“As investigações demostraram que havia uma vinculação dos principais envolvidos nessa operação com uma organização criminosa de São Paulo. Eles passaram os conhecimentos para que essas pessoas pudessem agir na região, acabando com o sossego da população”. A afirmação é do delegado Marcelo Freitas, da Polícia Federal, que comandou a operação “Todos Pagam”, que desarticulou uma quadrilha que traficava drogas e armas no Norte de Minas Gerais.
Segundo a PF, 14 pessoas que participavam do esquema foram detidas. Elas estavam sendo investigadas há sete meses e atuavam há pelo menos dois anos na região. “As investigações demonstraram uma evidente migração do crime, que parte dos grandes centros para pequenas cidade, onde, em virtude da deficiência dos organismos de controle, há um completo domínio por parte do crime organizado”, fala o delegado.
Os envolvidos chegavam a vender 2.500 quilos de drogas por mês. As substâncias eram escondidas em uma fazenda do líder da quadrilha, que fica entre Padre Carvalho e Francisco Sá. Durante as apurações foram feitas apreensões de grandes quantidades de entorpecentes em vários estados. Uma delas ocorreu em Sabará; 160 quilos de maconha foram encontrados em um carro na BR-381.
Ainda de acordo com a PF, os entorpecentes e as armas vinham do Mato Grosso do Sul, onde também houve cumprimento de ordens judiciais. A Justiça expediu 68 mandados; 15 de prisão temporária, 18 de busca e apreensão e 35 de sequestro de bens, que foram cumpridos em Belo Horizonte (MG), São Joaquim de Bicas (MG), Nova Porteirinha (MG), Salinas (MG), Padre Carvalho (MG), Montes Claros (MG) e Iguatemi (MS).
Com o líder do grupo, preso em BH, foram apreendidos R$ 61 mil. Em outros locais foram encontrados ainda armas, celulares e documentos. “A PF estima que essa seja a maior quadrilha em atuação no que se refere ao tráfico de drogas no Norte de MG. Um grupo que iniciou especificamente focado no tráfico, mas passou a se valer de assaltos para fomentar, com o lucro, a prática do tráfico de drogas”, explica Marcelo Freitas.
Roubos
Entre os roubos, o delegado citou um ocorrido em maio de 2015, quando o grupo roubou R$ 1,5 milhão em pedras preciosas, R$ 150 mil em dinheiro e um carro de um empresário em Coronel Murta (MG). Na ação, os criminosos usaram roupas e até um carro com a identificação da Polícia Civil. Antes de fugir eles cortaram a fiação telefônica da comunidade, o que dificultou a comunicação no local, já que nem todos os pontos da cidade tem rede de telefonia celular.
Outro crime cometido pelo grupo teve como alvo uma casa lotérica em Fruta de Leite (MG), em novembro de 2015. Um adolescente foi apreendido dentro do estabelecimento com uma arma. Já em dezembro do mesmo ano, a quadrilha praticou um roubo aos Correios em Padre Carvalho. Um dos assaltantes entrou armado no local, enquanto outros permaneceram do lado de fora dando cobertura. A Polícia Militar foi acionada por moradores e conseguiu prender uma pessoa e apreender uma arma.
Já em março de 2016, de acordo com a PF, os criminosos assaltaram um posto de combustíveis na BR-251, eles fugiram levando o carro de um cliente e dois cofres, um deles foi encontrado abandonado em uma estrada. Em abril, a quadrilha também tentou arrombar uma agência dos Correios em Itacambira (MG). Quatro homens foram mortos e dois ficaram feridos depois de uma troca de tiros com a Polícia Militar.
“A atuação da quadrilha naquilo que se refere aos roubos era extremamente violenta, se valendo de armas potentes e coagindo pessoas a fazer exatamente o que queriam. Em determinado momento a organização criminosa utilizou de plotagens falseando alguns veículos com características da Polícia Civil para cometer um roubo milionário”, explica Freitas.
Propina
Durante as investigações, a PF descobriu também que o grupo era investigado em outros inquéritos. Para tentar esconder a atividade criminosa, eles chegaram a subornar quatro policiais civis; todos trabalham na capital mineira. “Eles apreendiam as drogas e pagavam propina para que os policiais as liberassem”, afirma Marcelo Freitas.
Nesta fase da operação não foram presos policiais, mas as informações serão compartilhadas com a PC e o MPMG, para que as providências legais sejam tomadas.
Crimes
Os investigados podem responder por organização criminosa, posse e comércio ilegal de armas de fogo, furto, roubo, corrupção de testemunhas e lavagem de dinheiro. As penas máximas aplicadas podem ultrapassar a 30 anos.
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