Dr. Pedro Pinheiro
O clonazepam, mais conhecido pelo nome comercial Rivotril, é uma droga que pertence à classe das benzodiazepinas, frequentemente usada no tratamento da síndrome do pânico e no controle da crise convulsiva (leia: EPILEPSIA | CRISE CONVULSIVA | Sintomas e tratamento).
Neste artigo vamos abordar, em linguagem acessível para o público leigo, o mecanismo de ação do clonazepam, sua posologia habitual, os seus efeitos colaterais, suas contraindicações e a ocorrência de interações com outros medicamentos.
Obs: como são o mesmo medicamento, ao longo do artigo, vamos usar os nomes Rivotril e clonazepam como sinônimos, já que não há diferenças relevantes entre o genérico e o medicamento de marca.
PARA O QUE SERVE O CLONAZEPAM
Assim como qualquer benzodiazepínico, o clonazepam é um ansiolítico, ou seja, uma droga que age diretamente no sistema nervoso central, deprimindo a sua atividade e reduzindo a ansiedade.
Vamos a uma rápida explicação do mecanismo de ação do Rivotril para que possamos entender a sua utilidade em doenças como o distúrbio do pânico.
O nosso sistema nervoso central possui neurotransmissores que são estimulantes e neurotransmissores que são depressores (desestimulantes). O equilíbrio entre esses dois tipos de neurotransmissores é que nos mantém alerta e emocionalmente/psicologicamente estáveis.
Um dos principais neurotransmissores depressores é o GABA (ácido gama-aminobutírico). A ação inibitória do GABA sobre os neurônios provoca, entre outras ações, aumento da sonolência, redução da excitação, diminuição do tônus muscular e letargia. Os benzodiazepínicos, como o Rivotril, são drogas que potencializam a ação do neurotransmissor GABA, provocando, portanto, aumento do seus efeito efeitos inibitórios sobre os neurônios.
Esse aumento da ação do GABA torna o Rivotril, e outros benzodiazepínicos, muito úteis no tratamento da síndrome do pânico, pois ele age diminuindo a ansiedade, reduzindo a frequência das crises e inibindo o sentimento de medo. A ação inibitória do GABA nos neurônios do córtex motor também torna o clonazepam uma excelente opção para o controle da crise convulsiva.
De todos os benzodiazepínicos disponíveis no mercado, o clonazepam é atualmente o mais indicado para o tratamento da síndrome do pânico. Além de ter um tempo de ação maior, o que reduz o número de vezes que o paciente precisa tomar comprimidos ao longo dia, o Rivotril também provoca menos “escapes” do efeito ansiolítico, isto é, quando começa a chegar na hora de tomar um novo comprimido, o Rivotril ainda consegue manter o paciente calmo. Não há, portanto, perda importante do efeito do comprimido entre as suas doses.
COMO TOMAR O CLONAZEPAM
No Brasil, o clonazepam genérico e o Rivotril são vendidos em comprimidos ou gotas. As dosagens existentes são:
- Rivotril comprimido sublingual 0,25 mg.
- Clonazepam ou Rivotril comprimido 0,5 mg.
- Clonazepam ou Rivotril comprimido 2,0 mg.
- Clonazepam ou Rivotril solução oral 2,5 mg/ml.
A dose inicial do clonazepam para o distúrbio do pânico é 0,25 mg, 2 vezes por dia (dose diária total de 0,5 mg). A dose pode ser aumentada com acréscimos de 0,25 a 0,5 mg/dia a cada três dias até que o distúrbio do pânico esteja controlado ou até que os efeitos colaterais impeçam novos aumentos. Em geral, são necessárias doses de 1,0 a 2,0 mg por dia para o controle dos sintomas. Alguns pacientes podem precisar de doses mais elevadas, contudo, sugere-se não ultrapassar a dose total de 4,0 mg por dia.
A solução oral do rivotril é de 2,5 mg/ml, o que significa aproximadamente 0,1 mg por gota. Portanto: 5 gotas = 0,5 mg; 10 gotas = 1,0 mg. A dose inicial do rivotril em gotas é de 2 a 3 gotas (0,2 mg a 0,3 mg) tomadas 2 vezes por dia. Pode-se aumentar 1 a 2 gotas em cada tomada a cada 3 dias, até atingir a dose alvo diária de 1,0 a 2,0 mg por dia.
Nos pacientes que têm de epilepsia com síndrome convulsiva, a dose inicial é de 0,5 mg, 3 vezes por dia (dose diária total de 1,5 mg). A cada 3 dias, a dose diária pode ser aumentada em 0,5 a 1,0 mg, até que as crises estejam controladas. A dose máxima recomendada para epilepsia é de 20 mg/dia.
EFEITOS COLATERAIS DO CLONAZEPAM
Os principais efeitos colaterais do clonazepam estão habitualmente associados à depressão do sistema nervoso. Alguns efeitos são transitórios e desaparecem espontaneamente no decorrer do tratamento. Em muitos casos, a redução da dose é suficiente para controlar os efeitos adversos. A elevação lenta e progressiva da dose no início do tratamento ajuda a amenizar e a reduzir a incidência das reações indesejadas.
Os principais efeitos colaterais do Rivotril são a sonolência, cansaço, diminuição da coordenação motora, diminuição da capacidade de concentração e amnésia para eventos recentes. Outros efeitos comuns são a tontura, aumento da salivação, dor muscular, distúrbios do sono, aumento da frequência urinária e visão borrada. O uso do Clonazepam pode provocar em algumas pessoas pensamentos suicidas, principalmente se o paciente já tiver depressão grave.
Um efeito adverso curioso das benzodiazepinas é a chamada reação paradoxal. Em vez do medicamento causar inibição do sistema nervoso, ele provoca um efeito contrário, deixando o paciente hiperativo e, às vezes, agressivo. Esse efeito é mais comum em pessoas jovens e em pacientes psiquiátricos.
Pacientes que fazem uso de benzodiazepínicos por muitos meses podem criar dependência, sofrendo efeitos de abstinência quando suspendem a droga. O clonazepam também podem provocar esses efeitos, mas eles costumam ser menos intensos do que em outros benzodiazepínicos, como alprazolam, lorazepam e oxazepam.
CUIDADOS E CONTRAINDICAÇÕES DO CLONAZEPAM
Por causa da sonolência e da redução dos reflexos motores, os pacientes que tomam Rivotril não devem manusear máquinas pesadas nem dirigir carros sob o efeito da droga.
A droga também deve ser administrada com cautela em pacientes com doenças do fígado, em pessoas com depressão grave, com histórico de abuso de drogas ou álcool ou em idosos com elevado risco de sofrer quedas.
O clonazepam não deve ser usado na gravidez e durante o aleitamento materno.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOS DO CLONAZEPAM
O fato de existir interação não significa que as drogas não possam ser usadas concomitantemente, mas sim que o seu uso deve ser feito com cautela, tendo em mente que a ocorrência de efeitos colaterais pode ser maior.
Dezenas de medicamentos interagem com o clonazepam. A lista é muito longa e não vale a pena expô-la por completo aqui, uma vez que ela pode ser encontrada em qualquer bula do clonazepam. É importante destacar, porém, que qualquer substância que também provoque depressão do sistema nervoso não deve ser usada junto com o clonazepam, incluindo bebidas alcoólicas e anti-histamínicos..
Exemplo de drogas que não devem ser associadas ao Rivotril:
- Zolpidem.
- Erva de São João.
- Metadona
- Olanzapina.
- Talidomida.
- Ácido fusídico.
- Droperidol.
https://www.mdsaude.com/2014/10/rivotril-clonazepam.html
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