"A sensação é de muito medo, estou tremendo até agora, nem sei se consigo voltar a trabalhar". Este é o desabafo do funcionário de uma fazenda que foi assaltada em Jequitaí (MG). Ele, outros oito trabalhadores e uma criança foram amarrados e ficaram trancados na propriedade por 18 horas. As vítimas conseguiram se soltar nesta terça-feira (27). Os criminosos fugiram levando 110 cabeças de gado, em cinco caminhões.
O dono da propriedade, que prefere não se identificar, não estava no local, mas conta que os funcionários disseram que os assaltantes ordenaram para que fossem recolhidos 110 bois da raça Nelore, que representam um prejuízo de R$ 250 mil. Como a fazenda fica às margens da BR-365, ele acredita que o rebanho pode ser vendido no Triângulo Mineiro, SP, DF e BA.
"Eles chegaram de carro, entraram, atravessaram a estrada e renderam dois funcionários. Chegaram violentos, muito bem armados e encapuzados, e em seguida foram até o escritório e encontraram os outros trabalhadores", diz.
Enquanto as cabeças de gado eram recolhidas e colocadas nos caminhões, alguns dos criminosos foram com a criança, a empregada e outro funcionário até a sede, e lá eles permaneceram trancados em um banheiro. Os armários foram vasculhados e os criminosos diziam que queriam um cofre e armas. Uma televisão foi levada do local.
O dono da fazenda fala ainda que não tem suspeitos e que vai ser difícil esquecer o que viu no momento em que chegou, e da situação em que encontrou os empregados.
“Isso não se apaga, todos choravam, estavam consternados, muito traumatizados, inclusive a criança. A gente trabalha para conseguir um pouco de dignidade, e de repente aparecem uns maus elementos e fazem uma maldade destas com a gente”, desabafa.
Os R$ 250 mil, que o rebanho vale, seriam usados para custear um sistema de irrigação implantado na fazenda, mas com o prejuízo o pecuarista teme não conseguir arcar com os compromissos financeiros.
“Somos uma empresa com tudo controlado. Pegamos um empréstimo para implantar a irrigação e fazer outros investimentos, agora não sei como a situação vai ficar. Não temos patrulhamento rural, já comuniquei ao prefeito para instalar câmeras nas duas entradas de Jequitaí, já vi isso em outras cidades, é raro a gente passar pela rodovia e encontrar com uma viatura da polícia”, finaliza.
Injeção que evitou trauma
Apenas um dos trabalhadores não estava na fazenda no momento do crime, porque havia ido ao médico e sentia dores do braço, após ter tomado uma injeção.
“Cheguei e fiquei assustado com este desastre. A gente assusta porque não tem costume com assalto e com violência, meus colegas ficaram com medo, porque colocaram a arma neles, para não fazerem nenhum contato com o patrão ou com a polícia”, diz João Batista, que trabalha no local há cinco anos.
Trabalho da polícia
Nesta terça-feira a Polícia Militar esteve no local e fez o registro do boletim de ocorrência; a perícia da Polícia Civil também foi até a fazenda.
“O crime ocorreu de forma organizada, estavam encapuzados, agiram de forma violenta e chegaram a efetuar um disparo. É uma conduta diferenciada, eles estavam prontos para levar uma grande quantidade de gado, por isto não são amadores”, afirma o tenente Flávio Caetano.
O tenente também diz que a PM realiza patrulhamento rural diário na região, faz contato com moradores e pede para que a população acione a polícia se tiver alguma suspeita.
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