EM JANAÚBA, A DEMANDA POR LEITOS CHEGOU A 141%
Profissionais de Minas Gerais reforçam que a população precisa manter o distanciamento social contra a Covid-19
JANAÚBA (por Luiz Ribeiro/jornal Estado de Minas) – “Podem abrir quantos leitos forem. Se não houver atitude proativa da sociedade, vamos ter que abrir covas”. O desabafo é do secretário municipal de Saúde de Janaúba, no Norte de Minas, Helvécio Campos Albuquerque, que pede aos moradores para respeitar o isolamento social e evitar mortes devido à falta de vagas nos hospitais para pacientes da COVID-19, tanto em leitos clínicos como de UTI. Enquanto não há vacinas para todos, a melhor solução é o distanciamento social para evitar contaminação. A superlotação hospitalar diante do agravamento da pandemia não ocorre somente nas cidades-polo. O colapso também é verificado em municípios de médio porte, referência para o recebimento de pacientes das pequenas cidades, que são suas vizinhas, onde a estrutura de saúde se limita a um posto ou UPA (Unidade de Pronto Atendimento. Este é o caso de Janaúba, de 72 mil habitantes, que recebe doentes para internação de outros 15 municípios norte-mineiros (microrregião da Serra Geral).
Os hospitais de Janaúba têm situação de colapso, com o atendimento de pacientes da COVID-19 acima da capacidade. Na última quinta-feira, a ocupação de leitos clínicos para coronavírus na cidade chegou a 141% enquanto a taxa de ocupação de leitos clínicos de UTI atingiu 138% – o percentual passa de 100% quando pacientes precisam ser acomodados de forma improvisada em outros espaços do hospital, devido à falta de vagas. Janaúba dispõe de somente 22 leitos clínicos e de outros 18 leitos de UTI, instalados no Hospital Regional da cidade, destinados a pacientes da COVID-19.
“A situação é de colapso do sistema de serviços de saúde da região”, afirma o secretário Helvécio Campos. “Nunca a tivemos um vírus tão transmissível, que pega tão rapidamente uns aos outros, que rapidamente faz as pessoas adoecerem. E quando mais casos agravados, estes vão para dentro hospitais, podendo entrar na fila daqui a pouco, não para comprar comida ou algo para divertir, não para entrar em um bar, mas (entrar) na fila do tubo (de oxigênio)”, alerta o secretário de Saúde de Janaúba.
Além da falta de vagas, o secretário reclama que, no enfrentamento da pandemia, o município precisa superar outras barreiras, como falta de espaço físico nos hospitais para ampliação do número de leitos, a escassez de medicamentos do “kit intubação” de pacientes graves da doença respiratória. Outra dificuldade, lembra, após um ano de pandemia, é a “exaustão das equipes de saúde” – médicos, enfermeiros e outros profissionais. De acordo com os últimos dados da Secretaria de Saúde de Janaúba, o município já teve confirmados 3.113 casos de coronavírus e 56 mortes provocadas pela doença.
ARAÇUAÍ
A ocupação de vagas nos hospitais de Araçuaí, com 36,7 mil habitantes, no Vale do Jequitinhonha, ainda está dentro dos níveis aceitáveis. Mas o aumento de casos da COVID-19 na região nos últimos dias gerou a preocupação nas autoridades de saúde locais. “O vírus da COVID-19 está se disseminando cada vez mais rapidamente e ainda há muita resistência ao isolamento social e muitas informações desencontradas que dificultam as ações”, afirma a secretária municipal de Saúde de Araçuaí, Tábata Dornas. “Sabemos que, para parar as altas taxas de casos positivos, é fundamental que as pessoas mantenham o distanciamento social, usem máscaras e higienização constantes. A prevenção está na consciência de cada um”, lembra a secretária.
O Hospital São Vicente de Paulo, o único de Araçuaí, além da sua sede, é referência para o atendimento a seis municípios da região. A instituição, que é filantrópica, dispões de 23 leitos (13 clínicos e 10 de UTI). O hospital atingiu a ocupação de 60% dos leitos de UTI e 40% dos leitos clínicos para pacientes da COVID-19 na sexta-feira. O diretor administrativo do hospital, Geraldo Silva, informou que a instituição enfrenta dificuldades para aquisição de medicamentos necessários para a intubação dos pacientes graves da doença respiratória.
Ele ressaltou que o avanço da pandemia do coronavírus gera preocupação em todas as unidades de saúde. “Estamos diante de um cenário de “guerra”, com um aumento significativo de casos de COVID-19 em todo país, não sendo diferente na nossa região”, assegura.
“Essa situação tem levado muitos hospitais ao colapso devido à falta de insumos, como medicamentos e oxigênio, além da escassez de profissionais qualificados e o esgotamento físico e emocional dos profissionais que estão na linha de frente desde o início da pandemia”, relata Geraldo Silva. Em Araçuaí, até então, foram registrados 750 casos de coronavirus e 16 mortes provocadas pela doença.
MAIS VAGAS E CONSCIENTIZAÇÃO
Outra cidade de porte médio de Minas Gerais que enfrenta o drama da superlotação hospitalar diante do agravamento da pandemia é Curvelo, com 80 mil habitantes, na Região Central, onde é referência para as internações de moradores de 11 cidades. Desde meados de março, o município tema ocupação máxima de leitos clínicos e de UTI para pacientes de COVID-19. O município conta 60 leitos destinados às pessoas contagiadas pela doença respiratória – 30 clínicos e 30 de terapia intensiva, nos hospitais Santo Antônio e Imaculada Conceição). O secretário de Saúde de Curvelo, Raphael Dumont Schlegel, afirma que, mesmo com o aumento da demanda, a administração tem conseguido atender todos os pacientes que precisam de internação.
Mas ele informa que, com aumento de casos de coronavírus na região, a prefeitura tenta também credenciar mais leitos hospitalares exclusivos para pacientes da doença respiratória junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ampliar o atendimento. “Para isso, precisamos buscar também profissionais que serão essenciais para o enfrentamento à COVID-19”.
“A situação é crítica em todo o país e é muito importante destacar que o momento exige o esforço de todos. Somente com o apoio da população conseguiremos superar essa fase. Cada um precisa fazer sua parte e seguir os protocolos de segurança”, observa Raphael Schlegel. Conforme os últimos dados de boletim da Secretaria de Saúde de Curvelo de quinta-feira, o município alcançou 105 pacientes com coronavírus internados – 64 em leitos clínicos e 41 em UTI. Dos 105 internados, 60 são de Curvelo e 45 oriundos de outros municípios da região. Até então, Curvelo soma 3.272 casos da COVID-19. Já foram registradas 182 mortes causadas pelo vírus, dos 98 da própria cidade e 84 de outros municípios da região. (Fonte: jornal Estado de Minas e portal www.uai.com.br dia 29/03/2021)
https://www.oliveirajuniorjornalista.com/2021/03/com-atendimento-no-limite-autoridades.html
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