral, ao que tudo indica, terá sua esposa Tânia Muniz como personagem, candidata não se sabe até agora se à Assembleia Legislativa ou à Câmara Federal, tudo dependendo da avaliação de se vale a pena desonrar compromisso feito com o ex-prefeito Luiz Tadeu Leite, seu apoiador na última eleição municipal. A moeda de troca foi Muniz apoiar o deputado estadual filho de Leite, que tentará a reeleição.
Certo é que o clima eleitoral só começará a contaminar a população em meados do ano. Até lá os vereadores que o apoiam continuarão dando mostras de que não estão suportando mais a pressão popular sobre um governo que não consegue nem mesmo executar com alguma competência os serviços mais básicos, como o recolhimento do lixo.
A insatisfação da população é o pano de fundo, mas os situacionistas também não poupam críticas ao jeito de ser exagerada-mente autossuficiente do ex-presidiário galgado à condição de prefeito de uma das principais cidades do Estado.
Muitos reclamam da forma como ele trata seus aliados, beirando o desrespeito. O risco de insubordinação da base é o fantasma que insiste em perturbar o sono do por enquanto prefeito. Edwan do Detran, Idelfonso da Saúde, Ladislau, dr. Valdivino e Sérgio Pereira, por exemplo, mandam sucessivos recados ao prefeito. Irmão Waldiney chegou a anunciar sua saída, mas uma semana depois já estava de novo nos braços de Muniz, que renovou as promessas de emprego e de construir o Centro de Recuperação de Dependentes Químicos.
O próximo a engrossar o front oposicionista deve ser, segundo ele próprio, Sérgio Pereira. “Desse jeito eu também vou sair”, disse, após novamente reclamar da indiferença de Muniz.
Câmara sepulta “obra” de Tadeu
No local que deveria abrigar Cesu surge a nova sede da Câmara Municipal
A construção do prédio da Câmara Municipal é a “pá de cal” que faltava para sepultar de vez o escândalo do Centro de Estudos Supletivos (Cesu), apenas mais um da lavra do ex-prefeito Luiz Tadeu Leite. É o desfecho do caso de outro desvio de recursos públicos que contou com a omissão da Justiça para ficar impune. Ao que parece, a edificação é a cena final do pacto entre Executivo, Legislativo e Judiciário para a encenação da operação abafa.
Não demora e no lugar onde deveria estar construído o centro de estudos, aparecerá imponente a nova “casa do povo”. O local, ladeado pela Prefeitura e Fórum não poderá mais ser chamado de “prédio fantasma”. Em compensação, estará consolidada a incômoda sensação de impunidade.
Tadeu Leite, considerado o pior prefeito da história de Montes Claros, "construiu” na primeira vez em que esteve no comando da Prefeitura (1983/1988) o prédio do Cesu de Montes Claros, obra para a qual foram liberados recursos de convênio com o governo do Estado. Ficou na fase de alicerce, mas não por muito tempo, visto que a base foi enterrada para virar estacionamento.
Depois de averiguação pelo Tribunal de Contas do Estado, em 7 de dezembro de 2001, o promotor Felipe Gustavo Caires, da Procuradoria do Patrimônio Público de Montes Claros, entrou com ação civil pública, pedindo a suspensão dos direitos políticos de Tadeu e o ressarcimento aos cofres públicos.
O processo do “Caso Cesu” tem quase mil páginas. Em 11 de julho de 2004, o juiz Richardson Xavier Brant, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Montes Claros, determinou liminarmente a indisponibilidade dos bens e a quebra do sigilo bancário do ex-prefeito, de dezembro de 1982 até o fim de 1987. Ironicamente, em 2004, Tadeu, que era deputado estadual, concorria novamente à Prefeitura. Quando foi prefeito à primeira vez, Luiz Tadeu Leite ficou conhecido como o criador de favelas. Hoje, foi “promovido” à condição de caloteiro e corrupto.

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