quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Capitão Enéas, - 400 animais são retirados de fazenda invadida; entre eles uma égua de R$ 100 mil

Foto: Mauro Miranda















400 animais da Fazenda Norte-América, em Capitão Enéas, Norte de Minas, chegaram a Montes Claros, na manhã desta quarta-feira (28). Os animais estão no Parque de Exposições João Alencar Athayde. O motivo da transferência de bovinos e equinos, segundo a advogada e administradora Andréia Beatriz Silva, é a invasão na propriedade por líderes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL). 
O movimento está na sede da fazenda desde o último dia 18. Por isso, o dono, por segurança, trouxe parte do rebanho para a maior cidade do Norte de Minas. Ainda permanecem, em Capitão Enéas, outras 400 cabeças, avaliadas em R$ 5 milhões. 
A administradora conta que houve mais um episódio da disputa pela terra. Segundo ela, foi necessário pedir ajuda a Sociedade Rural que disponibilizou, em primeiro momento, o Parque de Exposições João Alencar Athayde.
“Desde quando invadiram, eles nos deram o prazo de cinco dias para retirarmos os animais, mas estavam segurando os animais, não liberavam as coisas todas e agora estamos no sufoco para tratar dos animais sem condição nenhuma. Agora temos 400 animais entre éguas, com potrinhos, éguas doadoras, éguas matrizes, tem vaca de leite e animal de corte. Na hora que fomos tirar os animais uma égua estava com tiro no olho, o tiro entrou em um olho e saiu no outro, ela está no hospital veterinário, além disso temos outros feridos, de todo tipo”, pontua.
Os problemas de invasão na fazenda não são recentes. A propriedade foi invadida em janeiro de 2017. Mas houve acordo entre os envolvidos que os participantes do movimento ficaram em um espaço da fazenda e não na sede, mas desde o dia 18, cerca de 100 pessoas integrantes do FNL estão no local e há denúncias constantes de agressões e tentativas de homicídio. A Polícia Militar chegou a apreender armas no local.
O Dirigente Estadual da FNL, Thiago Coimbra, afirma que não houve violência por parte deles e que os animais já estavam feridos.
“Em ocupações, geralmente o que tem fica na fazenda, tem movimento que mata gado, mas o que eu faço parte e represento é completamente diferente. Nós pedimos a retirada dos animais que estavam machucados, tinham muitos, porque a gerente administrativa da propriedade não entendia nada de fazenda. Tinha muitas vacas com mamite, que é quando o leite endurece no peito da vaca, a vaca fica sobrecarregada e os peitos estouram. Eles começaram a mandar as carretas para retirar os animais e nós demos prioridade para os animais feridos, não existe isso de dar tiro em égua, o que os animais têm a ver, digamos, com a nossa briga com o fazendeiro”, diz.
Ao todo 400 animais foram retirados da fazenda, sendo 250 cavalos e 150 bovinos. Deste número, segundo o dono da fazenda, 70 estão feridos e o caso mais grave é o da égua avaliada em R$100 mil.
O Portal de Notícias Webterra entrou em contato com a Polícia Militar, que informou que não foi acionada para nenhuma ocorrência na fazenda. 
A administradora da propriedade informou que está a caminhado de Francisco Sá, onde fica a delegacia responsável por Capitão Enéas, para registrar um boletim de ocorrência. Segundo ela, o dirigente ameaçou matar a filha e a mãe dela.
Animal
Segundo o Hospital Veterinário Renato Andrade a suspeita inicial quando receberam o animal era de que ela havia sido atingida por um disparo de arma de fogo, mas isso foi descartado.
"Ela está com os dois olhos muito inchado, quando ela chegou o olho esquerdo nem abria, além disso, acima da pálpebra tinha muita bicheira, como dizem popularmente, também estava com um aumento no volume do olho direito, mas não todo fechado, muito carrapato, orelha direita com secreção e caída. Nos tivemos que sedar a égua para conseguir fazer o tratamento. Ela também está com a cabeça meio tortinha para a direita, a princípio a suspeita era tiro, mas acredito que tenha sido pancada. Ela está com os dois olhos machucados e não enxerga nada do direito. Estamos fazendo terapia e ela tem melhorado, começou pela postura do corpo, mas mesmo assim está um pouco torta. Hoje ela não sente mais dor porque entramos com todo o tratamento necessário. É triste ver um animal desses nessas condições. Ela tem melhorado, mas não conseguimos dizer se ela irá ficar 100%, precisamos de mais tempo de tratamento, até hoje ela teve uma melhora significativa", afirma a veterinária Poliana Rocha Fraga Botelho.
Entenda o caso
Desde a invasão da sede da propriedade as denúncias de agressões feitas pelos responsáveis pela fazenda são grandes. No último dia 20 a administradora registrou um boletim de ocorrência alegando que havia sofrido uma tentativa de homicídio, por parte de um dos líderes do Frente Nacional de Luta Campo e Cidade.
A Polícia Militar foi até a sede da fazenda com o objetivo de localizar o líder do movimento, que no dia não foi encontrado. Os militares apreenderam armas e diversas munições calibre .44; .38; .36; .22 e .12.
Um dia antes (19), a administradora disse que foi covardemente agredida pelos militantes da Frente Nacional de Luta. 
“Eles me deram muito pontapé, coronhada na cabeça, bateu em mim de facão, que deixou cortes nas minhas costas. Além de vários chutes que deixaram muitos hematomas. Sinto muita dor, muita dor”, disse ela no dia do fato.
O Dirigente Estadual da FNL, respondeu no dia, afirmando que não houve violência.
"A nossa ocupação se deu de forma pacífica como o movimento exige e cobra de toda a militância. A terra está improdutiva há muitos anos, é improdutiva e é usada para lavagem de dinheiro. Reocupamos a Fazenda e o nosso intuito é produzir alimentos livres de agrotóxicos, de todo o veneno que o latifúndio produz.  A ocupação foi pacífica, ao contrário do que as pessoas divulgaram, não aconteceu nada disso", pontua.
A Polícia Civil está investigando o caso.

http://webterra.com.br/noticia/15108/400-animais-sao-retirados-de-fazenda-invadida-entre-eles-uma-egua-de-r-100-mil

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