terça-feira, 5 de julho de 2016

Manga MG. Presidente exonera diretor após ser denunciado por corrupção, mas deve ser expulso do Democratas nos próximos dias

SEGUE O ESCÂNDALO NA CÂMARA DE MANGA

NO 03 JULHO 2016.

 
Vereador Zé de Sá (E) é acusado por Mota, ao centro, de ter coagido Moisés Magalhães (D) a pagar 'mensalinho' na Câmara de Manga. Mota pede renúncia do presidente em denúncia que chega à Casa nos próximos dias
O presidente da Câmara de Vereadores de Manga, José de Sá Elvira (DEM), demitiu, na quinta-feira (30), o diretor-executivo da Casa, Moisés Santos Magalhães. A portaria que exonerou Magalhães é parte dos desdobramentos do escândalo que deixou a população da cidade estarrecida. Pivô da crise, Moisés Magalhães compareceu à Coordenadoria Regional da Defesa do Patrimônio Público e Ordem Tributária do Norte de Minas, em Montes Claros, um dia antes da demissão, na quarta-feira 30, quando denunciou o vereador José de Sá Elvira de participação em suposto esquema de corrupção no comando do legislativo. 
“Ele me exonerou porque eu revelei o esquema de corrupção na Câmara de Manga. Não queria que as coisas tivessem chegado ao ponto que chegaram, mas agora não tem mais jeito. Vamos pedir a cassação do mandato dele e sua expulsão do partido”, diz um Moisés relativamente sereno diante do tamanho da confusão em que está metido. O presidente em exercício da comissão provisória do Democratas em Manga, Hugo da Mota Miranda, que é filiado ao PSDB, foi o responsável por trazer a público os supostos atos praticados vereador José de Sá. Mota já tem pronta a denúncia em que pede seu afastamento imediato da Presidência da Casa. O documento foi redigido pelo advogado Fábio Oliva, ligado ao ex-prefeito e novamente candidato Joaquim de Oliveira, o Joaquim do Posto. A entrada de Oliva no caso foi a pedido da bancada de oposição, ligada ao Joaquim do Posto, que diz já ter número de votos suficiente para afastar o presidente do cargo.
A denúncia deve ser protocolada ainda esta semana na Câmara de Manga, mas os prazos só começam a contar após o fim do recesso legislativo, na primeira semana do mês de agosto. Segundo a denúncia, o presidente José de Sá promoveu Moisés Magalhães, em outubro do ano passado, para o cargo de diretor-executivo com o compromisso de receber um ‘mensalinho’ no valor de R$ 500.
Réu confesso em pelo menos dois crimes, Magalhães disse ter sido coagido pelo ex-chefe para fazer os depósitos sequenciais de parte do salário na conta do presidente entre os meses de outubro de 2015 até este mês junho, quando o esquema foi denunciado por meio de notas oficiais divulgadas por Hugo Mota. Segundo Moisés, a mesada por José de Sá era destinada ao pagamento de uma funcionária 'avulsa' da Câmara, com quem o presidente engatou um romance.  
A confusão que coloca em lados opostos o ex-correligionários democratas Hugo Mota e José de Sá é reação à tentativa do presidente da Câmara em tomar a direção do partido no município. O vereador chegou a visitar a sede estadual da agremiação ara tentar extinguir a comissão provisória presidida interinamente por Hugo Mota, que não gostou da autonomia do vereador. A resposta de Mota veio com a divulgação de 'notas oficiais' em redes sociais e para veículos de imprensa da região, em que acusa o presidente da Câmara de corrupção e improbidade administrativa.
Hugo Mota chegou a estipular prazo de 48 horas para a renúncia do presidente, que acabou não acontecendo. Antes disso, o presidente do DEM ligou para familiares e amigos do presidente da Câmara, com pedidos de que o convencesse a desistir do mandato. Em lugar da renúncia, José de Sá optou por demitir Moisés Magalhães, no último do prazo permitido pela Lei Eleitoral para exoneração ou nomeação de servidores públicos - o último dia útil do mês de junho. 
O ditado popular que diz que chumbo trocado não costuma doer pode valer para a briga nos intramuros do DEM manguense. A reação de Hugo Mota para a demissão do amigo Moisés Magalhães deve ser a expulsão do partido do vereador José de Sá, que alega ter feito um empréstimo de R$ 3 mil para o ex-assessor. Os depósitos que Magalhães diz ter feito em sua conta seriam, segundo o vereador, a quitação das parcelas da dívida. O ex-servidor da Câmara rebate com outra denúncia grave: o presidente Zé de Sá teria forjado um contrato para justificar os pagamentos, além de ter obrigado o então diretor-executivo a assinar promissórias para assunção do empréstimo. Mais uma vez, segundo Moisés, ele foi obrigado a assinar os documentos falsos sob ameaça de demissão.  
O tempora! o mores!
E por que o presidente do Democratas demorou tanto para trazer o assunto para a luz do sol e a esfera pública? “Eu não tinha conhecimento da corrupção que acontecia lá, até um vereador me revelar a existência deste esquema. Foi quando procurei um dos funcionários envolvidos para saber da veracidade ele confirmou a história. Fizemos um processo disciplinar partidário com base nas provas recebidas e repassadas e demos o prazo de oito dias para que o vereador apresentasse sua defesa, mas ele se negou”, justificou Hugo Mota em nota enviada ao site.
Hugo Mota, que recentemente indicou uma pessoa de suas relações para atuar no departamento jurídico da Câmara de Manga, diz que mantinha com o presidente José de Sá “uma troca de favores” para garantir sua legenda na sua busca pela reeleição para um segundo mandato. “Os filiados ao Democratas de Manga, em sua maioria absoluta, não queriam que déssemos legenda ao vereador Zé de Sá e ele nos ofereceu a indicação de alguns funcionários em troca de poder ser candidato. Nosso compromisso era o de ajudá-lo em algumas localidades. Mas isso foi antes da revelação do esquema de corrupção”, ele explica.
Procurado, o vereador José de Sá não retornou aos contatos. Ele tem dito a pessoas próximas que tem como provar o empréstimo ao ex-diretor Moisés Magalhães e promete acionar Hugo Mota judicialmente em ação de calúnia e difamação. Renúncia, segundo uma fonte, é a última coisa que passa pela cabeça do presidente da Câmara. Como diria o romano Cícero sobre outro período de depravação na política: “Oh tempos, oh costumes!'.
Da roupa suja que o DEM de Manga resolveu lavar em público ficam duas certezas: o presidente da Câmara José de Sá Elvira já não dispõe de condições éticas e morais para continuar no cargo. Sai daí, Zé! Lado outro, como diriam os advogados chamados a apagar o incêndio, as pretensões políticas de Hugo Mota para esta temporada eleitoral ficaram seriamente avariadas. 
http://www.luisclaudioguedes.com.br/index.php/245-destaques/4597-segue-o-escandalo-na-camara-de-vereadoes-de-manga

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