quinta-feira, 7 de julho de 2016

Superlotadas, delegacias Cearenses anunciam "risco de fuga" em cartazes

06/07/2016 18:44 
Delegacias da Grande Fortaleza estão recebendo cartazes indicando "risco de fuga de presos" para alertar a população. A ação é do Sindicato dos Policiais Civis do Ceará, que reclama da superlotação nos prédios, causada pela limitação de transferência de detentos para o sistema prisional. Nos últimos dez dias, mais de 30 presos fugiram de delegacias. Segundo a vice-presidente do sindicato da categoria, Ana Paula Cavalcante, no fim de semana havia 1.106 presos custodiados em delegacias somente na região metropolitana da capital cearense. De acordo com a coordenadora da Execução Criminal, Flávia Unneberg, a capacidade de todas delegacias da Grande Fortaleza é de cerca de 200 presos. "O trabalho nas delegacias de polícia está dificultado, em virtude dessa situação de encarceramento indevido e os presos estão em situação aviltante, em celas com 30 presos quando o espaço era para cinco, com risco de fuga e outros problemas que comprometem a segurança e a atividade policial", disse. O problema de manter presos em delegacias cearenses é antigo, mas piorou depois de maio, quando uma rebelião terminou com 14 mortes e vários presídios destruídos. Desde então, houve uma "redução no recebimento de presos nas unidades prisionais". "Atualmente, a entrada de presos ocorre proporcionalmente às saídas por alvarás ou outras medidas judiciais", afirmaram, em nota conjunta, as secretarias da Justiça e Cidadania e da Segurança Pública e Defesa Social. "A gente vive uma situação limite em relação aos presos, um caso histórico por conta dessas rebeliões. Estamos à beira do insuportável. A maioria dessas delegacias são casas que foram reformadas, sem nenhuma estrutura para comportar pessoas detidas", disse Ana Paula. "Então eles cavam o chão, serram as grades, rendem agentes." No sábado (2), 20 presos escaparam do 3º Distrito Policial, sendo que seis deles foram recapturados em seguida. No dia 27, 12 presos fugiram do 20º Distrito Policial. Dois dias antes, cinco presos serraram as grades das celas do 8º Distrito e também escaparam. "Além disso, temos várias fugas abortadas", lembra. A maioria dos presos está sendo mantida nas oito delegacias plantonistas da Grande Fortaleza. É nesses prédios que estão sendo colocados os alertas. "Estamos conversando também com as pessoas que moram ao lado, que passam pelos locais e não sabem o risco que correm. Ao contrário dos presídios, que ficam em áreas distantes, as delegacias são fincadas na zona urbana da cidade, ao lado de casas, padarias, escolas. Queremos protestar, sim, mas também alertar as pessoas que transitam nessas áreas", afirmou Ana Paula. Segundo o sindicato, dos 2.600 policiais, pelo menos 600 estão ocupados com a custódia de presos. "Nosso efetivo, na década de 1980, era de 4.500 policiais, com uma população de 5 milhões de habitantes. Hoje, temos 9 milhões de pessoas e quase metade do efetivo. E uma parte, que deveria estar investigando crimes, não pode", diz a vice-presidente. "Essa falta atrapalha enormemente, e o Ceará vive uma explosão de violência."

Nenhum comentário:

Postar um comentário