Hérnia de disco é uma doença incurável que provoca dores nas costas e alterações de sensibilidade nos membros do corpo. Com esse diagnóstico que Vanilda Marques Oliveira, 50 anos, que trabalha como servente de zeladoria da Prefeitura Municipal de Montes Claros, há mais três décadas, convive.
Desde 2015, aumentaram os incômodos e desconfortos. O diagnóstico só foi possível depois que ela sentiu fortes dores nas costas no trabalho. Foi quando procurou um médico, que solicitou uma ressonância. A situação se agravou após Vanilda sofreu um acidente na rua. Ela estava andando e um motoqueiro, desgovernado, avançou na direção dela. O quadro da servidora pública piorou.
Desde essa época, ela sente dores na coluna lombar. Além disso, teve fratura do platô tibial direito, tornozelo esquerdo e antebraço direito. Hoje apresenta um quadro de lombalgia que piora a cada caminhada.
Se não bastasse todo esse problema, a servidora denuncia que é obrigada a trabalhar, apesar de não está apta para desempenhar as funções destinadas ao cargo dela.
“De lá para cá, eu fiquei dois, três meses, até ficar três anos encostada. Comecei a perceber injustiças em relação a mim e passei a questionar, pois eles teriam que resolver minha situação pelo tempo de serviço que já tenho. Quando voltei, eles me transferiram para outra função a fim de me readaptar. Foi o que fiz”, afirma Vanilda.
Nem com a alteração de atividade a servidora conseguiu permanecer no trabalho. Ela procurou assistência médica, que segundo a conclusão do Relatório de Perícias, “encontra-se com perda laboral parcial de caráter irreversível, devendo ser ajustada [a servidora], funcionalmente, por 365 dias, a partir do dia 07 de junho de 2017, com acompanhamento ambulatorial, por causa do prognóstico sombrio com risco de agravamento de suas patologias”.
O ortopedista Luiz Fernando Silveira Parrela, da Clínica São Mateus, afirmou que ela não poderia voltar, nem em alguma função que, aparentemente, oferecesse menos risco. Isso consta nos relatórios que Vanilda apresentou ao Portal Webterra e que foram encaminhados para o Instituto Municipal de Previdência dos Servidores Públicos de Montes Claros (Prevmoc).
Vanilda chegou a ficar afastada novamente. Mas não por muito tempo.
“No período, eles me pararam novamente, por 30 dias, e me voltaram novamente para trabalhar. Quando chegou o laudo da Medicina do Trabalho, eles questionaram que eu vou e volto. Então disseram que iriam fazer uma última tentativa”, diz.
Ela explica que não tem condições de trabalhar.
“Não tenho possibilidade de deslocar da minha casa para ir trabalhar, mas, mesmo assim, tentei. Continuei trabalhando e o meu estado de saúde piorou”, conta.
A servidora decidiu, então, retornar a Clínica São Mateus. O ortopedista Luiz Fernando lhe atestou por 90 dias.
“Levei o atestado de 90 dias. O médico simplesmente não aprovou nenhum dia e mandou-me voltar a trabalhar. Mandaram cancelar. Tenho toda a documentação, tenho os laudos, mas recusaram”, lembra, indignada.
E, em uma fala reveladora, Vanilda relata quais os efeitos que o tratamento causa na rotina dela.
“Como uma pessoa, que está com hérnia de disco e não tem cura, com as pernas e braços parafusados, volta a trabalhar? Nem se eu fosse de carro, não tinha condições, pois, quando eu tomo o medicamento, só deito. A medicação é só para dormir, que alivia mais as dores. Se eu sento, sinto dores. Se fico em pé, sinto dores. E não tenho condições de pagar. Só a fisioterapia é cara. E os médicos não querem me operar, justamente porque a doença não tem cura”, desabafa.
A Prefeitura
O Webterra entrou em contato com a Prefeitura, no dia 21 de agosto, solicitando a sua posição em relação ao caso de Vanilda, mas, até o momento desta publicação, não teve retorno acerca da demanda da servidora.
Prevmoc
O Webterra o Prevmoc informou que “o Instituto afirma que “o reingresso ao trabalho da servidora Vanilda Marques Oliveira foi uma determinação técnica da junta médica, composta por três médicos, do Instituto Municipal de Previdência dos Servidores Públicos de Montes Claros (Prevmoc). Dessa forma, não consisti uma decisão isolada e parcial e sim um entendimento conjunto, cuja determinação legal se encontra na Portaria 021 de 2017, publicada em 18 de agosto no Diário Oficial de Montes Claros”.
http://webterra.com.br/noticia/12348/prevmoc-nega-laudo-de-servidora-com-hernia-de-disco-e-a-obriga-trabalhar