A família de um jovem cadeirante registrou um boletim de ocorrência em Montes Claros (MG) nessa quinta-feira (28) depois de uma confusão na entrada de um cinema da cidade. Segundo o pai de Diego Santana, de 18 anos, o rapaz não pode assistir um filme porque o lugar destinado a ele seria desconfortável. O pai afirma ainda que Diego tem síndrome de Duchenne - doença degenerativa, e usa cadeira de rodas há seis anos.
"Ele sempre vai ao cinema e senta na poltrona de trás, mas desta vez a atendente disse que ele poderia entrar somente se ficasse sentado em um lugar na frente da tela, explicamos que seria desconfortável por causa do pescoço dele, ele nem poderia enxergar", fala João Santana. O pai disse ainda que a atendente afirmou que estava cumprindo a lei.
Diante da afirmação da funcionária do cinema, um dos amigos de Diego chamou o pai, que fez um vídeo mostrando o momento em que a Polícia Militar chega para registrar um boletim de ocorrência. (Veja vídeo)
“Meu filho é amigo de Diego, estudam na mesma escola e estão sempre juntos. Eu estava na academia, ele me ligou e fui correndo para o cinema. Um rapaz estudioso e amável, que ficou totalmente abalado por estar passando por aquela situação, ele chorava tanto que um bombeiro que passava pelo local até parou para medir a pressão dele”, conta James Almeida Machado, que fez as imagens.
Como Diego não entrou, os amigos também resolveram ir embora. “Meu filho chorou por se sentir humilhado, está abalado e indignado com a situação. Ele não desistiu de ver o filme e me pediu para ver se no outro shopping ele pode entrar e assistir sentado em uma poltrona, para evitar novamente essa situação constrangedora”, fala João Santana.
A família procurou por um advogado e vai tomar medidas judiciais. “Eu me senti constrangido, por ver meu filho chorando querendo ver um filme, que é um direito e lhe foi negado. Vou acionar a Justiça para fazer a minha parte de pai e de cidadão”, finaliza.
O Montes Claros Shopping afirmou ao G1 que orientou que o jovem sentasse na frente e não fosse levado para a parte de trás para garantir a segurança dele, já que a sessão estava lotada. Destacou que a medida objetiva preservar exclusivamente a integridade física do rapaz e que foi oferecida para ele e os amigos a possibilidade de assistir o filme em uma sessão mais tranquila, em outro dia.
O que diz a Lei
A advogada Heloisa Nascimento, que é assessora jurídica da Associação das Pessoas com Deficiência de Montes Claros (Ademoc), explica há uma lei municipal que garante que todos os estabelecimentos têm que reservar lugares para deficientes e a entrada deve ser gratuita.
“As pessoas com deficiência tem direito a assentos especiais e têm a prerrogativa de sentar naqueles lugares, mas não quer dizer que têm a obrigação, o que deve ser priorizado é o bem-estar destas pessoas, elas podem optar por ocupar outros lugares”, declara.
Heloisa Nascimento cita como exemplo o caso de pessoas com mobilidade reduzida que vão a cinemas com acompanhantes, elas não podem ficar no lugar reservado se necessitam estar perto de seus acompanhantes. “É uma absurdo e uma forma de discriminação”, pontua.
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