sábado, 24 de fevereiro de 2018

Comandante do 14º BPM de S. A. de Jesus revela: “Se passou 5 meses e nunca fui demandado pelos vereadores da cidade”


23/02/2018 22:22 
Comandante do 14º BPM de S. A. de Jesus revela: “Se passou 5 meses e nunca fui demandado pelos vereadores da cidade”
Foto: Voz da Bahia
A população santantoniense tem reclamado sobre os índices de violência da cidade, mesmo com os órgãos de segurança pública sempre apontarem uma redução dos números de crimes intencionais contra a vida. Em contrapartida a quantidade de furtos e roubos é constante, o que chateia os cidadãos. O comandante do 14º BPM (Batalhão de Policia Militar) em Santo Antônio de Jesus, Major Jáder Martins foi entrevistado pelo Voz da Bahia, através do programa “Meio-Dia e Meia com Marcus Augusto”, onde comentou sobre as últimas ocorrências policiais e também sobre o entendimento do que é a real face da violência, “quando as pessoas questionam sobre violência, temos que ter um parâmetro. A quem interessa esse discurso que Santo Antônio de Jesus é violenta? Quais pesquisas você tem? Quando se trata e violência só temos dois campos: estrutural e a criminal. Esta cidade é violenta criminal ou estruturalmente? Se fizermos uma pesquisa sobre as 10 cidades mais perigosas do Brasil, duas são da Bahia, sendo Simões Filho e Lauro de Freitas. A população de Santo Antônio de Jesus é muito maior e não se enquadra neste quesito, nem Feira de Santana está neste gráfico. Então eu pergunto mais uma vez: A quem interessa esse discurso de que esta cidade é violenta? Eu fico preocupado com as pessoas falando sem conhecimento de causa, não podemos tratar de segurança de pessoas por ‘assim dizer’. É necessário estudar, eu não faço trabalho empírico, por isto quando alguém for assaltado deve prestar queixa na delegacia para que nos estudemos a cidade como um todo e identificar horários, locais e motivação. Não somos oniscientes, mas com a ajuda da comunidade conseguimos debelar”, falou.
Crime na Urbis 4: Na última quarta-feira (21), um homem morreu em troca de tiros com facções criminosas e mais dois foram mortos em confronto com a Polícia Militar na Urbis 4 (veja aqui), sobre o caso, o comandante afirmou que os policiais foram treinados para ter sucesso nesse tipo de ação imediata, deixando o termo “cidade violenta” sem cabimento, “foi uma pronta resposta da PM, eles provaram que em Santo Antônio de Jesus tem uma polícia qualificada e muito bem treinada. Houve o confronto com facções e o cidadão foi baleado, de imediato a PM chegou ao local, identificou os meliantes, deu voz de prisão e eles reagiram, na reação foram alvejados e levados ao HRSAJ (Hospital Regional), mas vieram a óbito. Estamos dando uma pronta resposta, mas não é para uma pessoa, são para todas as famílias que tem filhos sendo aliciados pelo tráfico de drogas. Esse discurso de ‘cidade violenta’ não prospera, não tem legitimidade para se dar ouvidos”, disse.
Vereadores nunca o procuraram: O comandante pontuou também sobre a falta de apoio dos órgãos públicos do município, desde o poder Legislativo até as entidades comerciais, “em uma das entrevistas que dei a imprensa eu disse assim: ‘Gostaria de ser fiscalizado, de ser cobrado, de conversar com os vereadores sobre o papel da PM na cidade’. Se passou 5 meses e nunca fui demandado pelos vereadores da cidade. Nem a imprensa nem o Legislativo. Eu preciso de aproximar da comunidade, mas qual a forma mais fácil que tenho de entrar nela? Com o representante da mesma, que é o vereador! Hipoteticamente, se eu tenho um furto ou estupro em uma determinada rua que é esburacada não tem iluminação e a estrada não é pavimentada, a responsabilidade disto é da Polícia Militar? Se ligarem para o 190 chegaremos na ocorrência em tempo hábil? Não é minha responsabilidade, portanto, não se pode dizer a PM que não tem segurança, se a população não cobra os serviços municipais fundamentais para a comunidade. Isso se chama violência estrutural. Se por um acaso, na sua comunidade, tiver um cidadão que não tem trabalho e fonte de renda, mas tem carro, moto e celular de última geração, mas vocês não dizem isso para os órgãos de segurança. Quando acontece um assalto, roubo ou homicídio, a culpa é da Policia Militar? Eu estou lhe pedindo para ser um delator? Não! Apenas digo que você tem a obrigação de informar aos órgãos de segurança que existe uma pessoa maledicente no seu bairro e deixe que eu, enquanto Estado, vou para lá prestar minha assistência”, declarou.
Crime contra o patrimônio: Após ser criticado por uma internauta que sente que a violência aumentou, o Major Jader pontuou sobre os fundamentos de prioridade da Policia Militar, levando em consideração que os índices de crimes intencionais contra a vida reduziram e o números de furtos e roubos continuam constantes, “a população deve refletir sobre o bem maior: a vida ou o patrimônio. Se os cidadãos acreditam que a vida é um bem maior, Santo Antônio de Jesus não é uma cidade violenta criminalmente.  Agora, eu não tenho condições de colocar um policial em cada rua da cidade. Exemplificando através da concepção religiosa cristã: No Jardim do Éden, havia Adão, Eva, Caim, Abel e as esposas. Caim matou Abel, então o Éden era violento? Lá não aconteceu roubo de celular. Aí eu pergunto a comunidade, eu como comandante dou prioridade para salvar vidas ou preservar patrimônio? Fico preocupado com o celular que fica exibindo no bolso de traz dos shorts? Ou eu cuido da vida das pessoas? Sem a ajuda da comunidade eu não vou conseguir fazer nada. Mas se a população me ajudar dizendo onde está o problema, tenha certeza que minha viatura passará lá e identificaremos o meliante. E se não conseguirmos prendê-lo, pedirei apoio a Polícia Civil que não nem tem faltado com apoio”, finalizou.
Assista a entrevista completa: CLIQUE AQUI!
Reportagem: Voz da Bahia

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