11 anos depois, os assassinos confessos do bailarino Igor Xavier - o fazendeiro Ricardo Athayde e seu filho, Diego Rodrigues Athayde - continuam soltos. A impunidade revolta familiares e população de Montes Claros. Para que o crime não seja esquecido, a Associação Igor Vive promoveu o evento “A arte faz justiça”, nos dias 14, 15 e 16 de março, com um ciclo de debates, no Campus da Unimontes, com mesas temáticas, palestras e mini cursos sobre sexualidade, homofobia e impunidade, finalizando com shows e performances.
Igor, de 29 anos, foi assassinado de forma covarde e cruel, no dia 1° de março de 2002 com cinco tiros. Os primeiros disparos foram feitos pelo filho, depois de chegar ao apartamento do pai e surpreendê-lo na companhia do bailarino. Demonstrando frieza e premeditação, eles executaram a vítima com mais dois tiros na cabeça. Em seguida abandonaram o corpo em uma estrada entre Montes Claros e São João da Vereda. Os assassinos são de família tradicional e de políticos influentes.
Ricardo Athayde é irmão do ex-secretário adjunto estadual da Fazenda e subsecretário de Assuntos Internacionais da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais, Luiz Antônio Athayde. Eles também tiveram proteção do prefeito de Montes Claros na época, Jairo Athayde, de quem Ricardo é primo. Além disso, os assassinos têm para defendê-los uma bancada dos mais famosos advogados do país, entre eles o ex-secretário de Estado de Defesa Social, do governo de Aécio Neves, Maurício Campos Júnior. O que mais revolta a opinião pública, especialmente à mãe de Igor, Marlene Xavier, é o fato de Igor Xavier ter sido morto devido à sua orientação sexual. O próprio Ricardo Athayde declarou, em depoimento à polícia, que odeia homossexual. As atividades da Semana Cultural Igor Xavier têm como objetivo propagar e apresentar a arte e a cultura, tendo como principal mote o pedido para que se faça justiça, com a punição dos Athayde.Igor, de 29 anos, foi assassinado de forma covarde e cruel, no dia 1° de março de 2002 com cinco tiros. Os primeiros disparos foram feitos pelo filho, depois de chegar ao apartamento do pai e surpreendê-lo na companhia do bailarino. Demonstrando frieza e premeditação, eles executaram a vítima com mais dois tiros na cabeça. Em seguida abandonaram o corpo em uma estrada entre Montes Claros e São João da Vereda. Os assassinos são de família tradicional e de políticos influentes.
O brutal assassinato mobilizou a cidade e teve repercussão internacional. O poeta e agitador cultural Aroldo Pereira lembra que no primeiro momento foi realizada uma grande manifestação saindo da Praça da Matriz em direção ao Fórum. O sociólogo João Batista de Almeida Costa, o Joba, esteve com Igor uma hora antes de ele ser assassinado. “Igor Xavier era um excelente ator, bailarino e um coreógrafo promissor”, relata. Os assassinos puseram fim à vida de alguém que sempre se preocupou com questões sociais e com a difusão dos bens culturais. Igor Xavier era um artista tão comprometido com a popularização da dança na cidade que se apresentava, gratuitamente, em qualquer lugar - ônibus, paradas de coletivos, supermercados, praças de bairros, faculdades, escolas, ruas, cadeia pública e muitos outros.
Após o bárbaro assassinato, várias ações tomaram conta das ruas e do cenário cultural de Montes Claros. No sétimo dia, por exemplo, quase 30 mil pessoas fizeram manifestação de repúdio, a maior da história de Montes Claros. Como prova do envolvimento da sociedade em prol de justiça, vários publicitários cederam e fizeram gratuitamente outdoors que manifestavam opiniões sobre o acontecido. Em um deles, vinha a inscrição: "Que a Justiça não se enlameie com o poder da família dos assassinos de Igor Xavier. Não à impunidade!".
Decisão de juiz protege os assassinos
O brutal crime fez ecoar o grito de justiça por toda Montes Claros, Minas Gerais, Brasil e pelo mundo afora. Só não foi ouvido pela Justiça, que, por causa do poderio econômico e político dos assassinos, não se move. É cúmplice na tentativa da defesa de fazer o tempo correr para que o crime prescreva. O julgamento foi marcado várias vezes e adiado. No dia 20 de setembro de 2011, o desembargador Reinaldo Porta Nova bateu o martelo, acatando pedido da defesa dos assassinos de Igor Xavier, mediante representação do Tribunal do Júri e da Vara de Execuções Penais de Montes Claros, Antonio de Souza Rosa. Num ato de extrema benevolência, o magistrado pediu o desaforamento do processo para a capital mineira, alegando que a mãe da vítima, Marlene Xavier, é uma ameaça à integridade física de Ricardo e Diego Athayde. Ao interpretar que a mãe e o clamor popular poderiam influenciar os jurados caso o julgamento fosse realizado em Montes Claros, o juiz inverteu os fatos, transformando Ricardo e Diego em vítimas que precisam ser protegidas. Para piorar, não há data estipulada para o júri.
“Que poder diabólico é esse que eu não sabia que tinha? Até hoje eu pensava que só sabia amar. É por amor que choro a morte do meu filho”, desabafa Marlene Xavier. “Não tenho como levar meus amigos a Belo Horizonte, mas tenho certeza que aquele tribunal estará tão cheio de anjos que mal haverá lugar para os que serão obrigados a comparecer”, disse.
Para os amigos, desde o início polícia e justiça têm se omitido sobre o caso.
“A vizinha ouviu os tiros por volta das 2 horas e ligou para a polícia, mas ninguém apareceu. Só depois das 6 horas da manhã chegou uma viatura. Nesse momento nós já sentimos a influência política”, desconfia Aroldo Pereira.
Para a mãe, está ocorrendo uma infâmia. “Desde o início o caso foi tratado com grande descaso pelos poderes públicos. Não sei se chegarei a ver a solução desse caso, mas gostaria de viver até conhecer um juiz que fosse idôneo e corajoso o bastante para enfrentar essa corja, fazendo valer o óbvio e não dinheiro e poder”, diz, indignada.
“Que poder diabólico é esse que eu não sabia que tinha? Até hoje eu pensava que só sabia amar. É por amor que choro a morte do meu filho”, desabafa Marlene Xavier. “Não tenho como levar meus amigos a Belo Horizonte, mas tenho certeza que aquele tribunal estará tão cheio de anjos que mal haverá lugar para os que serão obrigados a comparecer”, disse.
Para os amigos, desde o início polícia e justiça têm se omitido sobre o caso.
“A vizinha ouviu os tiros por volta das 2 horas e ligou para a polícia, mas ninguém apareceu. Só depois das 6 horas da manhã chegou uma viatura. Nesse momento nós já sentimos a influência política”, desconfia Aroldo Pereira.
Para a mãe, está ocorrendo uma infâmia. “Desde o início o caso foi tratado com grande descaso pelos poderes públicos. Não sei se chegarei a ver a solução desse caso, mas gostaria de viver até conhecer um juiz que fosse idôneo e corajoso o bastante para enfrentar essa corja, fazendo valer o óbvio e não dinheiro e poder”, diz, indignada.
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