O mercado reage mal à divulgação do balanço não auditado da Petrobras nesta quarta-feira (28), que não incluiu as perdas decorrentes das denúncias de corrupção na Operação Lava Jato, como era esperado e havia sido sinalizado pela companhia.
A estatal divulgou durante esta madrugada que teve um lucro líquido de R$ 3,087 bilhões no terceiro trimestre do ano passado, uma queda de 38% em relação ao trimestre anterior.
Desde o início da manhã, as ações da Petrobras caíam em torno de 10%, empurrando para baixo o Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira. Em Nova York, os papéis da petroleira também perdiam perto de 10%.
"Esse balanço certamente impacta de forma negativa nos mercados, porque ele não mensura o que estava faltando [referente às denúncias] e contraria o que a própria Petrobras havia sinalizado anteriormente [de que as perdas seriam incluídas]", diz o economista Jason Vieira.
Para Paulo Cabral Bastos, economista da mesa de operações da Gradual Investimentos, o balanço, da forma como foi divulgado, não tem credibilidade. "É muito ruim para o mercado, uma vez que se esperava que compras superfaturadas e outras irregularidades fossem contabilizadas".
Bastos diz que a divulgação do balanço serviu mais para a estatal não se complicar com os credores internacionais e ter condições de rolar sua dívida, do que para tranquilizar os investidores.
Em nota assinada pela presidente da estatal, Graça Foster, a empresa diz que concluiu "ser impraticável a exata quantificação destes valores indevidamente reconhecidos, dado que os pagamentos foram efetuados por fornecedores externos e não podem ser rastreados nos registros contábeis da companhia".
Petrobras nos últimos dias
BM&FBovespa
"Em suma, os depoimentos aos quais a Petrobras teve acesso revelaram a existência de atos ilícitos, como cartelização de fornecedores e recebimentos de propinas por ex-empregados, indicando que pagamentos a tais fornecedores foram indevidamente reconhecidos como parte do custo de nossos ativos imobilizados, demandando, portanto, ajustes", diz Graça.
Justificativas a investidores
No relatório, a presidente da estatal, Graça Foster, justifica em um texto a acionistas e investidores o atraso na divulgação do balanço. Ela afirma que a empresa continua trabalhando para produzir as demonstrações financeiras revisadas pela PwC (auditoria que seria responsável pelo balanço auditado) "no menor tempo possível" e diz que "entende que será necessário realizar ajustes nas demonstrações contábeis".
Nenhum comentário:
Postar um comentário