O Ipê, uma das árvores mais queridas e representativas do Brasil, pode, no futuro, ajudar muito na cura do câncer de mama. Uma pesquisa desenvolvida pela doutoranda Kátia Mara de Oliveira, do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), sob a orientação do professor Alzir Batista, mostrou em testes em laboratório que o lapachol, uma substância retirada da casca do ipê roxo, tem alto poder de mortandade sobre as células do câncer de mama. A pesquisa ocorre desde 2012. O objetivo da química era aliar produtos naturais com propriedades anticancerígenas ao rutênio, um metal muito parecido com o ferro – que ajuda a transportar as substâncias até as células doentes – para criar compostos mais eficientes que os medicamentos utilizados para o tratamento de câncer atualmente e diminuir os efeitos colaterais. A química testou os novos compostos em células humanas com câncer de próstata, mama e pulmão. Nos primeiros testes, eles se mostraram muito ativos contra as células de câncer de mama, e detalhe, do tipo mais agressivo, o que não sofre influência de hormônios para se desenvolver e, portanto, mais difícil de combater. Para realizar os testes, ela usou o lapachol extraído do ipê roxo por técnicos da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro, e aplicou o composto em células humanas doentes e saudáveis adquiridas em um banco de células.Mata a célula por dentro : O composto com lapachol matou as células por apoptose, também conhecida como "suicídio celular. A substância consegue entrar nas células cancerígenas – por mecanismos que ainda estão sendo estudados – e desregular o funcionamento da célula, fazendo com que ela decida morrer. Esse mecanismo de morte das células é menos agressivo que a necrose, que pode causar inflamações. Com o progresso da pesquisa, Kátia sintetizou uma nova série de compostos para melhorar ainda mais os resultados e dois deles se mostraram muito seletivos, ou seja, agem mais nas células tumorais do que nas saudáveis. Isso é importante para o bem-estar do paciente que perde menos células saudáveis durante o tratamento. “Esses compostos agiram 20 vezes mais nas células tumorais do que nas células saudáveis”, contou a pesquisadora.
Menos alimento e transporte para as células doentes: Parte da pesquisa foi realizada nos Estados Unidos. Por nove meses, Kátia ficou na Virginian Health University (VHU), em Richmond, no estado norte-americano da Virgínia, estudando outro grande diferencial do composto com lapachol. Ela descobriu que essa substância inibe a formação de vasos sanguíneos, que são utilizados pelo tumor para se alimentar e também para espalhar células cancerígenas pelo corpo, causando metástase. “O metabolismo do tumor é mais acelerado do que das outras células, o que aumenta a vascularização do local porque são criados vasos sanguíneos para alimenta-lo. Esses vasos são utilizados pelas células que saem do tumor para se deslocarem para outras partes do corpo. Inibindo a angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos) ao mesmo tempo em que o tumor não tem alimento, a migração das células tumorais não acontece porque não há caminhos para isso”, explicou Kátia. Segundo a pesquisadora uma quantidade muito pequena do composto é suficiente de obter o resultado de inibição de vasos sanguíneos.
A pesquisa precisa agora passar para testes em animais, mas corre risco de parar por falta de recursos. “O trabalho não deveria parar. Como a gente teve bons resultados, seria interessante continuar, e ele precisa de investimentos para prosseguir o desenvolvimento, fazer ensaios in vivo, porque a gente tem resultado in vitro, mas não sabe como vai funcionar in vivo e para chegar a um fármaco é um longo trabalho”, ponderou Kátia. Segundo Batista, que orientou o projeto até agora, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) não concedeu a bolsa de pós-doutorado para a continuidade da pesquisa. "As pesquisas ficam prejudicadas, pois pessoas como a Katia, que tem experiência no tema ficam impedidas de darem continuidade às pesquisas, cujos passos seriam testar os compostos em camundongos, portanto, in vivo", afirmou. (G1)
A pesquisa precisa agora passar para testes em animais, mas corre risco de parar por falta de recursos. “O trabalho não deveria parar. Como a gente teve bons resultados, seria interessante continuar, e ele precisa de investimentos para prosseguir o desenvolvimento, fazer ensaios in vivo, porque a gente tem resultado in vitro, mas não sabe como vai funcionar in vivo e para chegar a um fármaco é um longo trabalho”, ponderou Kátia. Segundo Batista, que orientou o projeto até agora, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) não concedeu a bolsa de pós-doutorado para a continuidade da pesquisa. "As pesquisas ficam prejudicadas, pois pessoas como a Katia, que tem experiência no tema ficam impedidas de darem continuidade às pesquisas, cujos passos seriam testar os compostos em camundongos, portanto, in vivo", afirmou. (G1)
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